Capítulo 02

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— Isso pergunto eu. Vocês já estão juntos?
— Sim, somos namorados e estou aqui a viver com ele, por isso quero saber o que é que estás aqui a fazer.
— Preciso de falar urgentemente com o André. Ele está?
— Não, não está. O que é que tens para falar com ele de tão urgente?
— Eu sei que vais ficar a saber, mas penso que devo mesmo de falar com ele primeiro, antes de falar com outra pessoa qualquer.
— Mas está tudo bem? Começo a ficar preocupada.
— Não, não está. Está tudo mal, e eu não sei o que fazer.

A loira começa a chorar, o que me leva a abrir a porta para que ela entre em casa. Fecho a porta e vamos até à sala, para nos sentarmos no sofá.

— Calma. Queres um copo de água com açúcar?
— Se não te importares, para ver se me acalmo...
— Ou preferes um chá?
— Pode ser um chá.
— Já trago.
— Eu vou contigo.

Começo a preparar o chá e ela senta-se à mesa e consigo reparar que ela não está mesmo bem. É óbvio que eu pensei que podia ser uma fantochada, ela também inventou que estava com o André quando não era verdade, para além do que a mãe deles me contou.
Pouso a chávena em cima da mesa, mesmo à sua frente e sento-me numa cadeira.

— É algo grave? Não precisas de me contar nada, mas depois de falares com o André vou querer saber o que se passa.
— Não te preocupes, vais saber. Se ele não conseguir contar-te, eu mesma conto.
— Está bem.

Sirvo um pouco de chá também para mim e sento-me de novo ao seu lado.

— Estás mais calma?
— Sim, obrigada.
— Ele deve de estar a chegar com o almoço.
— Sendo assim eu vou indo e passo por cá depois.
— Não, fica. Almoça connosco. Se vocês têm que falar e é algo urgente, convém ser o mais rápido possível.
— Não te importas?
— De todo.
— Obrigada. Estou mesmo contente pelo André ter deixado de ser orgulhoso e ter admitido gostar de ti. Sei que não nos conhecemos, mas aparentas ser uma pessoa excelente. Vocês fazem um casal muito bonito.
— Obrigada. Pensava que estavas chateada por não estares tu com ele.
— Não estou, de todo. Eu ainda gosto dele, isso não te posso negar, mas se ele já não gosta de mim, então não posso fazer nada. Só desejo que ele seja feliz, mas tem que ser com uma mulher excelente pois ele é perfeito. Tu pareces a certa, a tal.
— Espero que sim. Vou fazer de tudo para que seja sempre assim, como tem sido até agora.
— Eu sei que deves de ter ouvido falar mal de mim, provavelmente a mãe dele contou-te o que fiz quando era mais nova.
— Sim, contou.
— Não quero que fiques a pensar mal de mim, porque já não sou aquela pessoa. Eu fui bastante estúpida por me deixar levar pelo que os outros diziam e fazer o que os outros queriam, apenas para fazer parte do grupo dos populares. Quando acabei o secundário é que descobri que essas pessoas não eram realmente meus amigos, porque foram para a universidade e já não queriam saber de mim para nada. Fui bastante parva e arrependi-me. Agora não há mais nada a fazer.
— Entendo isso, já lidei com pessoas assim.
— Não é fácil.
— Já chegou.

Digo depois de ouvir a porta da entrada fechar e fico a observar a porta de cozinha até ele aparecer.

— Bom dia... Sara?
— Olá André.
— O que é que se passa?
— Precisamos de falar, urgentemente.
— Sobre o quê?
— Bem, eu vou para o quarto e deixo-vos aqui mais à vontade. Qualquer coisa chamem. - digo.
— Obrigada Zara. - responde a loira.

Sorrio fraco, deixo um beijo nos lábios do André e vou para o quarto. Não consigo entender o que se passa para a Sara andar tão stressada. Será que se passou realmente algo entre eles? Será que tudo o que ela me disse é mentira e eu caí que nem um patinho, sendo a ideia dela conseguir o André de volta? Não sei, mas vou descobrir. Eu tenho o direito de saber o que se passa.
Ligo à minha mãe, pois ontem não lhe cheguei a ligar, mas ela também não me ligou por isso não deve de estar chateada.

— Olá filha.
— Olá mãe... Que voz é essa?
— Estou rouca.
— Andaste na farra ontem. Por isso é que não me ligaste.
— Fui apenas sair com umas amigas e sabes que eu fico assim depois de alguns copos de vinho.
— Vinhos? Foste foi para os shots, só com vinho não ficas assim. Pensas que me enganas? Eu também te conheço muito bem. - rio.
— Não rias muito algo que me dói a cabeça.
— Toma um brufen e descansa.
— Já tomei e estava a tentar descansar, tu é que ligaste.
— Obrigada? Até logo...
— Beijinhos.

Desligo a chamada e fico a olhar para o telemóvel, ainda estupefacta. Quem é esta? Esta não era a minha mãe, de certeza.
Vou até às minhas redes sociais para ver se há novidades e fico pasmada a olhar para a foto que a Dya pôs. Aquela rapariga é mesmo linda! 

Ouço bater à porta e levanto-me para a abrir. O André olha-me aterrorizado, o que me deixa ainda mais preocupada.

— O que é que se passa? Já posso saber?
— Eu não sei como te dizer isto.
— O que é André? Porque é que estás neste estado?
— Porque não estava nada à espera que isto fosse acontecer.
— Mas o que é que se passa? O que é que a Sara tinha de tão urgente para falar contigo?
— Isto vai estragar tudo entre nós.
— Do que é que estás a falar? O que é que se passa entre ti e a Sara?
— Zara, eu amo-te muito. Tu sabes que estive com outras mulheres enquanto não estávamos juntos e tu estavas com o Afonso.
— Sei sim, agora vai direto ao assunto.
— Amor, a Sara foi uma delas e ela está grávida.

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