Capítulo 7- Papai

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Ela está linda. Tão linda quanto quando a conheci. Sempre disse a ela que sua cor era o vermelho, combina com sua pele, branquinha como a neve, e com os seus cabelos loiros, tão brilhantes como o sol. Parece estar bem, com certeza está feliz pela prima. Betty costumava dizer que o felizes para sempre dela era comigo, sempre foi, mas tudo se perdeu. Estamos perdidos. E machucados. Não viria a este casamento se não fosse obrigado pelo Archie, que disse que "precisamos de uma distração", mas no fundo queria vir, pois sei que a encontraria aqui. Minha Betty. Nós precisamos conversar, e como não encontrei outra maneira, chamei sua atenção a elogiando. E isso foi estranho, muito estranho.

-Obrigada. – ela diz como em um soluço, seu rosto está corado, costuma ficar assim quando ela fica em uma situação desconfortável. Tão linda.

-Eu sabia você estaria aqui. – Meus olhos se mantém nos dela, que fogem de mim, olhando para qualquer outro ponto da festa.

-Não viria. Verônica me obrigou.

-Estamos aqui pelo mesmo motivo então. – dou um sorriso fraco.

-Talvez – seu rosto está firme – E como está a sua vida?

-Difícil – seus olhos verdes repousam nos meus, vidrados e curiosos. – Acho que deveríamos conversar sobre o que aconteceu. Merecemos isso, ou não?

-Aqui? - ela me olha confusa e aparentemente nervosa - Acho que não, né?

-Podemos ir para outro lugar, se você quiser.

POR BETTY

Ele apareceu. Jughead Jones, o meu ex-namorado apareceu. O mesmo que me fez a mulher mais feliz do mundo durante anos, me machucou mais do que qualquer outra pessoa. No momento, não sei se sinto ódio ou se converso com ele como se nada tivesse acontecido. Prometi pra mim mesma que não choraria, e que minha vinda á Riverdale não me causaria nenhum surto de estresse. Então resolvo ser educada. Senti falta da sua voz, sua rouca e doce voz. Esse desgraçado me fazia delirar pelo simples ato de falar.

-Então, Betty...Quer conversar? - ele me despertou do devaneio.

-Oi? Ah, sim, vam... – fui interrompida por alguém.

-Jug? – uma morena exuberante toca nos braços de Jughead – Vamos? Eles estão nos esperando.

Jug? Como assim? Então quer dizer que foi só eu sair de Riverdale que ele arrumou outra? As noites em claro, chorando pelo arrependimento e pensando em voltar foram em vão? Certo, isso eu não esperava. E não estou preparada. Lanço um olhar incrédulo a Jughead, e meus olhos, involuntariamente, ficaram tomados por todas as lágrimas que eu tinha segurado até ali. Na verdade, eles deviam estar em chamas, pois o jeito que eu o olhei, o incomodou.

-Oh, Betty, me deixe apresentá-la a minha...

-Acho que não há necessidade. – dou um sorriso falso e levanto-me dali. Só quero sair correndo, para qualquer lugar onde eu possa gritar.

De longe, vejo Verônica, ela parece ter se entendido com Archie. Os dois dançavam juntos, desengonçados.

- Vee, você pode me dar a chave do apartamento? Eu não posso mais ficar aqui.

Ela parou por um instante.

-Betty, o que aconteceu?

-Nada, eu só preciso pensar um pouco. Pode, por favor, me entregar a chave? – eu já estava perdendo a paciência.

-Nada disso mocinha. Você vai ficar aqui. – Cheryl apareceu com uma taça de champanhe em uma das mãos.

-Cheryl, eu não tô legal.

-Não vou perguntar o porquê. Mas veja bem, depois vamos fazer um brinde, espere mais um pouquinho – ela fez uma pausa – Já sei! Vou lhe entregar a chave de um dos chalés, e então você fica lá.

- Na hora do brinde te chamamos. – Verônica completou.

