O jovem Mérlin

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Os romanos haviam tomado todo o vilarejo. Homens mortos no chão. Mulheres sendo arrastadas para a mata e outras mortas. Crianças sendo colocadas em prisões móveis, e em seus olhos as lágrimas ao verem os pais sendo mortos.

Em uma casa um pouco longe de toda aquela violência estava Marva com seu filho Mérlin de apenas nove anos de idade. O menino de cabelo castanho e olhos tão azuis quanto o mar estava calmo. Marva estava com as mãos trêmulas enquanto o suor descia sinuosamente pelo seu rosto.

── Vai ficar tudo bem meu lindo – disse ela segurando forte a mão de Mérlin.

Um estrondo. A velha porta de madeira foi lançada ao chão. Dois soldados romanos entraram bruscamente na casa de Marva, que com instinto de mãe segurou seu filho e o colocou atrás de seu corpo, o protegendo.

── Me levem, mas não toque no meu filho – implorou ela com os olhos cheios de lágrimas.

── Calada! – gritou o soldado dando-lhe uma tapa.

── Mamãe – gritou Mérlin que logo foi segurado pelo outro soldado.

── Segure o pirralho – ordenou o homem – que eu vou dar conta desta vadia aqui – concluiu ele abaixando a calça.

Mérlin presenciou aquela cena traumatizante. Enquanto sua mãe era violentada pelo soldado ele gritava e tentava se soltar das garras do soldado. E foi através desta coragem e força de vontade que sua natureza foi aflorada. As mãos de Mérlin esquentaram e um brilho azulado surgiu. O soldado gritou e soltou o menino. A pele do soldado estava avermelhada e ele gritava de dor.

── Este pivete me queimou! – gritou o soldado enquanto enrolava sua capa na recente queimadura.

── Como? – indagou o outro enquanto continuava seu ato monstruoso.

── Solte a minha mãe – ordenou Mérlin com um olhar intimidador.

── É o quê? – retrucou o soldado.

— Agora! – Mérlin gritou e o soldado foi lançado para longe. Caiu desmaiado.

O menino ficou perplexo olhando para suas mãos. O outro homem encravou sua espada no estômago de Marva, que cambaleou e caiu perto da mesa. Mérlin ficou em choque ao ver a mãe caindo morta no chão. Atacou o segundo soldado que também caiu desmaiado. Sua visão ficou turva. Seu corpo começou a cambalear. Ele olhou para a sua mãe e caiu desmaiado. Quando acordou, por um momento pensou que tudo não passou de um sonho, mas ao ver o corpo da mãe no chão entendeu que tudo era real. Tentou correr para salvar sua mãe, mas outros soldados se aproximavam. Fugiu, e se escondeu no bosque, porém foi encontrado e golpeado na cabeça por um dos romanos. Quando acordou estava em Roma, numa cela apertada com outras crianças. 

Os Contos Celtas: Morrigan (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora