Capítulo 14

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— Ainda perguntas? Só podes estar a gozar comigo. - reviro os olhos ao ver que a loira se senta ao meu lado e o André no outro sofá. 
— Pergunto porque não sei o que é que se passa.
— És mesmo falsa.
— Desculpa?
— Não, não desculpo. Era suposto teres dito ao André aquilo que me contaste, em vez disso foste fazer-te de vítima.
— Eu contei-lhe o que te contei a ti, não me estive a fazer de vítima. Vocês chamaram-me para me fazerem sentir mal com o que eu estou a passar?
— Não. Quero que digas ao André o que me disseste a mim, de uma vez por todas.
— Do que é que tu estás a falar?
— Sabes muito bem do que é que eu estou a falar e o André também.
— Mas o que é que ele sabe que eu não lhe tenha contado?
— Não vale a pena ires por aí e finjires que não sabes do que falo. Eu gravei a nossa conversa, por isso tenho provas do que estou a dizer. Agora faz um favor a ti própria e sê tu a contar-lhe em vez de ter que ir buscar o meu telemóvel com a gravação.
— Tudo bem. Eu não tenho a certeza se tu és o pai do bebé.
— Como assim?

Encosto-me ao sofá assistindo apenas, à conversa entre eles os dois. Não, eu não tenho nenhuma gravação, mas parece que o que eu queria que acontecesse ao dizer aquilo resultou. Aprendam comigo.

— Se ela já te contou, porque é que vou estar a dizer algo que já sabes?
— Quem é?
— Quem é quem?
— O gajo com quem estiveste, para achares que posso não ser eu o pai.
— Não conheces. Ele nunca irá assumir esta criança, por isso é que não lhe quero dizer nada, nem queria que tu soubesses que este filho pode não ser teu.
— É o meu direito e o dele também. O que é que tu achavas que ia acontecer? Achavas que a minha namorada não me ia contar nada?
— Se soubesse não lhe tinha dito nada.
— Porquê? Para esconderes algo tão importante como isto? Para eu criar um filho que não é meu? Para me estragares a relação com a Zara? Olha, sai daqui.
— Mas...
— Mas nada. Sai.
— André, eu...
— Sai!

Até eu estremeço com o berro que o André mandou depois de se levantar, apesar de não ter sido direcionado para mim. A loira sai e o André senta-se ao meu lado, com os braços pousados nas suas pernas e as suas mãos a tapar o seu rosto.

— Não fiques assim. Eu estou aqui. - digo abraçando-o da melhor maneira que posso, considerando a posição em que ele está.
— Eu sei. Perdoa-me por ter duvidado de ti.
— Eu perdoo, mas não é para voltares a fazê-lo. Para que é que eu te mentiria? Irias descobrir mais cedo ou mais tarde.
— Eu sei. Obrigado por estares aqui.
— Sempre.

Beijo os seus lábios carnudos, saboreando e aproveitando bem este nosso pequeno momento que não quero que termine.

— Que me dizes de irmos amanhã para Portugal?
— Não era só no fim de semana?
— Sim, mas afinal amanhã é o último treino, pelos vistos não fui convocado para o próximo jogo.
— A sério?
— Sim, mas ainda bem. Vou poder aproveitar melhor o tempo que vamos estar em casa.
— Também é verdade, mas eu preferia cá ficar até ao fim de semana.
— O que é que tens para fazer?
— Tenho que falar com o Pablo, não lhe cheguei a responder.
— E o que é que vais falar com ele?
— Ainda não sei. Logo falamos sobre isso depois de falar com ele. Aí posso contar-te tudo.
— Mas vais falar com ele cara a cara?
— Sim, é muito mais simples.
— Não me agrada a ideia de ires ter com um homem, que te quer tirar fotos.
— Também não me agrada a ideia de seres pai, mas já me mentalizei disso.
— Já não me podes atirar isso à cara de novo, tanto posso como não posso ser pai.
— Verdade, mas isso também não me agrada. Ainda por cima de uma mãe como aquela mulher.
— Não vamos falar mais disto. Pode ser?
— Sim, claro.
— Então... Posso ir contigo?
— Onde?
— Quando fores falar com o Pablo.
— Penso que sim.
— Está melhor.
— Tens que controlar mais esses ciúmes, podem vir a trazer-te problemas.
— Porquê?
— Não gosto que não confies em mim.
— Mas eu confio em ti, não confio é nos outros homens.
— Se se meterem comigo, eu sei defender-me. Toda a vida o fiz e acredita que já lidei com homens já na reforma, bem porcos.
— A sério?
— Sim, a sério. Por isso não te preocupes com eles que disso trato eu bem. Confia em mim.
— Eu confio.
— Acho bem que sim, se não, não vamos longe.
— Vamos sim. Tudo o que eu mais quero agora, é fazer a nossa relação funcionar. Sei que vamos ter momentos complicados, mas também sei que vamos conseguir ultrapassar tudo isso e continuar juntos.
— Agora é a parte em que dizes que sonhas casar, ter uma família enorme?
— Não, mas quero casar contigo e constituir família contigo, sabes bem que quero. E vamos conseguir. És tudo para mim e é contigo que vou fazer tudo.
— Amo-te muito amor.
— Também te amo muito meu anjo.

Pouso os meus lábios nos seus começando um beijo longo, que é interrompido pelo som do meu telemóvel a tocar.

— Dya?
— Hey. Está tudo bem?
— Sim e contigo?
— Também. Tenho umas novidades para te contar.
— Então, o que se passa?
— O teu pai veio falar comigo.
— Contigo? Porquê?
— Queria falar sobre ti. Quer saber como é que te pode conquistar de novo, como se fosse assim tão fácil depois do que ele fez.
— Se é assim que ele acha que me vai ter de volta está muito enganado. Já não tenho pai há muito tempo e não sinto falta nenhuma.
— Pois, mas parece que ele está convencido de que vai conseguir.
— Que esteja. Logo vê o que acontece. Disseste novidades, o que é que há para além disso?
— Não sei se é bem uma novidade, mas acredito que a tua mãe ainda não te tenha dito nada.
— O que é que há para ela me dizer?
— Bem, eu encontrei a tua mãe com um homem. Parece que a tua mãe seguiu em frente e já esqueceu o teu pai.

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