(Tiffany, Baltimore, 21 anos)
Eu já tinha ouvido varias pessoas dizerem que não conseguiam dormir ou tinham medo de dormir, algumas por medo de escuro, outras pela casa que morava, outras por medo de espíritos e outras pessoas apenas por que tinham insônia mesmo.
O meu medo de dormir não era em nada parecido com o delas, eu tinha medo mesmo de dormir e ao fechar meus olhos não saber o que iriam fazer comigo ou como eu iria acordar. Digo isso porque eu já não morava em uma casa e com uma família que poderia se considerar muito e ter tanta confiança.
Era apenas eu que na época tinha 14 anos e minha mãe que vivia a maior parte do tempo fora de casa trabalhando e quando não estava no trabalho se drogando pelas ruelas. Além de nos tinha meus dois meio irmãos um de 7 anos e o outro de 17, e meu padrasto que era o causador desse meu medo.
Todas as vezes não importava a ocasião eu reparava que ele vivia me olhando, nessa época eu estava começando a virar mocinha, adquirir e ter mais seios e ficar com mais corpo do que eu tinha quando era apenas um menina, isso chamava a atenção dele, e minha mãe pouco ligava já que a maior parte do tempo ou estava fora ou estava drogada.
Durante o jantar eu reparava que ele sempre me olhava, aparentemente só eu notava porque minha mãe não estava, meu irmão menor estava concentrado ou no seu livro de figuras ou em um jogo eletrônico e meu irmão mais velho ou estava fora de casa ou trancado no quarto. Eu estava literalmente sozinha com ele todos os dias em casa, já que vivia desempregado e em casa.
Uma noite sem conseguir dormir desci de mancinho para ir ate a cozinha e o peguei na sala se tocando, aquilo me horrizou de uma forma inevitável que voltei correndo para meu quarto, pensei que ele não tinha me visto, mas sim ele me viu e depois de alguns minutos entrou no quarto. Lembro de sentir o hálito dele perto dos meus cabelos, depois ele tocando meus seios, pensei ate em gritar, cheguei a começar a gritar quando ele calou minha boca, disse para eu ficar quieta e obedecer.
Hoje relembrando isso, me lembro que no momento eu não tinha opção viável que pudesse me ajudar ali, mas ao mesmo tempo dias depois do ocorrido eu poderia ter contado aos meus tios que por mais distantes que moravam poderia ter me ajudado ou alguém da escola mesmo responsável, mas não preferi ficar quieta durante um longo período de tempo.
Ele nunca chegou a fazer sexo comigo ou me estuprar como se chama hoje em dia, mas ainda sim me tocava nos seios, por cima da roupa, nos cabelos, acariciava meu rosto, e todas as noites em que todos estavam dormir e principalmente os dias que minha mãe não estava em casa ele ia ate meu quarto isso depois da 00h00.
Diversas vezes ele se masturbou na minha frente e fez que com eu olhasse e se eu desviasse o olhar, ele batia na minha bunda ou puxava meu queixo para olhar. Duas vezes ele chegou a me beijar e uma outra vez tentou fazer com que eu o masturbasse, mas ai ouviu o barulho da porta de baixo se abrindo e se afastou.
Não me lembro bem hoje em dia, como foi que isso realmente parou ou ate mesmo quando, algumas memorias do passado foram se perdendo quando aos 16 anos minha própria mãe começou a me drogar, vivi na mesma vida que ela por quase 3 anos, ate ter uma overdose que quase me matou.
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Chega! Nunca mais (Volume 2)
Non-FictionChega! Nunca mais ao abuso sexual. Volume dois da coletânea de relatos de mulheres e agora neste segundo volume de diversas pessoas ao redor do mundo que sofreram abuso sexual, pessoas que apesar de não terem sofrido ou passado por isso não quisera...