1- Seoul

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Guardo os últimos objetos dentro da caixa e a lacro, passando a fita adesiva como meu pai me ensinou. Pego a caixa e desço as escadas com ela, evitando tropeçar e me machucar toda, além de quebrar todas as minhas coisas como um bônus. Coloco a caixa junto com as outras e suspiro.

Me mudar para Seoul, está aí uma coisa que eu achei que não aconteceria comigo. Sempre gostei de morar em Busan e nunca pensei que iria sair da minha cidade natal, nunca fiz tais plano para tal. Mas meu pai tem que ir e se meu pai vai, minha mãe vai atrás comigo tendo que acompanhá-los.

Ando até a cozinha e pego um copo de água, molhando a garganta. Mudar de cidade é o que menos me assusta. Mudar de escola, isso sim me assusta de verdade! Deixar os meus amigos para trás e tudo com o que eu já estou acostumada para ir para uma outra escola e fazer novas amizades, isso é aterrorizante. Além da escola ser apenas de ricos e não ajudar muito imaginar que todos vão ser filhinhos de papais!

Chego no meu quarto e deito na minha cama com os únicos lençóis que restaram, tentando não pirar. Suspiro mais uma vez, acho que nunca suspirei tanto na minha vida, e tento, mais uma vez, aceitar a realidade. Minha vida vai mudar completamente e isso começa amanhã! Fecho os olhos e adormeço.

- Tem certeza que não esqueceu nada, querida? - ouço minha mãe perguntar e confirmo com a cabeça mais uma vez.

Desço as escadas, praticamente correndo por estar atrasada, mas isso é normal. Uma coisa que você se acostuma depois de viver 18 anos com a com minha mãe é que você nunca vai chegar em algum lugar na hora certa. Sempre será atrasada, nunca adiantada!

Olho para a minha casa mais uma vez, suspirando, e me despeço dela. Eu vivi minha vida inteira aqui, todos os meus aniversários, sentimentos e descobertas importantes foram feitas aqui. Como eu posso simplesmente deixar tudo para trás?

- Adeus! - aceno e fecho a porta, trancando-a. Eu sempre posso voltar para visitar, mas não será a mesma coisa.

Entro no carro e vejo minha vida ser deixada para trás. Tudo que eu tinha, todas as coisas que eu acreditava que seriam certas, se tornarem passado. Desço do carro e praticamente corro até o portão de embarque com a minha mãe. Suspiro, pelo que eu espero ser a última vez, quando olho para a minha cidade ficar para trás conforme o avião avança.

- Você vai amar o seu novo quarto, princesa! - meu pai fala, tentando me animar. Tento abrir um sorriso e acho que tenho sucesso, pois eles parecem acreditar.

- Bom, eu vou subir para começar a arrumar as coisas, tudo bem? - Pergunto e ouço minha mãe soltar um gritinho de surpresa. Faz praticamente dois dias que eu não falo, quase esqueci como era o som da minha voz.

- Claro, pode ir - concordo com a cabeça e subo as escadas da minha nova, e gigante, casa. Entro no quarto e meu queixo cai. Tudo bem, meu pai me disse que a nova casa era luxuosa, mas não tanto assim. Eu também sou burra, deveria ter tido uma pista pelo bairro e pela portaria da casa. Sim, a casa tem uma portaria! Além da casa a nossa frente, que mais parece um palácio do que uma casa.

Abro algumas caixas e encontro minhas roupas, vestindo algo confortável. Coloco uma música, não me importando com o volume, já que prevejo que vai ser bem difícil eles ouvirem, e começo a arrumar as coisas. O tempo passa depressa e, quando eu olho, já são 16 horas dá tarde. Decido dar um tempo e vou tomar um banho, ficando surpresa com o banheiro enorme dentro do meu quarto.

- Vai sair? - meu pai pergunta, me vendo chegar ao hall da casa com uma roupa mais adequada e os cabelos molhados.

- Posso?

- Claro, só não volte muito tarde - concordo com a cabeça, planejando apenas conhecer a vizinhança, e pego minha bolsa.

Passo pela portaria da casa e desço os degraus da entrada para pessoas, respirando o ar de Seoul. É claramente diferente de Busan, desde o cheiro até os sons. Olho para casa a minha frente e reparo no quão bonita e grande ela é. Deve ser solitário, certo? Morar em uma casa tão grande assim, quero dizer. Vejo alguma coisa escrita nos grandes portões de madeira e me aproximo, curiosa.

- Park? - questiono, lendo o que está escrito na placa. Deve ser uma família ou muito importante ou muito convencida para colocar seu sobrenome para todo mundo ver.

- Vá se fuder, JungKook! - ouço alguém dizer, seguido de alguns risos, e me viro para o local da onde eu acho que as vozes vem.

Sete meninos aparecem, todos bem arrumados e parecendo ter mais ou menos a minha idade. Eles estão de uniforme e me lembro do horário, presumindo que estão chegando agora. Eles continuam rindo enquanto veem em minha direção, não reparando em mim. Não sei o que acontece comigo, mas simplesmente congelo.

Eles estão perigosamente perto quando eu acordo e decido sair da frente da casa dos tals Park. Desço a rampa da garagem e viro para o lado oposto a que os meninos estão vindo, ouvindo eles se aproximarem ainda mais.

- Está namorando? - ouço um dos meninos perguntar, claramente alto o bastante para eu ouvir. Diminuo minha velocidade.

- Claro que não, por que? - a quem foi feita a pergunta, presumo, responde. Ouço uma risada e logo depois vejo dois pés pararem na minha frente, me fazendo parar. Subo o olhar e vejo um dos meninos, com um sorriso perfeito e olhos grandes demais para ele ser considerado coreano, parado a minha frente.

- Então, o que ela está fazendo na frente da sua casa, Park Jimin?

College - Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora