(Vlaire- Moscou)
Descobri que era lésbica quando tinha 17 anos, claro não foi do dia para a noite ou muito menos do nada, é uma longa historia que sempre esteve presente na minha vida. Durante a adolescência tentei ficar e ate mesmo namorar com alguns meninos, mas eu não sentia um pingo de atração por eles, tesão ou qualquer coisa relacionada a sentimentalmente.
Quando me assumi lésbica com 18 anos depois de um ano sabendo e com confirmação que eu era e me relacionando com outras mulheres, me senti mais leve mas ao mesmo tempo presa, pressionada e como se a todo momento alguém que olhasse para mim soubesse que eu era lésbica e com isso não aceitassem e achasse ruim.
Aqui na Rússia mais precisamente aonde moro perto de moscou diga-se que não é tão comum e as pessoas não são tão abertas a mudanças dessa maneira e como muitos dizem de uma hora para a outra. Meus pais demoraram para aceitar, tivemos muitas brigas e discussões que acabou me levando a sair de casa e ir morar junto com outras meninas lésbicas também que conheci pela internet em um apartamento mais distante.
Meus pais sempre foram rígidos, regrados, não só por conta dessa influencia de serem russos, mas pelo modo que me criaram a base de normas e regras sempre, minha mãe tem uma mistura de russa com italiana dos meus avos maternos, e meu pai e puramente russo em todos os sentidos. Depois que eles aceitaram que eu tinha virado lésbica que não era apenas uma modinha ou algo do momento, nossa relação digamos que melhorou, mas não voltou a ser o que era.
Mudei quem eu era depois que me aceitei, não só quem eu era por si só, mas as pessoas e lugares que passei a conviver, as coisas que comecei a fazer e nunca pensei que fosse acontecer, assim como o abuso sexual que sofri três vezes, duas de motoristas de taxi que eu pegava para chegar em casa por volta de 00h00 o horário que eu saia do trabalho. Um deles chegou a tocar em mim e querer me pagar como se eu fosse uma prostituta, o outro começou com olhares maliciosos e para ele inocentes, e depois aquelas palavras sujas.
O terceiro aconteceu abuso sexual, assedio e tudo que você pode imaginar, em um clube onde fui com minhas amigas e que tínhamos combinado de ficar juntas, já que nos disseram que lá dentro era barra pesada, acabei indo no banheiro sozinha, ele me seguiu, devia ter a minha idade pelo pouco que pude ver dele, gritei, me debati e acabei fazendo tudo que podia ate ficar inconsciente de tudo que ele fez comigo, ninguém apareceu no momento para me ajudar por conta do barulho ninguém me ouvia, depois que já estavam quase fechando foi que me encontraram.
Fui parar dali para o hospital, onde fiquei 3 dias em observação, pela hemorragia que tive, a pancada na cabeça e os vergões nos braços, lembro de algumas coisas daquela noite, assim como algumas coisas dos últimos 5 meses, antes disso acontecer.
Não é porque você é lésbica, ou seja o que você for, travesti, gay que os as pessoas tem o direito de querer impor regras para você, te violar, te tocar ou ate dizer coisas que você não quer escutar. Isso tem que parar, dizer um basta e nunca mais para tudo isso!
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Chega! Nunca mais (Volume 2)
Non-FictionChega! Nunca mais ao abuso sexual. Volume dois da coletânea de relatos de mulheres e agora neste segundo volume de diversas pessoas ao redor do mundo que sofreram abuso sexual, pessoas que apesar de não terem sofrido ou passado por isso não quisera...