Capítulo 7

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Padre Marcos

— Esse rapaz me desperta muito desejo. Isso é pecado, padre?

— Não, senhora. Isso é normal, a senhorita é humana. Porém, como ele é um amor quase impossível, deve pedir direção a Deus para que você o esqueça e coloque outra pessoa que possa amá-la. Me desculpe perguntar, mas esse rapaz é casado?

— Pode-se dizer que sim, padre.

— Mas, como assim? Eu não entendo.

— O senhor entende, padre. Só se faz de cego, porque quer. — Suas palavras saíram insinuantes.

Eu olhava seu decote generoso emoldurados pelos seios fartos que ficavam cada vez mais próximos. Me levantei de súbito.

— Senhorita Carmem, suas insinuações são perigosas. Cuidado com o que vai dizer — disse, ao me levantar.

— Não tenho medo do que vou dizer. Medo por quê? O senhor é um homem, o que tem demais?

— Eu não preciso perder tempo explicando, senhorita. Tenha uma boa tarde — eu disse em tom frio. Apesar das palavras frias, meu íntimo ardia em um desejo que podia me pegar desprevenido a qualquer instante.

Ela pegou no meu braço, me impedindo de ir embora.

— Não! O senhor não vai embora, não antes de me escutar.

— Carmem, eu vim aqui para conversar a pedido da sua mãe. Não confunda as coisas.

— Eu não estou confundindo nada. Eu estou louca pelo senhor, apaixonada. Não tenho culpa. O senhor deve estar aí cheio de desejo, mas não confessa. — Seus olhos exprimiam um desespero evidente.

— Eu exijo respeito, senhorita. Você tomou o meu precioso tempo para falar de amor por um padre?! Eu tenho mais o que fazer.

— Qual é o problema nisso? Não te vejo como padre, e sim como homem.

— A senhora só pode estar louca. — Eu desvencilhei meu braço, e ela se pôs aos meus pés.

— Não faz isso comigo. Eu te amo! Sou capaz de fazer qualquer coisa pelo senhor. Me dá uma chance! — ela apelou chorosa.

— Senhorita, por favor, está me constrangendo. Para com isso. A senhora deve somente se ajoelhar ao Senhor, nosso Deus, não a mim ou a qualquer outra pessoa. É um pecado.

— Eu não quero saber de pecado. Eu só quero que o senhor me dê uma chance.

Eu me abaixei e peguei seus braços, fazendo-a levantar, e disse: — Carmem, você está descontrolada.

— Eu te amo! Eu quero ficar com você. Não pode dizer não pra mim. Vamos ter um caso, se é assim que o senhor prefere. Mas não me negue seu amor.

— Que amor, senhorita? Você perdeu o juízo?

— Só porque eu te desejo, isso não é motivo para desrespeito. Você também me deseja, está aí louco de vontade de me pegar e fica fazendo doce — ela disse sem pudor nas palavras.

— Senhorita Carmem, eu sou homem, mas isso não justifica que eu tenho que ter um caso com a senhora. É até um absurdo eu dizer isso!

Senti o arder de sua mão no meu rosto.

— Você é um canalha disfarçado de padre!

— A senhorita está descontrolada, mas vou orar por você.

— Não quero sua orações, quero que você e suas preces vão para o raio que o partam! — Seu tom de voz se alterou, aumentando de volume.

Eu fiz um gesto negativo com a cabeça e saí sem lhe dar ouvidos. Do corredor, escutei alguma coisa quebrando. "Mulher louca" pensei, ao pegar o elevador.

A Flor do PecadoWhere stories live. Discover now