Mérlin estava deitado admirando a lua. Sentia o sangue escorrer pela sua coluna. O calor que contornava seu corpo antes deu lugar para um frio tão solitário e desesperador que o mago perdia as esperanças. Deitado ele pôde ver as flechas de fogo cruzando o céu para afligir os anciãos. Levantou-se com cuidado e viu que algumas das árvores haviam sido atingidas e estavam em chamas. Mérlin olhou ao seu redor e viu que grande parte do exército celta estava morto. Deitou mais uma vez com a face voltada para o céu, e sorriu.
O mago começou a proferir palavras em um idioma específico.
Enquanto isso os soldados romanos continuavam com as bruscas investidas contra os celtas.
── Onde esta Mérlin? – perguntou um dos soldados celta.
── Não sei – respondeu o outro – Temos que recuar. Não conseguiremos vencer.
Enquanto os soldados discutiam uma estratégia de fuga Mérlin continuava focado em seu encantamento. As palavras mágicas continuavam a sair da boca do mago. Seu corpo começou a tomar um brilho esbranquiçado. Seus olhos ficaram mais azuis do que o normal. Um soldado romano percebeu que o mago estava prestes a fazer um encantamento. Correu para perto dele e ergueu sua espada para impedir Mérlin. Antes que a espada descesse e pudesse cumprir seu objetivo um raio cruzou o céu, e iluminou toda a área. Um silêncio tomou conta do lugar. O raio passou e a escuridão voltou. Mais um clarão. O soldado olhou para o chão e Mérlin havia desaparecido. A escuridão tomou conta mais uma vez. O terceiro clarão. E com ele veio à chuva. Uma chuva forte e pesada que em instantes apagaria o fogo das flechas romanas, e dos anciãos que foram atingidos. Mérlin estava de pé em frete ao romano.
── Boo! – disse Mérlin ironicamente numa tentativa de assustar o romano.
As trevas mais uma vez. Um barulho de lâmina rasgando carne. O clarão. Mérlin havia encravado uma espada na barriga do romano, que caiu na mesma hora cuspindo sangue.
── Atacar! – ordenou Mérlin erguendo a espada ensanguentada.
── Maldito seja – disse Atena mirando o olhar para Mérlin – Já chega!
A deusa saltou para perto de Mérlin. Ergueu sua espada, mas antes que fizesse qualquer mal para o jovem mago, foi atirada pra longe. Morrigan tomou a frente do seu protegido.
── Não encoste um dedo nele – disse a deusa com uma voz potente e sombria – Mérlin agora!
── Agora feras! – gritou ele e os animais que estavam junto ao cervo branco atacaram contra os romanos.
Não demorou muito para que os animais derrubassem os romanos, e os anciãos pisoteassem os mesmos como se fossem formigas. Atena pela segunda vez recuou, deixando seus homens para serem mortos pelo povo celta. Quando o último homem romano caiu, um grito vitorioso surgiu em meio aquela noite. A animação tomou conta dos outros. E um coro de ovação para Mérlin e Morrigan pôde ser escutado a quilômetros de distância.
── SALVE MORRIGAN E O MAGO MÉRLIN – gritavam eles comemorando a vitória.
── SALVE MORRIGAN!
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Os Contos Celtas: Morrigan (REVISÃO)
FantasíaAs árvores são tão antigas quanto às lendas deste mundo. E são nas árvores dos bosques da Irlanda que estão guardados os contos mais belos. Houve uma época em que os seres humanos viviam como as árvores. 800 anos de vida ou mais... E este conto é so...