Capítulo 5- O convite

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O que é isso, Ronnie?- ela entregou o envelope com meu nome escrito.

-Cheryl e Toni vão casar. É uma cerimônia simples, no campo, durante a tarde. Cheryl ficou sabendo que eu viria pra cá e pediu pra eu entregar o convite pra você. Ela quer que você vá.

-Não sei se consigo.- olho para o convite com perícia. Havia uma linda foto das duas no cartão junto com o convite.

-Vamos lá, Betty, não seja egoísta. Ela é sua prima, é família e te ama muito.

-E o Jughead? E se ele for? O que eu vou fazer, Verônica?

-Acho difícil ele ir, mesmo a Toni insistindo muito. Ele também não está bem e deve estar querendo evitar ao máximo topar com você, ainda mais numa ocasião dessas.

-Não sei... Acho melhor não apostar na sorte.

Verônica, que segundos atrás estava inquieta, andando de um lado para o outro, para por alguns segundos com a mão na cintura e me lança um olhar de arrepiar a espinha. Ela fica assim por algum tempo, e sem falar nada se aproxima de mim.

-Não.-ela mexe com o dedo indicador- Você vai nesse casamento, mocinha, e nem tente contestar. A Cheryl espera por você, ela está sentindo a sua falta, todos estão sentindo a sua falta. Você vai pegar o seu carro e vai até o casamento, depois pode voltar pra cá

- Não é bem assim, V. Você não sabe o que se passa aqui.- coloco a mão esquerda sobre o peito, sentindo minha amiga se aproximar ainda mais.

-PARA de fugir, Betty!-ela segura os meus braços- Para de querer fazer tudo acontecer conforme sua vontade, as pessoas sentem, assim como você, e o que passou, passou. E daí se o Jug estiver lá? Você é uma mulher adulta e vai saber o que fazer, e eu vou estar lá para o que precisar.-ela amolece as mãos- Estamos nessa juntas. Sempre estivemos. Eu amo você, você é a minha irmã de alma, e eu não vou deixar que você estrague tudo. Os seus problemas são com o seu ex, e não com a sua família, não com a sua mãe, com a Cheryl ou com qualquer outra pessoa. Você merece isso, merece se dar e dar a eles essa chance. Você simplesmente fugiu de Riverdale, há pessoas que se importam com você.

-Ronnie, não...-ela solta meus braços e me abraça com força.

-Sim, Elisabeth Cooper. Você vai. E tem três dias pra arranjar uma roupa decente, eu quero ver a Betty que eu conheci, nada daqueles vestidos meia canela de vó, eu sei que você consegue.

-Não fala assim das minhas roupas.-olho pra mim mesma e percebo que agora estou apenas de sutiã, porque com a graça divina, aquela blusa horrorosa de carnaval já está no lixo.-Aliás, eu preciso me vestir.-viro de costas pra ela-Depois conversamos sobre o casamento.

-Você vai e não se fala mais nisso. Vai lá se vestir que nós vamos atrás de algo para você agora mesmo.

A estrada estava coberta pelas folhas secas dos grandes sombreiros que traçavam uma linha lateral ao asfalto quente e os raios de sol que entravam pelo teto solar do meu carro me atrapalhavam na condução.

-Vee, pega os meus óculos, por favor.- faço sinal para o porta-luvas.

Verônica estava com o banco do passageiro completamente deitado e com os pés por cima do painel do carro. Durante a viagem, tudo o que fez foi cantar 15 vezes o CD da Lana Del Rey, o único que trouxemos dentro do carro, enquanto comia um terceiro pacote de Twizzlers, um doce borrachudo que a mantinha entretida durante todo o caminho. Nós quase não conversamos, não por falta de assunto, mas por excesso de nervosismo. Ela sabia que eu estava nervosa, e resolveu não falar nada. Entregou-me os óculos em meio à resmungos, pois há horas não havia saído daquela posição, e teve de se levantar para pegá-los.

-Minhas costas doooemmmm. Falta muito pra chegarmos?

Coloco os meus óculos e sorrio para ela, tendo meu olhar despertado para o vestido pendurado no banco de trás. O vestido que usarei no casamento da minha prima, e uma de minhas melhores amigas. Volto a prestar atenção na rodovia, enquanto meus dedos batucam no volante em uma ação instantânea de nervosismo.

-Betty, você tá bem?

-O que? Eu não. É...- as palavras saem como um sussuro.

-O que tá acontecendo?- Verônica se senta no banco do carro e olha fixamente pra mim.

-Nada, V. Quer dizer, eu tô indo para um casamento, né? Isso é muito louco.

-E o que tem de mais em um casamento?

-Não sei, sempre achei que me casaria antes de todos vocês. E voltar pra Riverdale... não sei como posso reagir.

-Então quer dizer que você não acreditava no amor dos seus amigos?- eu sei bem a quem se refiria, mas nunca imaginei Verônica de véu e grinalda e Archie a esperando em uma igreja.

-Não é isso. Digo por viver o amor que vivi, a vida é cruel com as pessoas. Não sei como deixamos tudo terminar do jeito que terminou.

-Eu te entendo perfeitamente, amiga.- ela ajustou o banco e ficou na minha altura, aos poucos eu diminui a velocidade.

-Você sente saudades dele?

-Archie? Você não sabe o quanto. Mas acho que nos perdemos, somos diferentes, e no fim, tudo se resumia a sexo. Puro e simplesmente sexo. Ele chegava chateado com algo e a saída era sexo, sem sentimento, sem intensidade. Algo automático para os dois. Depois, cada um pro seu lado. Não sei como ele está, mesmo em Riverdale, eu evitava vê-lo.

-Você é a pessoa mais forte que conheço. Me perdoa pelo egoísmo. Eu só penso em falar dos meus problemas e esqueço que você está passando pelo mesmo.-aperto a mão dela, mantendo atenção na rodovia, que logo revela a pequena placa da cidade. Um mix de sentimentos toma conta do meu ser, e borboletas voam em meu estômago. Aperto firme a mão de Verônica, que me olha temerosa.-Chegamos.

-Vai dar tudo certo. Estamos nessa juntas.- ela sorri.

Between Us ▶ Bughead |CONCLUÍDA|Onde histórias criam vida. Descubra agora