Capítulo 04

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— Como assim André?
— Eu fui direto, como me pediste.
— Eu sei, mas como é que ela engravidou? Vocês não se souberam precaver?
— Sim, mas pelos vistos não resultou.
— Isto é castigo pelo que andavas a fazer. O que é que vais fazer?
— Não sei, mas ela vai ter a criança.
— Isto vai estragar tudo entre nós.
— Não vai não. Não pode.
— Vai sim. Ela vai ser mãe de um filho teu, vocês vão ter uma ligação para sempre. Eu vou ser apenas a que está a impedir de vocês estarem juntos.
— Não, nem penses assim Zara. Eu gosto de ti e não dela.
— Agora já só gostas. Pois bem, acho que deves de pensar bem no que vais fazer enquanto eu vou apanhar ar.
— Não, eu amo-te amor. Eu sei o que vou fazer. Eu vou ser pai, mas isso não me impede de estar contigo. Agora, vamos almoçar, não vais sair agora.
— Ela foi embora?
— Não. Ela disse que a convidaste para cá almoçar.
— É verdade, mas não fazia a menor ideia de que ela ia largar esta bomba.
— Queres que a mande embora?
— Não, eu quero falar com ela.
— Nem penses. Eu vou pedir-lhe que vá almoçar a outro lado.
— Deixa-me falar com ela. Agora não posso?
— Agora não, só quando estiveres mais calma.
— Quando estiver mais calma vou deixar de querer falar com ela ou até mesmo contigo.
— Isso não é verdade, estás a dizer isso porque estás nervosa.
— Eu não estou nervosa. Estou irritada e chateada por me teres mentido quando disseste que não estiveste com ela. Ainda por cima venho a descobrir que me mentiste, porque ela aparece aqui a dizer que está pranha.
— Amor...
— Deixa-me. Olha, faz melhor almoça com ela e vejam realmente o que é que vão fazer. Não vou ficar aqui a aturar esta palhaçada.
— Amor, não faças isto. Eu preciso de ti e do teu apoio.
— Nem te vou responder.

Agarro nas minhas coisas e saio de casa, depois de passar pela loira e ignora-la por completo, tal como o André que foi atrás de mim até à porta de entrada da casa.
Caminho pelas ruas de Itália pela primeira vez, sozinha e despreocupada com o facto de me poder perder. Ouço o meu telemóvel tocar várias vezes e decido tirar o som, por saber de quem se tratava e não querer falar com ninguém neste momento.
Respiro o ar puro da natureza para me acalmar, até encontrar um parque cheio de garotos, o que me recorda o porquê de estar neste estado.
Encontro um café, pouco tempo depois de passar o parque e entro para poder comer alguma coisa. Entro e vejo uma rapariga ao balcão, que me vem atender depois de me sentar numa cadeira.

— Boa tarde. O que é que vai querer? - olho para a rapariga e fico a observá-la por instantes.
— Bom dia. Servem refeições ou algo parecido?
— Temos apenas fatias de pizza.
— Pode ser duas.
— Vai querer algo para beber?
— Pode ser um B! laranja.
— Mais alguma coisa?
— Por enquanto não.
— Está bem. Já lhe trago o pedido.

O seu sorriso arrepiou-me por me fazer lembrar a Danna. A rapariga é morena de olhos verdes e o seu sorriso é exatamente igual ao da Danna.
Ficou provado de que ela sofria graves distúrbios mentais e o pai apenas a queria ajudar. Infelizmente, eu não consegui ver o que se passava realmente e ela acabou por colocar um fim à sua vida. Ainda me questiono se houve algum motivo para tal, mas ninguém consegue descobrir.
Não sei se é do stress que ando a passar, mas sinto que estou a ser observada e não encontro ninguém a olhar para mim. Talvez eu própria precise de arranjar um psicólogo.
Termino de beber o meu sumo, pego nas minhas coisas e pago o que consumi para poder sair do estabelecimento.
Vou até ao jardim mais próximo e sento-me na relva a observar o lago que se encontra à minha frente. A esta hora está vazio, não há cá crianças nem adultos, apenas eu. Fecho os olhos para poder ouvir melhor o som da natureza e respiro fundo para poder respirar um pouco de ar puro.
A sensação de estar a ser observada volta e assim que abro os olhos, vejo um rapaz a poucos metros de mim, com uma máquina fotográfica na mão apontada na minha direção, o que me leva logo a pensar que me está a fotografar.

— O que é que pensas que estás a fazer?

Quando dou conta, ele tinha começado a correr e eu vou atrás dele, sem deixar as minhas coisas para trás. Mal ele sabe o quão bem eu corro. Trazia uma mochila às costas, o que me ajudou a agarrá-lo e a fazê-lo parar de fugir de mim.

— Vais responder?
— Eu...
— Porque raio é que me estás a tirar fotografias?
— Porque...
— Porque é que me andas a seguir?
— É que...
— Isto tem alguma coisa a ver com o André?
— Posso?
— O que?
— Responder.
— Sim. - cruzo os braços depois de responder.
— Eu estou a estagiar numa agência de modelos e assim que te vi, achei que davas uma modelo bastante bonita e profissional, só não sabia como te falar ou se te aceitariam na agência. Por isso pensei em tirar algumas fotos e mostrar ao meu chefe, para depois de poder contactar.
— Estavas a tirar-me fotos sem a minha autorização, para poderes utilizá-las?
— Não, apenas para te mostrar ao meu chefe.
— Essa ideia não me agrada de todo. Eu nunca quis, nem quero ser modelo. Para a próxima fala com as pessoas primeiro. Neste momento posso muito bem chamar a polícia e fazer queixa de ti por me estares a tirar fotografias.
— Desculpa, não queria deixar-te incomodada.
— Agora apaga as minhas fotografias.
— Deixa-me mostrar ao meu chefe e depois, caso ele goste de ti, experimenta tirar algumas fotos e ganhar dinheiro com elas. Não gostavas de experimentar algo novo?
— Sim, mas nunca pensei em ser modelo.
— Experimenta. Se não gostares, não continuas, não és obrigada a isso.
— Isso é verdade.
— Que dizes, alinhas?

Between HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora