Chega! Nunca mais (Volume 2)

Sem permissão

(Virginia, EUA)

Durante anos ouvimos as pessoas que sofrem abuso sexual falarem a mesma frase: foi sem a minha permissão, e não que eu esteja aqui para dizer o contrario, ao invés disso estou aqui para reafirmar essa frase.

Não pelo fato de eu ser professora de alunos e alunas que já passaram e sofreram abuso sexual, mas principalmente por eu ser humana, ter empatia, ter compreensão por outros, não importa se eu vivi ou não, se conheço alguém que viveu ao não.

Sexo sem consentimento, abuso sexual e tudo que gira em torno disso precisa ser discutido, afirmado e reafirmado, para que só por meio disso as pessoas passem de uma vez por todas entender, a magnitude que gira em torno desse abuso, na vida da pessoa, na vida da família.

A permissão, o compreendimento precisa vir primeiro de nos, porque nenhuma dessas vitimas escolheu passar por isso, teve escolha própria, aceitou, ou muito menos na maioria das vezes sabia que iria acontecer.

A falta de compreensão e empatia nas pessoas precisa ser avaliada ao extremo e as pessoas muitas vezes precisam saber antes de falar para poder julgar outros e muito menos se expressar pelo que não sabem.

...

Talvez não sabemos qual o tipo de abuso sexual e violência seria o pior a sofrer, simplesmente todos são horríveis mas para mim se tornou ainda pior porque era a pessoa que aprendi a amar, confiar, desabafar e ela simplesmente me destruiu.

Eu pensava ser normal no inicio a maneira que ele me tratava, pensei que era apenas o seu jeito que eu estava vindo a conhecer e um pouquinho de ciúmes, mas virou pior quando comecei a sofrer todos os tipos de violência, com as palavras, com os atos. Ele começou a me bater, quando ficava nervoso.

Me obrigava a fazermos sexo e sempre com violência, fazia eu o masturbar sempre que queria, andar nua pela casa, me masturbar para ele. Chegou um ponto que não deixava eu sair de casa, trancar a porta e me deixar trancada, sozinha, me sentindo suja, podre e horrível.