Capítulo 11

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Pego no telemóvel e vejo quem é que me tinha mandado mensagem, para poder responder ao ciumento do André.

— É o Pablo.
— Isso já eu tinha percebido. De onde é que o conheces?
— Conheci-o quando me chateei contigo, depois de contares que a Sara estava grávida.
— E?
— Ele disse que estava à procura de uma modelo, tirou-me algumas fotos e ia mostrar ao chefe dele, porque achava que eu era a pessoa indicada. Eu pensei que podia ser bom seguir uma área diferente, ou pelo menos experimentar, pois posso nem gostar. Também esperava que não fosse aceite, mas pelos vistos pelo que diz a mensagem, o patrão gostou.
— Porque é que não me disseste nada disso?
— Já não me recordava. Depois de tanta coisa que se passou, isto já não era nada importante. Para além de que não é uma coisa que me fascine, nem pensava conseguir.
— Que tipo de fotos é que ele tirou.
— O meu dia-a-dia. A comer e no jardim, nada de mais.
— Não sei se me agrada a ideia de seres modelo?
— Porquê?
— Porque vai chegar à parte de seres modelo de langerie e biquíni, isso não me agrada.
— Espera lá, tu jogas futebol, toda a gente te conhece, publicas fotos de cuecas e eu não posso ser modelo de biquíni? Poupa-me.
— Mas eu quero que sejas só minha.
— Vou ser só tua na mesma.
— Eu sei, mas assim vão haver homens a ver as tuas fotos e a fazer coisas que não devem.
— André! Não vou deixar de ser modelo por causa das outras pessoas. Aliás, acabou a conversa por aqui. Eu vou sair.
— Vais ter com ele, é?
— Poupa-me André. Se fosse para acabar com a nossa relação acabava logo, não me metia com outros nem engravidava de qualquer um. Até logo.

Pego na minha carteira, com as chaves e o telemóvel, e saio de casa. Vou até ao café, onde combinei com a Sara. Ainda é cedo, mas fico à sua espera.
Se o André acha que me vai fazer mudar de ideias, está muito enganado. Aliás, com isto, a minha vontade de o fazer é maior. Ele tem uma quantidade enorme de fãs e a maior parte são do sexo feminino. Eu andei a investigar e a ver o que dizem sobre ele, como encontrei histórias que falam sobre ele e como ele é bom. Se for para ter fãs assim, qual é o mal? Porque é que ele pode e eu não? Eu estou com ele porque gosto realmente dele, não quero saber de mais ninguém.

— Olá Zara. Já aqui estás?
— Olá Sara. Sim.
— Pensava que vinha cedo e ia ficar à tua espera, mas afinal enganei-me.
— Pois.
— Está tudo bem? - pergunta ao sentar-se ao meu lado.
— Sim.
— O que é que queres falar comigo.
— Eu vou ser direta, quero que contes ao André que ele pode não ser o pai dessa criança.
— Preciso de tempo.
— Tempo para quê? Não vês que com isto a vida dele também deu uma volta de cento e oitenta graus? O pai dele já nem lhe fala, por ele não querer casar contigo e continuar a meu lado. Eu sei, ele é que está a ser otario, mas ele saber que o filho pode não ser realmente o pai, pode fazê-lo voltar a falar com o filho. Para além de que o outro homem tem o direito de saber. Talvez isso o faça querer voltar para ti.
— Eu não quero voltar para ele.
— Tudo bem, mas tens que contar ao André. Eu ia-me descaindo, mas consegui controlar-me.
— Desculpa-me por te ter metido nisto. Quando soube que o André gostava de ti, devia de ter ficado quieta.
— O que é que queres dizer com isso?
— Lembraste da festa do Afonso?
— Sim.
— Eu disse-te que eu e o André estávamos juntos, mas não estávamos.
— Eu já sei disso, o André contou-me.
— Também te contou que foi no dia anterior que estivemos juntos?
— Não.
— Mas foi, aliás, foi nessa altura que eu reparei que ele gostava de ti. Todas as conversas que tinhamos iam dar a ti. O André é tão óbvio.
— Pois.
— Estivemos juntos e foi incrível. Eu senti que ainda gostava mais dele.
— Porque é que me estás a dizer isso?
— Eu tentei lutar por ele, mas já era tarde de mais. Ele já estava apaixonado por ti e era impossível tê-lo de volta. Foi uma discussão vossa que o fez querer voltar a estar comigo. Ele não me chegou a contar o que se passou, mas eu sabia que algo não estava bem. Não devia mesmo de o ter deixado meter-se na minha cama.
— Sara, não preciso de saber de nada disso.
— No dia da festa, eu percebi que ele estava mesmo apaixonado por ti e tu por ele. Por isso acabei por abandonar a festa.
— Eu nem dei conta. Chegaste a ver a confusão com o Afonso?
— Não. O que é que se passou?
— Já te conto. Continua.
— Bem, nessa noite conheci o Duarte e envolvemo-nos depois de uns copos. Nem sei como é que tudo se passou. Só me recordo de o conhecer, estar a beber com ele e acordar ao lado dele, num quarto de hotel, nua.
— Então não tens certezas de que estiveram juntos.
— Tenho. Não foi usado preservativo, não havia nenhum usado em lado nenhum e pelo cheiro, consegui entender que sim.
— Pois.
— Conta lá o que é que se passou com o Afonso.
— Fui eu que fui para o quarto dele pouco depois de me dizeres que estavam juntos. Ainda bem que o fizeste, pude encontrar um vídeo que o Afonso gravou nosso, da única noite de sexo que tivemos.
— O Afonso? A sério?
— A sério.
— Dessa não esperava. O que é que se passou?
— Eu fiz alto escândalo na festa e quase toda a gente ficou a saber daquilo. Saí de lá a correr e acabei por ter um acidente de carro ao voltar para casa.

Continuamos a falar durante um bom bocado, podendo contar mais detalhes sobre as coisas que tinham acontecido. Sinceramente, soube-me bem desabafar com ela e ela conseguiu deixar-me de bom humor. O seu carro estava mesmo à porta de casa, por isso caminhamos até lá juntas.

— Por favor, fala com o André. Ele precisa mesmo de saber disto. - digo depois de a cumprimentar.
— O que é que eu preciso de saber?

Between HeartsOnde histórias criam vida. Descubra agora