Capítulo 20

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— Hey!
— Eu estive para não te abrir a porta. Achas que isto são horas para aparecer à porta de casa de alguém?
— Também estava cheia de saudades tuas!
— Entra. - digo depois de lhe dar um grande abraço. - vieste sozinha?
— Não, mas ele foi só buscar o telemóvel ao carro que se esqueceu.
— Está bem.
— Então amor, quem era?
— Sou eu!
— Andreia! - abraçam-se - O Afonso?
— Foi ao carro, deve de estar a chegar.
— Está bem. Vocês ficam aqui a dormir. Tenho que ir arrumar o quarto.
— Não te preocupes com isso André. Esta noite passamos no hotel, amanhã logo vimos para cá. Só passámos aqui porque tínhamos saudades, se não tínhamos ficado logo no hotel.
— E vão gastar dinheiro no hotel quando eu tenho quarto para vocês?
— Nós queremos passar esta noite sozinhos, já que em Portugal é quase impossível.
— Já entendi, mas amanhã venham para cá. Assim também fazem companhia à Zara e vão conhecer os três a cidade. Depois à tarde posso levar-vos a Roma.
— É uma ótima ideia.
— Eu prefiro ficar em casa. Não estou com grande vontade de sair, por isso vão vocês.
— Não te vamos deixar sozinha. Vens connosco.
— Posso? - pergunta o Afonso.
— Claro mano, entra.

O André vai ter com o irmão e abraça-o enquanto eu fico no meu lugar. Já não vejo o Afonso à bastante tempo e, honestamente, não tencionava vê-lo tão rapidamente. Pensava que apenas o iria ver quando chegássemos a Portugal, mas tenho que reagir e deixar de lhe guardar todo este rancor.

— Yara.
— Olá Afonso. Como é que estás?

Vejo-os entre olharem-se todos, mas ignoro ficando apenas à espera da sua resposta.

— Estou bem, obrigado. E tu?
— Também. Faz-me só um pequeno favor, fecha a porta.
— Claro.
— Obrigada. Sentem-se. Querem alguma coisa para beber ou comer?
— Nós vamos passar no McDonald's quando sairmos daqui. Estou com uma enorme vontade de comer um CBO. - responde a Daya.
— Então mano, conta lá o que é que vos deu para virem até cá?
— Estávamos com saudades e a Andreia queria vir conhecer Itália.
— Mas deviam de ter falado connosco. Nós planeámos ir a Portugal este fim de semana que eu não vou ter jogos nem treinos.
— E vais cá deixar a Sara sozinha? Eu sei que não é tua namorada, mas é a mãe do teu filho.
— Já que falas nisso... Há uma grande probabilidade de o bebé, não ser meu.
— Então?
— Ela andava a comer outro gajo na altura.
— Grande chorca.
— Eu também andava com ela enquanto pensava na Zara, por isso não posso reclamar até porque não me interessa. Só gostava que ela soubesse de quem é o bebé, mas vamos ter que esperar nascer para saber.
— Não dá para saber antes?
— Não tenho a certeza, mas não há pressa.
— Se soubesses agora que não era teu, o que é que fazias?
— Não sei. Nem sei se quero que o bebé seja meu ou não.
— Como é que isso não estragou a vossa relação?
— Ela sabe que não estávamos juntos quando isto aconteceu. Aliás, ela sabia que estava com a Sara quando isto aconteceu. Simplesmente, não esperávamos isto acontecer.
— Quando foi?
— Pelos teus anos. Quando a Yara teve o acidente.
— Já sei. Tu foste à festa com a Sara.
— Sim. Foi aí que acabámos. Ela teve a certeza de que eu gostava da Zara.
— E sabes o que fazer se for realmente teu?
— Claro, se for meu irei dar-lhe o melhor que pode ter. Não terá os pais juntos, mas estarei presente no crescimento dele na mesma.
— Até calha bem visto que tu não consegues engravidar. - diz a desbocada da Andreia.
— A sério? Nunca me disseste nada disso. - diz o Afonso.
— Desculpa, eu achei que lhes tivesses contado.
— Não tem mal, não é nenhum segredo. Eu contei ao André assim que soubemos da gravidez da Sara. Só não contei ao Afonso porque nunca calhou nas conversas e não é algo que eu goste de andar a falar sobre isso.
— Sim, tens razão. Já está a ficar tarde, por isso é melhor irmos. Amanhã passamos cá quando acordarmos.
— Claro, e tragam logo as vossas coisas.
— Está bem. Então vá, até amanhã.
— Até amanhã.

