Tony Stark é um jornalista muito conhecido por seu tom ácido e direto sobre os assuntos que aborda em suas colunas. É chamado por muitos de comunista de iPhone, viado enrustido, maconheiro, vegano safado. O que é inadmissível, claro, pois ele nunca deixou em segredo que era um viado.
As pessoas têm um complexo baseado no senso comum de que todas esses termos são ofensas, por terem uma conotação negativa sempre que trazidos à tona pela sociedade capitalista, patriarcal, cisheteronormativa. Tony entende isso—o que ele não compreende é o ódio incutido na cabeça da maioria, porque ódio não é algo que você pode ensinar. Ou influenciar. Por isso, ele defende a ideia de que as pessoas não são maldosas, mas sim ignorantes. Desinformadas—e Tony pode lidar com isso, arrisca dizer que pode até ser capaz de melhorar a situação, mas pelo visto quase ou realmente todo mundo acha que isso é algo impossível.
“Você só pode estar brincando”, diz Bruce. Bruce é o único no jornal todo que parece não achar Tony um cara muito utópico, e mesmo ele não vê eficácia em suas ideias.
“Ah, qual é, gente? Faz dois anos que vivemos sob o governo mais conservador, opressor, racista, machista e LGBTQIA+fóbico da nossa década. E já estamos quase em 2020. Quanto mais vocês querem esperar pra que nos posicionemos como um todo? Até pessoas negras não poderem ficar perto de brancas novamente, até que a lei do casamento de mesmo sexo seja abolida? Até que o aborto seja um crime em todos os estados americanos?”, Tony questiona tentando manter a calma. Talvez ele estivesse paranoico, mas a situação não podia deixá-lo de outra forma.
Ontem mesmo havia presenciado um caso de homofobia gravíssimo, quando o dono de um restaurante fez o maior barraco para expulsar um casal lésbico do estabelecimento. Ele se meteu, obviamente, ameaçando processar o babaca. E o mais frustrante fora perceber que no meio daquele paranauê todo, ele fora a única pessoa que saíra em defesa das vítimas. Até mesmo os horrorizados com aquele tipo de acontecimento no século XXI não moveram um dedo para ajudar as moças, mas sim para pegar o telefone e começar a gravar.
Como diria Childish Gambino: this is America.
“O que exatamente você quer que façamos?”, questiona Matthew, um rapaz cego que Tony sinceramente também achava ser mudo, pois nunca o ouviu falar.
“Bom”, Tony respira fundo e olha para todos no escritório. “Pra começar, poderíamos passar a ajudar instituições de caridade e abrigos para pessoas com qualquer tipo de problema, divulgar o seu trabalho, fazer entrevistas semanais. Temos o suficiente pra tanto e mesmo que não tivéssemos, tenho certeza que vocês me ajudariam nessa.”
“Isso pode funcionar”, diz Natasha e dá um passo a frente. “Mas a sua ideia de afrontar o presidente publicamente talvez não seja a melhor.”
Tony suspira, mas assente. “Certo. Talvez eu tenha ido longe demais nessa.”
“Então”, Bruce ergue a mão. “Por qual instituição começamos?”
Tony sorri minimamente, olhando para seus colegas de maneira misteriosa—o drama estava em seu DNA por seu pai fazer teatro desde criança. “Sei exatamente por qual.”
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Colunista: Tony Stark
14/06/2018
A ociosidade em meio a ventos de mudança social
O ódio mexe com a cabeça das pessoas e não falo só por mim. Não importa se você se encaixe no quesito que a direita chama de “mente fraca” ou não. De vez em quando fico admirado de eu ainda estar aqui, de fato, porque ouvir de novo e de novo que pessoas como você não deveriam nem existir, e perceber diariamente que a sua existência até hoje é motivo de ridicularização, chacota, humilhação, invalidação, segregação, opressão, preconceito, pode te fazer querer se matar — e faz. Me faz.
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AUTOACEITAÇÃO | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆
FanfictionTony é um jornalista. Steve é um evangélico. *incompleta e provavelmente nunca vou terminar; leia por sua própria conta e risco