(Victoria- Salt Lake City, Eua)
Sempre fui ruiva desde que me conheço por gente, nas minhas fotos de bebe sempre a primeira coisa que as pessoas reparavam era meu cabelo ruivo desde bebe, sempre foi uma parte do meu corpo no caso meu cabelo que sempre amei, cuidei e se era meu maior orgulho, tanto nas fotos, na família, quando as pessoas elogiavam e assim por diante.
Mas deixou de ser, com meus 13 anos me mudei de escola, a escola que antes eu estudava estava passando por alguns problemas econômicos e também de estrutura e meus pais decidiram que era melhor eu ir para outra escola que por mais longe que fosse mais ou menos 15 minutos de casa de ônibus seria melhor.
Entrar naquela escola foi um pesadelo, me vi sozinha, sem amigos, as pessoas falando e comentando de mim, apontando para mim e eu sempre tentando me esconder, mas como que uma pessoa com uma cabeleira ruiva, cabelos longos, olhos claros e sardas no rosto consegue se esconder. Passei ate a usar roupas mais neutras, usando muito o preto no meu dia a dia, para ver se amenizava minha aparência e as pessoas deixavam de prestar tanto atenção em mim.
De inicio meio que funcionou, mas depois nem tanto quando boatos começaram a se espalhar pela escola. Já fazia uma semana me lembro bem que eu estava na escola, e levemente estava começando a me acostumar já, mas esses boatos acabaram com tudo. Varias pessoas começaram a falar que eu estava interessada em um dos meninos populares da escola, depois disseram que nos viram juntos e assim os boatos foram aumentando cada vez mais.
Até que certo dia fui chamada até a direção da escola. A própria diretora tinha sido informada por outros alunos que eu e este menino em questão que eu nem ao menos conhecia, tinha sido flagrado transando em uma das salas da escola.
Parecia que uma bomba tinha sido jogada contra mim, não sabia o que eu deveria ou não fazer ou também falar, porque pelo que parecia tudo que eu falasse não iriam acreditar, ainda mais porque todos sem exceção sabiam do apelido que recebi de ruivinha na escola, e por conta de quem eu era, sempre desconfiavam de mim.
Meus pais foram chamados na escola, depois de receber um sermão e castigos, eu não tinha mais vontade de ir a escola, de sair de casa e nem mesmo estudar. Foi quando cometi as duas burradas da minha vida, ir confrontar esse menino que estava se auto dizendo ter transado comigo, ao ir confrontar ele, eu sabia que não seria fácil, mas também não imaginava que ele iria me beijar, se encostar em mim sem a minha permissão.
Por mais que nada além disso tivesse acontecido, me senti suja, abusada e tratada como um objeto, isso tudo por causa da minha aparecia e quem eu era. Nessa mesma noite peguei uma tesoura cortei meus cabelos bem curtinhos e a cada cabelo que caia, lagrimas manchavam meu rosto e a maquiagem que eu tinha passado por cima.
Hoje depois de alguns anos que isso passou, percebo e analiso tudo que se passou realmente e como reagi a tudo isso, continuo me arrependendo de ter feito o que fiz, mas ao mesmo tempo não, se não tivesse feito o que fiz não teria quebrado aquele ciclo que eu estava inserida e não queria estar de maneira alguma.
Meu cabelo cresceu novamente, eu amadureci e por mais que eu não seja mais nem um pouco da pessoa que um dia fui, a ajuda que recebi depois de tudo que aconteceu me ajudou a recomeçar.
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Chega! Nunca mais (Volume 2)
No FicciónChega! Nunca mais ao abuso sexual. Volume dois da coletânea de relatos de mulheres e agora neste segundo volume de diversas pessoas ao redor do mundo que sofreram abuso sexual, pessoas que apesar de não terem sofrido ou passado por isso não quisera...