Eles vão embora e nós vamos para a cama.

Ele vai ser meu. Ele diz que não, mas vai querer estar com o filho e só permitirei, se ele vier viver connosco se não fujo com ele.
Não faças isso. Nós amamo-nos.
Isso é o que tu achas. Esta criança é o fruto do no nosso amor. E não é uma qualquer como tu que vai estragar isso.
Ele não vai ceder. Se ele gostasse realmente de ti como dizes ele estava contigo e não comigo.
Ainda vou descobrir o que é que ele acha que tu tens que eu não tenho, porque eu sou excelente a fazê-lo vir, essencialmente dentro de mim. Acho que até dá para reparar. Para além de que ao contrário de ti, eu sou bastante fértil e posso dar-lhe os filhos que ele quiser. Sou modelo, coisa que parece que estás a ver se copias, talvez para o tentares agarrar, só que há um problema é que eu sou bem melhor que tu e estou neste meio há muito mais tempo que tu que ainda achas que te vão levar a sério, quando já estás com idade para ser mãe, apesar de não poderes. Ninguém te vai querer amiga. Abre os olhos! Abre os olhos! Abre os olhos!

Acordo com o André a chamar-me e noto que estou transpirada, devido ao pesadelo que acabei de ter.

— O que é que se passou? Com o que é que estavas a sonhar?
— Nada.
— Nada não. Tu estás a tremer e toda transpirada. Algo foi para estares assim.
— Trocavas-me pela Sara?
— O quê? Claro que não.
— Ela é melhor do que eu, estavas bem melhor com ela.
— Isso não é verdade, de onde é que tiraste essa ideia? Foi ela que te disse isso?
— Sim.
— Quando?
— Agora, no meu sonho.
— Então foi o teu subconsciente. Achas mesmo que te ia trocar por ela? Para mim és melhor que ela em todos os aspectos e mais alguns.
— Ela consegue dar-te os filhos que quiseres ao contrário de mim.
— Isso não me diz nada. Podemos ser pais de outra maneira. E tu vais cuidar do meu filho como se fosse teu, eu sei disso. Amor, eu não posso pedir melhor que tu. Mesmo que tente procurar não vou conseguir encontrar. És tu que fazes o meu coração acelerar cada vez que estou perto de ti. Só tu me fazes querer lutar contra tudo e todos que se colocarem no nosso caminho contra nós. É a ti que eu amo, mais ninguém me fez ou faz sentir o que sinto por ti.
— Estava mesmo a precisar dessas palavras. Obrigada. Amo-te muito.
— Amo-te muito mais. Agora vamos dormir, pode ser?
— Claro, desde que possamos ficar em conchinha.
— Não resisto a fazer conchinha contigo. - responde de soltar um gargalhada deliciosa que me fez sorrir. - vira-te para lá.

Deixo um beijo nos seus lábios, viro-me para o outro lado, ele agarra-se a mim e assim nos deixamos dormir até o seu despertador tocar.
Dou voltas e voltas na cama, mas não consigo adormecer de novo por isso levanto-me. Tomo o pequeno-almoço na cozinha, lavo a loiça e volto para o quarto para me arranjar. Visto umas leggins pretos e uma t-shirt azul, calço uns ténis e apanho o meu cabelo. Pego numa bolsa de cintura onde coloco as chaves, lenços e telemóvel. Saio de casa e começo a caminhar dando uma volta ao quarteirão que ainda é grande. Chego a casa, pouco tempo depois e bebo água, que me esqueci de levar.
Assusto-me com a campainha a tocar. Vou abrir a porta e lá encontro a Daya e o Afonso.

— Então ainda não estás pronta?
— Bom dia também para ti, Andreia.
— Bom dia. - diz o Afonso.
— Desculpa, mas quero muito ir conhecer Itália, neste caso Milão.
— Pois, mas se estás com muita pressa podem ir vocês os dois.
— Mas nós não conhecemos isto, somos capazes de nos perder.
— Eu já me perdi, desde então que só saio com o André que nunca tem tempo, ou sozinha aqui no quarteirão.
— Então tens que vir connosco conhecer isto.

Ouço o meu telemóvel tocar e vou à bolsa buscá-lo.

— Então?
— É a Sara.
— Como assim é a Sara?

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