Os Contos Celtas: Morrigan (REVISÃO)

Vai ficar tudo bem

Mérlin ficou encarando a vastidão das trevas daquela noite. As últimas fagulhas do escudo mágico se dissiparam. O jovem mago cambaleou e caiu com os joelhos curvados sobre a terra.

── Meu senhor – disse um dos soldados correndo para ajudar Mérlin – Está bem?

── Sim, estou – disse com a voz fraca – Apenas usei a minha energia demais.

── Quer que eu chame uma das curandeiras meu senhor? – insistiu o homem de barba ruiva e olhos castanhos.

── Não precisa cavaleiro eu vou...

── MEU FILHO! O MEU FILHO!

O grito transmitia dor e desespero.

── O que está acontecendo ali? – perguntou Mérlin se levantando com dificuldade.

── Uma criança, um menino – respondeu ele com a voz falha – Foi atingido por uma das flechas meu senhor.

── Não, não pode ser! – exclamou Mérlin dando passos largos – Saiam! Saiam da frente. Deixem-me passar.

── Deixem o mago Mérlin passar! – gritou um homem.

── Saiam da frente... Deixem o senhor Mérlin curar o menino – pediu uma mulher.

── Por favor, salve-o Mérlin! Salve-o! Eu imploro.

── Me dê licença – pediu ele chegando perto do menino.

Uma flecha havia transpassado as costas do menino, bem próximo ao coração. Uma grande poça de sangue estava logo abaixo de seu corpo. Suas mãos tremiam e sua pele estava esfriando. Em seus olhos lágrimas davam um brilho ao seu semblante de dor.

── Ei rapazinho – disse Mérlin o tomando no colo – Calma, vai ficar tudo bem. Ok?

── Mérlin... Mérlin, nós... Nós vencemos? – perguntou o menino com dificuldade.

── Do que está falando? – indagou ele.

── A guerra meu senhor... Nós vencemos a guerra?

── Mas que pergunta tola é esta? – perguntou Mérlin com um sorriso no rosto – Mas é claro que vencemos.

── Você estava certo então – disse o menino tentando respirar – Eu estou aqui com você... E vencemos.

── Mas é claro que sim – concordou ele com lágrimas nos olhos.

── Não gaste suas energias para tentar salvá-lo. Não há mais saída pra ele.

── Minha senhora! – disse ele admirado.

── Vamos Mérlin, me entregue o pequeno – disse Morrigan se abaixando – Mag Mell o espera.

── Quem é esta mulher senhor Mérlin? – perguntou o menino curioso.

── Sou Morrigan. E levarei você pra um lugar sem dor ou lágrimas pequeno Édheon.

── Então, este é o seu nome jovem guerreiro? – perguntou Mérlin dando um sorriso e passando sua mão no rosto suado do menino.

── Sim senhor.

── Muito bem então, bravo guerreiro Édheon. Hora de partir. Nos vemos nas planícies de Mag Mell. Quando encontrar MANANNÁN MAC LIR dê um abraço bem forte nele por mim, ok?

── OK! Senhor Mérlin...

── Diga.

── Estou com medo.

── Vai ficar tudo bem – respondeu ele segurando a mão de Édheon. O menino sorriu pra ele e fechando os olhos descansou – Tudo bem.