Capítulo 3- Aprendiz

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Sábado, pra mim, é o pior dia da semana. Sinceramente, não precisava existir. O trabalho, mesmo sendo à distância, mantém meus pensamentos alinhados. E no sábado, todo esse turbilhão de sensações e pensamentos voltam à tona, me trazendo um terrível sentimento de solidão.

Após sair de Riverdale, conversei com Verônica, que mesmo super preocupada com a minha situação, concordou com que eu mandasse o editorial por e-mail. Ela disse que eu sou mais que importante na revista, que eu é que a mantenho, e que não saberia como seria daqui pra frente, com a minha ausência.

Antes que semanas se tornassem meses, criei coragem e liguei para a mamãe, contei para ela o que havia acontecido e o motivo do meu sumiço repentino. Entendo sua vontade de me matar, afinal, eu sou sua filha e a deixei preocupada. Alice é uma pessoa difícil de lidar, é controladora com tudo e todos ao seu redor. Quanto ao meu pai, não senti nenhum tipo de preocupação de sua parte comigo, e isso não me afeta de maneira alguma. Ele é um filho da puta fornicador, que trai a minha mãe debaixo dos seus olhos.

Após isso, troquei meu número de telefone, procurando evitar as inúmeras mensagens e ligações diárias vindas de Jughead. Passaram-se semanas mas tudo ainda era tão recente. Meus olhos marejavam toda vez que lia seu nome na barra de notificações, mas um súbito sentimento de raiva surgia em mim quando me lembrava do que ele me fez passar, não só antes da minha saída de Riverdale, mas depois também. Eu sinto sua falta, ele era uma parte de mim, parte que me foi tirada aos poucos, com a sua ausência. Nossa relação era saudável e leve, mas era quente. Costumo pensar que amor e prazer andam juntos, e no nosso caso, as duas coisas sempre permaneceram em perfeita sintonia, desde o primeiro toque. Toda vez que o via, meu corpo estremecia. Tudo nele era maravilhoso, seu rosto, sua pele, seu corpo, os cabelos, um verdadeiro Deus Grego. Ações simples realizadas por ele se tornavam extremamente sensuais, como o simples fato de se sentar sobre o sofá sem camisa, com o laptop sob as pernas, colocar seu óculos e olhar atento para o que escrevia. Isso, é claro, me deixava louca. Mesmo ele querendo trabalhar em casa, não conseguia, e a tentativa sempre acabava em um maravilhoso sexo selvagem em qualquer lugar da casa. São essas lembranças que me fazem repensar, com um pouco mais de racionalidade, que tudo poderia ser diferente se eu não fosse tão cabeça dura e não tivesse desistido do nosso amor. Ele desistiu primeiro, ficando longe sem ao menos explicar seus motivos e culpá-lo, por enquanto, me parece a melhor alternativa.

Como tentativa de fugir de todos esses pensamentos, liguei para V e ela está vindo pra cá, passar o final de semana comigo. No momento, não sou das melhores companhias, mas preciso de uma. E Verônica é a única que me entende. Continuo morando no Canadá, mas em Montreal, uma das cidades mais populosas do país. É uma mudança e tanto de estilo de vida, confesso que nos primeiros dias, o vai e vêm acelerado dos carros, as luzes cintilantes e a infinidade de sons misturados, me deixou um pouco confusa e insegura, mas já me acostumei.

-Esse lugar é lindo, Betty. Como eu demorei tanto pra vir aqui?- Verônica papeava enquanto olhava fixamente para a grande vitrine da Tiffany & Co, enquanto a única coisa que me mantinha atenta era o barulho de seu salto agulha tocando no asfalto, em sincronia com os meus passos apressados.

-É lindo mesmo, mas grande parte do que estamos vendo agora eu sequer conhecia.

-E o que você fez durante esse tempo todo?- Ela me olha aflita, com um olhar de preocupação.

-Trabalhei. Precisamos de um retorno, Verônica. A venda das revistas caiu consideravelmente e estou dando o meu melhor para retornarmos ao patamar ideal.- falo com certa apreensão, com os dedos inquietos em frente ao meu abdômen.

Between Us ▶ Bughead |CONCLUÍDA|Onde histórias criam vida. Descubra agora