Salvo por um amuleto

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── Por favor, Morrigan, tenha misericórdia – implorava o homem rangendo os dentes de dor. De seus olhos azuis, lágrimas se formavam com uma delicadeza que era impossível não se compadecer daquela pobre criatura no chão.

── Não repita meu nome – ordenou a deusa retirando o pé da ferida do homem – Como sabe quem sou?

── Se a senhora me permitir eu lhe contarei com detalhes – disse ele forçando-se a levantar.

── Me dê um bom motivo para lhe prestar misericórdia – disse ela com sutileza.

O homem se contorceu para direita. Tentava alcançar uma pequena bolsa de couro pendurada a sua cintura. A deusa segurou sua adaga, atenta a todos os movimentos do homem romano. Com dificuldade ele alcançou a bolsa e retirou um cordão com um pingente de ossos amarrados numa fina corda de tom roxo. Morrigan arregalou os olhos ao ver o objeto. Conhecia muito bem o cordão. Afinal, ela mesmo que confeccionou e entregou aos seus discípulos.

── Como você tem um dos meus amuletos? – indagou ela se aproximando da pobre criatura.

── Por favor, me deixe explicar – disse ele com um olhar sincero.

── Muito bem – disse ela erguendo seu cajado - Vamos para um lugar mais privado.

Com o cajado erguido ela rodou sua capa e envolveu o homem. Um vento soprou e os dois desapareceram.

Os Contos Celtas: Morrigan (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora