AUTOACEITAÇÃO | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆

a introdução a um mundo estranho, e ainda assim, uma volta para casa

eu uso “le” em vez do artigo “a/o” porque acho muito estranho usar somente o “e”, mas isso vai de cada ume. sempre que tiverem dúvida sobre o pronome, perguntem à pessoa, não tenham vergonha ❤.

MAIS PARALELOS!!!! ENTRE AS PALAVRAS DE TONY NO TEXTO ANTERIOR!!!!!!!! E OS PENSAMENTOS/PERCEPÇÕES DE STEVE!!!!!!!!!!! dsclp

aguentem comigo

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Steve, apesar de nunca ter se permitido saber mais sobre a luta queer, sempre respeitou as suas demandas, que para elu nada mais são do que direitos civis básicos. Tanto é que nos almoços em família, sempre discordava em silêncio dos comentários preconceituosos de sua mãe e as condenações sem escrúpulos de seus tios e primos. Steve sempre respeitou a todos, desde pequeno, ainda que por vezes ouvisse que “negros eram vitimistas”, “homossexuais iriam para o inferno” e “transsexualismo era uma perversidade sexual”, quase todo santo dia. E por isso, Steve pensa que é de uma imensa sorte por ser alguém tão sensato, ainda que calado, ainda que nunca notado.

Steve está na porta da comunidade esperando Thor e Loki como o combinado. O local não é muito autoexplicativo, na verdade, possui apenas uma porta dupla e um papel pendurado na mesma, dizendo “Projeto Social Independente”. Steve pensa que talvez não seja lá grande coisa, mas tem em mente que o movimento trans não possui tanta visibilidade (se é que alguma) perante ao âmbito social ou mesmo comparado ao movimento homo/bi. O que é horrível, Steve sabe, por isso sente certa tristeza e indignação que as pessoas ainda não tratem com humanidade quem é fora do padrão cisnormativo. Elu entende que mesmo dentro das própria minorias há intolerância, o que é muito louco parando para pensar, mas ainda assim acontece.

Thor contou um dia desses sobre como um grupo de lésbicas (feministas radicais, obviamente) simplesmente atacou as redes sociais de Loki, dizendo que ele deveria morrer e que estava reforçando padrões de gênero responsáveis pela opressão feminina por séculos. O que é talvez algo a se debater, mas segundo Thor, elas estavam mais preocupadas em ridicularizar a imagem de Loki e atacá-lo psicológica e verbalmente do que, de fato, ter uma conversa. E isso amedronta Steve — porque por mais que elu tenha consciência de que há tiros de todos os lados, é muito difícil imaginar-se no meio da linha de fogo sendo não mais intolerado apenas pelos opressores, mas também pelos oprimidos.

“Steve!”, elu ouve alguém exclamar e se vira para dar de cara com Loki e Thor vindo em sua direção. Loki corre para dá-lo um abraço apertado com um sorriso gigante no rosto, assustando tanto Thor quanto le próprie Steve. Loki apenas revira os olhos com a reações dos dois. “Ah, qual é. Eu posso ser um amorzinho também”, dá de ombros.

Steve sorri, ainda que menos radiante e extrovertide do que Loki. “É um prazer, Loki.”

Loki troca um olhar com Thor. “Você não me disse que elu ainda era tão hétero”, Thor ri com seu comentário.

“Que seja”, ele diz, olhando para as portas fechadas do local. “Steve, tudo bem?”, pergunta uma última vez, olhando sério para Steve.

Steve imita o olhar de Thor, fitando o papel na porta quase caindo por conta do desgaste da cola. “Sim”, Steve diz. “Sim.”

Loki assente para os dois e abre a porta em silêncio. Thor e Steve o seguem e assim que le mais baixe bate o olhar no local pela primeira vez, tem a mesma sensação que há dias anda tendo com cada informação que descobre.

A introdução a um mundo estranho, e ainda assim, uma volta para casa.

Steve logo percebe que a maioria das pessoas sentada às mesas não deve ter mais de vinte anos, o que é sem dúvidas impressionante, tal qual preocupante. Eles, contudo, são definitivamente os jovens de aparência mais exótica que Steve já viu — e jovens, por si só, já são a estranheza em pessoa, então o bagulho é sério. Mas Steve, de alguma forma, consegue ver beleza em todos eles — em cada peça de roupa, em cada gesto, em cada corte de cabelo fora do comum. É tudo tão diferente e todos são tão diferentes, mas mesmo assim, é como se fosse o primeiro lugar ao qual Steve sente pertencer.