- Bettany, cancele a minha reunião das duas e a remarque para qualquer outro dia. – esbravejei enquanto a porta do meu escritório batia atrás de mim. – Atualize a minha agenda e revise toda a papelada que está na minha mesa. – minha voz quase não saía da boca, e a única coisa que eu vejo é o vulto da morena se levantando de sua cadeira e ficando estática diante de mim. – Agora! – gritei. – Não espere que eu volte hoje. Feche o jornal.
- Ok, senhor Jones.
- Agora sai da minha frente. – vendo ela se distanciar, peguei minhas chaves e desci para o térreo.
Telefonei para Betty mais cedo e sei que ela já chegou de Montreal, deve estar em seu apartamento, e é para lá que eu vou. Enquanto o trânsito permanece praticamente parado, olho para o prontuário no banco do passageiro, pensando se realmente era possível que Betty tenha abortado propositalmente, se entupindo de remédios. Apenas cogitar na ideia de que isso tenha acontecido já me deixa com o estômago embrulhado.
Corro o máximo que posso, passando por qualquer carro que cruzasse o meu caminho, e quando chego em frente ao seu prédio, uma onda estranha de raiva percorre todo o meu corpo, eu sei que isso não é bom, mas eu preciso de respostas. Passo pela portaria, onde Félix, um jovem de boa aparência e de um rosto bem familiar, permite que eu entre. Meu coração bate mais forte conforme vou me aproximando da porta de seu apartamento, e se parte em pedaços quando passo pela porta. Betty estava sentada no chão da sala, com uma caixa aberta ao seu lado, algumas fotos estavam espalhadas pelo tapete e em cima da mesa de centro havia uma taça com vinho pela metade. Ela estava chorando, olhando para um papel em suas mãos. Minha raiva sutilmente foi dando espaço a um sentimento de compaixão, é como se eu precisasse protegê-la de qualquer mal. Minha expressão se suavizou, mas me mantive de pé, de frente para ela, esperando que ela falasse algo.
- Oi. – ela disse, secando uma lágrima que escorria pela bochecha.
- Oi. – respondi. – Eu recebi isso no meu escritório. – levantei o papel que carregava comigo.
- É, eu também. – ela me olhou decepcionada, abraçando as pernas e se encolhendo no chão da sala.
- Será que você pode...
- Senta aí. – ela apontou para o chão, e eu me sentei de frente para ela.
- Eu não acredito que você fez isso. – não escondi meu desgosto.
- Nem eu. – Betty escondeu seu rosto entre as pernas e começou a soluçar feito criança. Minha vontade de ir até ela e a abraçar estava me sufocando, mas não era maior que a de esclarecer o que havia acontecido. – Eu não sei nem como começar a falar. – sua voz saiu abafada.
- Você me culpou por isso, Betty. Me culpou! – me levantei e joguei o papel em cima da mesinha de centro. – Naquele dia, no casamento da Cheryl, você disse que tinha perdido um bebê por minha culpa. Tem noção de como eu fiquei?
- Um bebê não, o nosso bebê. – ela me encarou.
- Tanto faz. – virei-me de costas, olhando pela janela. – Você me fez sentir fraco, irresponsável, inútil. Eu passei noites em claro pensando em uma maneira de reparar um erro que não fui eu quem cometeu. Você achou que ia se livrar da culpa de ter matado nosso filho colocando esse peso nas minhas costas? Conseguiu. – parei por um segundo, com as mãos na cintura e olhando diretamente para ela. – Eu nunca achei que eu fosse dizer isso, mas te acho uma covarde.
- Covarde? – ela ergueu o tom de voz. – Jughead, eu não fazia ideia que estava grávida.
Sua revelação me fez arquear as sobrancelhas.
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Between Us ▶ Bughead |CONCLUÍDA|
RomanceO amor feroz entre Elizabeth Cooper e Jughead Jones é posto a prova quando segredos e mentiras vêm a tona. Será que esse amor é capaz de suportar as feridas do passado?