Desde muito nova sempre fui independente, sempre quis ter minhas próprias coisas e meu próprio dinheiro, não é atoa que com 14 anos eu já estava trabalhando com minha tia na sua loja, mas eu não esperava que essa independência tão grande que eu queria, me traria tanto sofrimento ao longo dos anos.
Hoje tenho 24 anos e pensar em tudo que se passou desde meus 14 é um pouco assustador, nunca fui uma pessoa tão normal, ou melhor dizendo tão no padrão na sociedade, por mais que fosse branca e de cabelos lisos, o que é considerado o padrão de menina bonita, e de quase primeira classe, nunca cheguei a isso.
Sempre gostei da vida simples que meus pais me deram, isso não posso negar, mas ao mesmo tempo sempre quis mais, sonhava em ter meu próprio apartamento no centro da cidade, trabalhar em uma empresa que eu ganhasse um ótimo dinheiro e comprar as roupas que eu sempre via na vitrine, mas não podia comprar.
Ate que encontrei Pedro*, no inicio fomos apenas amigos e eu ficava impressionada como ele me dava atenção, parecia não ligar para as pessoas ao seu redor, principalmente as mulheres que sempre estavam de olho nele, ele só olhava para mim, e eu me sentia muito especial, de amizade; comecei a nutrir um sentimento maior por ele, que depois foi virando uma paixão da minha parte e dele uma obsessão.
Conversávamos todos os dias, nos finais de semana ele me levava para sair em lugares super diferentes dos quais nunca tinha ido, e era sempre muito especial e ate mesmo romântico na época para uma adolescente de quase 16 anos. Ele já era mais velho que eu e meus pais sempre ficavam de olho em pé por causa disso, aparentava ser uma pessoa, calma, amável e ate mesmo gentil.
Depois de 3 meses só na enrolação da amizade, tivemos nosso primeiro beijo e depois disso ele meio que se transformou, sentia ciúmes de todas as pessoas ao meu redor, queria que eu saísse e dedicasse meu tempo só a ele, o que pensei ser um ciúmes bobo normal de inicio de ''relacionamento'', mas foi mais do isso.
Quando eu estava perto de completar 17 anos, fomos viajar para fora do pais, ficar uma semana em Buenos Aires na Argentina, meus pais tinham permitido que eu viajasse com ele, aparentemente para mim de uma hora para outra. Eu estava muito entusiasmada, com a cidade, de estar com ele, de como era incrível o nosso quarto de hotel que mal percebi as coisas que ele me falava e que aos poucos foi se mostrando ser.
Os dois primeiros dias foram ate tranquilos, ele me respeitava ate que o máximo, mesmo que ainda continuasse com suas crises de ciúmes e que começaram com explosões de raiva. Eu apenas ficava quieta, obedecia e escutava tudo que ele tinha para falar. Na terceira noite foi que tudo mudou, tínhamos ido a um restaurante muito chique na cidade que custou uma nota, eu estava com um vestido muito bonito preto com paetês, e ele bem cordial ate.
O que começou com pequenos drinks foram aumentando tanto da parte dele, mas principalmente da minha, bebi tanto que me senti livre e solta, o que deu inicio aos abusos naquela noite, mal chegamos ao quarto do hotel, ele já começou a me agarrar e me beijar, falando que isso era o que namorados faziam.
Depois de um tempo começou a dizer que eu era dele, e que agora estava mais que realizado que seria apenas nos dois, comecei a achar tudo muito estranho, por mais bêbada que eu estivesse, ainda ouvia bem e estava vendo claramente. Ele começou a tirar a roupa, comecei a ficar assustada, porque sempre pensei e acreditava que os casais só deveriam ter relações depois do casamento.
Quando tentei dizer isso a ele, ele me mandou calar a boca, me pressionou na cama, e falou varias palavras que me deixaram aterrorizada, como uma espécie de ameaça, hora era ameaças, outras palavras de carinho pelo que eu acreditava. Parei de tentar fugir e naquela noite ele tirou minha virgindade, o que para mim e para minha própria mãe era algo ate que sagrado.
Ele não parou a noite inteira, no dia seguinte, acordei chorando sem saber o que fazer, foi quando descobri que não estávamos ali apenas para ficar uma semana, e sim muito mais tempo que isso, ele tinha quase que me sequestrado e inventado varias mentiras para meus pais. Meu celular tinha sumido, junto com vários outros pertences.
Daquele dia em diante durante 4 meses foram meses de sofrimento, raiva e rancor que hoje ainda estão guardados profundamente dentro de mim e não sei como irei tira-los daqui.
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Chega! Nunca mais (Volume 2)
Документальная прозаChega! Nunca mais ao abuso sexual. Volume dois da coletânea de relatos de mulheres e agora neste segundo volume de diversas pessoas ao redor do mundo que sofreram abuso sexual, pessoas que apesar de não terem sofrido ou passado por isso não quisera...