Mérlin reuniu as tropas celtas com uma agilidade admirável. Em um grande círculo Mérlin discutia estratégias para derrotarem os romanos.
── Tem certeza disto meu senhor? – indagou um guerreiro olhando para seus companheiros.
── Tenho – respondeu o mago sem hesitar.
── Estamos cansados – disse outro guerreiro.
── E perdemos homens com este ataque surpresa – concluiu o outro.
── Sim perdemos – concordou Mérlin – Mas pediremos reforços.
── Como meu senhor? De onde virá ajuda a esta hora?
── Não percam a fé – encorajou-os – Vocês são ou não filhos da Deusa e do Grande Deus?
── Somos! – responderam.
── Muito bem – disse Mérlin – Agora se afastem.
O mago tomou o espaço que lhe fora cedido. Com um graveto desenhou uma estrela de cinco postas no chão. Jogou algumas sementes e ervas. Um pouco de água de chuva. E criou uma chama. Invocou os cinco ventos e com uma adaga cortou a palma da mão, oferecendo seu sangue ao ritual de invocação. Com um idioma desconhecido por homens ele invocava o grande ser das florestas. As árvores se balançavam assim como o solo que se estremecia. Os animais começaram a sair dos arbustos e se reunirem perto no centro do grande círculo. Um raio cruzou o céu e foi neste instante que um grande cervo branco cruzou as árvores.
── Pela Deusa, não pode ser – disse um homem admirado.
── Será que é ele mesmo?
── Não acredito que este cervo seja...
── Cernunnos!
O cervo andou majestosamente para o centro do círculo e abrindo a sua boca emitiu um som alto, mas que não era irritante. Ao ouvir o chamado as árvores acordaram e suas raízes deixaram o solo e se aproximaram dos homens e mulheres, que se assustaram ao ver as árvores andando. Animais selvagens estavam em prontidão ao lado de seu senhor. Mérlin olhou para o cervo, o animal retribuiu o olhar, com seus olhos verdes como a mata.
── Pronto – disse Mérlin com uma confiança admirável – Temos o reforço necessário.
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Os Contos Celtas: Morrigan (REVISÃO)
FantasyAs árvores são tão antigas quanto às lendas deste mundo. E são nas árvores dos bosques da Irlanda que estão guardados os contos mais belos. Houve uma época em que os seres humanos viviam como as árvores. 800 anos de vida ou mais... E este conto é so...