Capítulo 12

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— Amor, pensei que ias ficar em casa.
— Não desvies a conversa. O que é que eu devia de saber?
— Acho melhor vocês irem dar uma volta e conversar. Eu vou para casa. Até já.

Deixo um beijo nos lábios do André e viro costas, para entrar no edifício onde estou a morar. Entro em casa e sento-me no sofá, ficando a observar a televisão desligada.
Ainda bem que ele me ouviu, assim vão poder resolver tudo e quem sabe se não podem até descobrir mais cedo quem é o pai daquela criança. Espero bem que seja o outro e não o André, iria facilitar muito a nossa relação, mas por outro lado, gostava que ele fosse pai, visto que comigo não poderá ser.
Tiro o telemóvel da carteira e ligo à minha mãe, já não falo com ela há algum tempo, mas ela não atende. Decido ligar à Andreia, pois da última vez que falámos, a conversa não terminou muito bem.

— Olá.
— Olá. Tudo bem?
— Sim e contigo?
— Também.
— Como é que está o André?
— Está bem e o Afonso?
— Também. Ele está aí?
— Não, está com a Sara. Porquê?
— Como assim com a Sara?
— Ela veio contar-me que há possibilidade de o bebé dela não ser filho do André e agora está a falar com ele.
— Como assim ela pode não estar gravida do André?
— Parece que se envolveu com outro homem, não sei, mas espero que seja mesmo isso. Tens noção dos problemas que esta gravidez já trouxe e os que ainda vai trazer?
— Tenho sim. Eu perguntei se o André aí estava porque preciso de falar contigo.
— Então, sobre o quê?
— Como sabes, eu tomo a pílula e sou sempre certa quanto ao dia em que me vem o período, sendo que estou atrasada já há três dias. Já estou a pensar em todos os cenários possíveis e imaginários. Não quero ser mãe agora, ainda por cima com tudo o que se tem passado com o André, seria um desgosto enorme para os pais dele saberem que também o Afonso vai ser pai.
— Primeiro, há 50% de probabilidade de o André não vir a ser pai e estou com esperança que seja verdade. Segundo, não penses assim. Provavelmente tem a ver com algum stress das aulas ou algo do género, mesmo assim vai fazer o teste e aí vês.
— Desculpa, tens razão. Que o bebé da vaca da Sara não seja filho do André, ele não merece.
— Quem não merece é a criança, ter uma mãe como ela.
— Tens toda a razão.
— Apesar de que, das vezes que estive com ela, eu até que gostei, sabes?
— Mau, não estás a pensar em substituir-me pois não?
— Óbvio que não. Só estou a dizer que talvez a Sara não seja assim tão má, apesar de ter ido para a cama com o André sabendo que ele gostava de mim.
— Cá para mim fez de propósito para engravidar e o prender a ela. - ela ri-se.
— Não gozes, isto é um assunto sério.
— Tens razão, mas o que é que queres? Honestamente, é uma das várias hipóteses. Pode até nem estar grávida.
— Isso está, eu fui à consulta com ela, por isso sei bem que sim.
— Ao menos já podemos descartar uma teoria.
— Vamos é deixar-nos de teorias. Como é que estão a correr as coisas com o Afonso?
— Bem. Temos visto algumas casas aqui perto, porque queremos viver juntos. Sabes que eu sempre quis sair de casa e com o ambiente que está em casa deles, o Afonso também não quer voltar para lá, ainda por cima depois de terem expulso o André. Não tens noção de como estão as coisas estão por aqui e do quanto o Afonso está revoltado com o pai pelo que fez e o que disse, e com a mãe por não ter feito nada.
— Acredito que sim. Eu consigo notar que o André também não anda muito bem, mas há tanta coisa a acontecer ao mesmo tempo que isso até pode ajudá-lo a esquecer isso.
— Sim, pode ser que sim. Bem, falando de coisas positivas. Quando é que voltam?
— Era para fazer surpresa, mas visto que perguntaste eu digo. Vamos este fim de semana, tenta é não dizer a ninguém. Nem ao Afonso.
— Está bem, eu tento.
— Obrigada.
— Bem, tenho que ir ajudar a minha mãe com as compras. Depois diz alguma coisa, beijinhos.
— Eu digo, beijinhos.

Ligo a televisão e fico atenta a um filme que está a passar na Hollywood, mas adormeço pouco tempo depois.
Acordo com o barulho da porta da entrada a bater e mal vejo o André, porque este dirije-se logo ao quarto. Vou ter com ele e encontro-o sentado na cama, com a cabeça entre as suas mãos e os cotovelos apoiados nos joelhos.

— Está tudo bem?
— Achas que está?
— Pensei que fosses ficar contente com o que ela tinha para te dizer.
— Claro, não podia ter ficado mais feliz.
— Tu queres ser realmente o pai daquela criança, não queres?
— O quê? O que é que isso tem a ver?
— Como é que não tem nada a ver? O que é que ela te disse?
— Ela veio dizer-me que foi ameaçada pelos pais, que tem que casar comigo, se não eles não querem voltar a ver.
— Como assim? Isso foi o que o teu pai te disse.
— Sim, mas ela não sabia. Eu não posso deixar que ela fique mal.
— Ela sabia sim, eu disse-lhe e ela não me disse nada disso André. Ela a mim disse que os pais não apoiavam a sua gravidez e que graças a isso pensou em abortar.
— Talvez ela não tenha sido explícita contigo, mas a mim foi o que disse e acredito nela.
— Pode ser isso, mas ela sabia do que se passou com o teu pai.
— Sim, isso agora não interessa. Os pais dela querem que ela case comigo e o meu pai quer que eu me case com ela. Não sei o que fazer.
— Tu estás a pensar em casar com ela?
— Pensar não faz mal a ninguém.
— Faz sim, a mim. Estás a pensar deixar-me para voltares para ela, quando dizes que é de mim que gostas. Para além de que quando eu lhe disse que ela tinha que falar contigo, nem sequer me referia a isso. Ela nem sequer te contou a parte mais importante, atirou-te com a sua história de vítima e tu caíste logo.
— O que é que queres dizer com isso?
— Aquele bebé pode nem ser teu. Foi isso que ela me contou e que eu pedi que te contasse a ti, como ao outro suspeito de ser o pai do bebé.

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