Capítulo 25- Fuga

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O casarão antigo e aconchegante que alugamos suporta até doze pessoas, mas durante esse fim de semana ele seria apenas nosso. Cotswolds é um pequeno vilarejo situado entre as colinas onduladas da Inglaterra. É o lugar perfeito para uma fuga, sem nenhuma interferência do resto do mundo.

- A garçonete não parava de flertar com você! – falei enquanto me equilibrava no meio fio, descalça.

- Ela só queria saber de onde somos, Betty. – Jughead segurou em minha mão ao ver que eu estava prestes a cair.

Resolvemos ir caminhando até o The Horseshoe, um bar que fica a algumas quadras da casa em que estamos, para aproveitarmos a brisa quente de verão que vela a cidade durante a noite.

- Ela te ofereceu uma bebida por cortesia da casa. Cortesia! Ninguém me ofereceu cortesia. – fiz bico enquanto um sorriso se formava dentro de mim.

- Não ofereceram porque sabiam que você provavelmente pediria para repetir a dose. Você "provou" todo o cardápio de bebidas.

- Eu gosto de oferecer variações novas ao meu paladar... E não fuja do assunto, ela estava mesmo flertando com você.

- Se estava eu não percebi, minha atenção estava toda em você. Nesse seu vestido de bolinhas nada discreto. – ele parou de andar por alguns segundos, segurando a minha mão. – E na quantidade de drinks que chegavam à nossa mesa. – ele deu um tapinha em meu ombro.

- Nós nunca conversamos claramente sobre o que fizemos durante o tempo em que ficamos separados. – comentei.

E é verdade, nós nunca conversamos. Tudo o que fizemos desde que voltei para Riverdale foi trocar farpas violentas e cheias de rancor, ou fazer amor estimulados pelo desejo ardente entre nós. Nada de conversas profundas, apenas diálogos rasos, que claro, não deixaram de ser importantes para que chegássemos até aqui.

- Você nunca me perguntou sobre o que aconteceu. – ele rebateu, com um sorriso sutil no rosto.

- Acho que nunca houve oportunidade ou clima para isso. – as palavras saem um pouco arrastadas. – Agora quero saber... Você teve algum interesse amoroso por alguém? – a casualidade no tom da minha voz fez a pergunta parecer menos tensa.

- Amoroso? Betty, você ficou longe por apenas alguns meses. – ele me olhou com o canto dos olhos.

- Vamos lá, Jug! Não pode ter ficado numa cidade sozinho, solteiro, sem interesse nenhum.

- Meu único interesse era que você voltasse. – ele fez uma pausa. – Sabe, no fundo eu sabia que você ia voltar. Você raramente dá o braço a torcer, mas ama intensamente e não consegue esconder isso.

- Você é muito metido mesmo! – com uma risada anasalada quebrei qualquer clima que Jughead tinha criado, mas não foi proposital, posso sentir todo o álcool que acabei de consumir subindo para a minha cabeça, me deixando tonta. – E aquilo com a "Bettany", - fiz aspas com os dedos, pronunciando seu nome com cara de nojo – Vai me dizer que você não queria nada com ela?

- Betty... – ele riu – Desde que contratei Bettany ela demonstra um interesse em mim, não só pelo trabalho. – ele fez uma pausa, provavelmente procurando as melhores palavras para usar. – Enquanto você estava longe dos meus olhos, longe de Riverdale, meu foco era somente no trabalho, tanto é que resolvi me mudar para os fundos do jornal. – mais uma pausa – Mas quando você voltou, toda insinuosa e, quando a Verônica me contou que você estava planejando sair com Reggie...

- A Verônica o que? – perguntei, sem acreditar na audácia que Verônica teve.

Alguns dias antes de sair em viagem com Jughead, nós conversamos e resolvemos qualquer diferença que tenha rolado entre nossa amizade, e está tudo bem de novo. Eu senti falta dela, e não sei por que ainda me surpreende o fato de que ela não consegue manter a boca fechada sobre qualquer coisa que eu faça.

- Depois você se resolve com ela. – ele me puxou para virarmos a esquina que nos dá acesso à rua onde fica a nossa casa. – Enfim, o que me motivou a querer sair com a Bettany foi ciúme. Eu estava quase enlouquecendo com a ideia de ver você com outro cara.

- Eu nunca tinha entendido mesmo o seu caso com a Bettany, ela é tão virgem...

- Você está bêbada, Betty.

- Eu quase não bebi, você bebeu mais do que eu. – cambaleei para o lado.

- Então por que você diria que a Bettany é "tão virgem"? – ele ria descontroladamente.

- Porque, por Deus, Jughead, ela olha para você com cara de cachorrinho, vive correndo atrás de você, quase baba quando você fala... Sem contar que solta fogo pelas ventas quando vê você perto de mim. Ela me odeia.

- Ela sabe muito bem dos sentimentos que eu tenho por você. Quando eu não tinha mais a quem recorrer, conversava com ela.

- E sobre o que vocês falavam? – sinto uma faísca de ciúme se acender em mim.

- Na verdade eu falava, ela ficava apenas observando e quando eu terminava ela fazia um comentário que nunca acrescentava em nada. Acho que eu me sentia bem por poder desabafar. – ele olhou para o chão enquanto continuava a andar, apertando ainda mais a minha mão – Eu contava a ela sobre como você era incrível, sobre como o mundo se tornava pequeno e sem graça quando você estava comigo. Falei tudo sobre você, queria que ela soubesse o que eu perdi e como eu queria ter aquilo de volta...

- Você tem sorte de não termos chegado em casa e eu ainda não poder arrancar as suas roupas aqui mesmo. – sussurrei em seu ouvido.

- Contando de onde estamos, são três casas até a nossa. Dá pra começarmos por aqui mesmo. – sua barba por fazer roçou meu pescoço, me arrepiando. – A cidade está deserta, já é madrugada e ninguém vai escutar. – seu corpo me empurrou para o lado e me prensou contra a parede. Ele ergueu minhas mãos até a altura da minha cabeça e começou a deixar beijos pelo meu pescoço.

- Você está brincando com o perigo, Jughead Jones. – consigo dizer em meio a suspiros.

- Adoro brincar com o perigo, ainda mais quando ele é irresistivelmente delicioso. – ele puxa minhas pernas e as enlaça em sua cintura, passando suas mãos sobre minhas coxas e subindo a barra do vestido até meu quadril.

Between Us ▶ Bughead |CONCLUÍDA|Onde histórias criam vida. Descubra agora