-Tá bom, me dá essa chave logo antes que eu desista.

E assim ela fez. Entregou-me a chave, e em meio a cambaleios chego até o chalé. Eu só queria fugir. De novo, e de novo e de novo. Ou enfiar a cabeça em um buraco. O chalé é bonito, rústico e charmoso, tem apenas uma cama de casal e uma grande lareira. Certo, é tudo que eu preciso.

-AAAAAH- um grito de raiva sai como uma retomada de ar depois de horas emersa em um oceano.

Ninguém escuta, a musica está alta demais. Eu preciso de alguma coisa. Eu preciso esquecer o que eu acabei de ver lá fora. O cara que mais amei (ou ainda amo) não esperou alguns meses pra por alguém em meu lugar. Eu preciso esquecer, preciso esquecer. Eu quero beber alguma coisa.

POR JUGHEAD

-Bettany, espera um segundo, por favor. - Eu atropelo a morena que me encarava com um sorriso vitorioso e corro, tentando encontrar Betty.

-Verônica, você viu a Betty?- tento falar, recuperando o ar.

-Ah não, foi você. Eu sabia! O que você fez agora?

-Eu não fiz nada, ela simplesmente fugiu. Como sempre. – dou de ombros – Pode me falar onde ela foi?

-Não. Porque eu sei que você vai fazer merda e fuder com tudo. Agora que ela está superando.

-Archie, por favor. – eu olho para o meu amigo, que bêbado faz um sinal com a cabeça em direção aos chalés.

-Valeu, irmão. –dou as costas para o casal.

Ouço a Verônica dar um tapa nele, seguido de um agudo "Archieeee", e sigo rumo aos chalés, agora o difícil é saber em qual deles ela está. Bingo! Ouço o barulho estridente de vidro se quebrando. Merda!

-Agora a festa está completa!- Betty grita quando me vê, abrindo os braços, revelando uma garrafa de tequila em uma das mãos.

-Betty... – eu me aproximo devagar, sem saber se paro ou continuo. Meus olhos queimam e meu coração dói por vê-la desse jeito.

-Você queria conversar, não queria? Senta aqui que a gente vai conversar – ela apontou para a cama e eu não obedeci – Quer chamar a sua namoradinha também? Um sexo a três, talvez?- ela ria e chorava ao mesmo tempo.

-Namoradinha? Você está ficando louca, Elisabeth!

-Eu devo estar ficando mesmo. E sabe de quem é a culpa? Sua! A culpa é toda sua. – ela enfia o dedo indicador no meu peitoral.

-Para! – segurei os braços dela com força – Chega, Betty! Chega de dar show e me culpar por tudo o que aconteceu. Quem fugiu foi você! Tudo bem, eu errei, mas você também. E eu não vou aceitar carregar esse fardo todo sozinho.

- Ah, agora eu sou a errada? – ela jogou os cabelos para trás, rindo – Você me deu as costas, sem nenhuma explicação. Me deixou te esperando feito uma otária e eu sou a errada por estar cansada?

-Em partes, sim.

Ela abaixou a guarda, e eu me sentei na cama. Ela não está tão bêbada, está consciente do que fala, e fala com clareza, palavra por palavra. Sentou-se também, em um pequeno banco, de frente para mim, ainda com a garrafa de tequila na mão.

-Você não sabe de nada, Jones. - abaixou a cabeça e os cabelos cobriram-lhe o rosto. Ficou imóvel por alguns segundos.

-Me explica então – encaro-a, mesmo sem ver o seu rosto.

-Eu estava grávida, Jughead. Eu estava esperando um filho seu. O nosso filho. E até isso você tirou de mim. – Ela levanta a cabeça e me encara – você tirou a minha alma! Levou tudo com você, Jughead. Você está certo, papai. Eu estou ficando louca.

Between Us ▶ Bughead |CONCLUÍDA|Onde histórias criam vida. Descubra agora