Gardênia
— Seu namorado acabou de chegar!
Fazia uma semana e um dia desde o ocorrido. Eram umas seis da manhã de domingo. Logo me arrependi de ter dado a chave para ele há alguns meses. Eu estava bem cansada. Ainda mais que minha fisionomia pela manhã não era muito atraente. Sempre vinha de óculos, e coloquei de novo. Suspirei fundo. O que será que me esperava?
— Ele chegou agora?
— Faz uns quinze minutos. Estava animado.
— Animado?
— E alegre. Acho que ele bebeu um pouco.
— Ah, meu Deus! Eu vou subir pra ver o grau dessa bebida. Ele sabe que não pode ficar bebendo...
Subi as escadas. Meu quarto se situava no começo do corredor. Senti uma ligeira preocupação. Fábio costumava beber muito quando brigávamos. Ao abrir a porta, vi-o deitado na cama. Estava dormindo.
— Fábio! — chamei-o, cutucando.
— Oi amor! Chegou?! ele perguntou, sonolento.
— Quantos porres você já bebeu?
— Não bebi tanto assim.
— Os seus remédios você não lembra de tomar.
— Que remédio, o quê?!
Seu tom despreocupado me deixou aflita, então o repreendi: — Fábio, você é bipolar. Você não pode ficar bebendo e ainda por cima deixar de tomar seus remédios. Parece criança.
Ele começou a chorar descontroladamente. Às vezes ele não gostava de que eu o lembrasse de seu transtorno psicológico. Fiquei compadecida.
— Para de chorar, Fábio. Não é nenhum bicho de sete cabeças.
— Desculpa, meu amor. Te magoei mais uma vez. Eu sou um idiota.
Eu já estava acostumada com aquelas cenas de desculpas. Era patético! Balancei a cabeça. Tirei meus óculos e torci para ele não perceber minhas olheiras, coloquei em cima do criado mudo.
Eu o beijei, e ao encostar perto de seu órgão sexual, senti-o ereto. Minha excitação foi imediata. Acho que havia sentido sua falta, porque logo meu corpo se acendeu e transamos freneticamente. Fábio era viril, intenso. Seu toque às vezes era um pouco brusco e preciso. Às vezes gostava, às vezes não. Ele puxava meu volumoso cabelo cacheado, enquanto enterrava sua mão viril dentro do meu coro cabeludo, e eu por cima dele, sentindo-o dentro de mim. Fechava os olhos, enquanto colocava seus dedos em minha boca.
Ao terminarmos, ele me olhou, puxando-me pelo braço e me impedindo de levantar depois que peguei meu cigarro em cima do criado mudo.
— Gardênia, quero que você seja minha para sempre. Você aceita se casar comigo?
Seu olhar decidido me pegou mais uma vez de surpresa. Como sempre, seu pedido estava de pé. Quando me renderia?
YOU ARE READING
A Flor do Pecado
RomanceGardenia é uma garota de programa que optou trabalhar na noite, por consequências extremas. Ela vive uma vida dupla e esconde a sua real profissão. Padre Marcos é um sacerdote dedicado a sua vocação e aos fiéis, mas ao desembarcar no Rio de Janeiro...