Steve sente um braço entrelaçar sua cintura e um arrepio passa por sua espinha de imediato ao lembrar-se dos eventos da noite passada. O cheiro de vodka em suas narinas ainda é muito forte, a ponto de deixá-lo um pouco zonzo. A luz que atravessa as cortinas bege é uma viola sua visão sensível e ele fecha os olhos rapidamente. O braço envolto em sua cintura se mexe chamando sua atenção e ele fita o corpo de Tony a seu lado no sofá, pequeno demais para os dois.
A tartaruga que Steve encontrou no chão quando trouxe o mais baixo completamente bêbado para casa continuava na mesma almofada que a viu pela última vez ontem. Ele se questiona de novo o porquê de alguém preferir um bicho tão exótico como animal de estimação a um cãozinho, mas Steve supõe que essa seja só mais uma das muitas nuances que há na personalidade de Tony Stark quando ele não está por aí intoxicado de álcool atacando bocas aleatórias em eventos do trabalho.
Isso fá-lo lembrar do que desencadeou sua vinda ao apartamento do moreno. Não que ele exatamente condene a atitude de Tony, mas Steve não pode negar que gosta de ser comunicado antes quando alguém pretende devorar sua boca no meio de uma multidão de pessoas desconhecidas. E nem mesmo funcionou como o esperado, ele divaga, afinal Bruce os separou quando percebeu que Tony estava quase despindo Steve no meio da festa.
“Ele anda sem freio na bebida ultimamente”, Bruce disse. Elu e Steve estavam na porta do banheiro masculino esperando que Tony terminasse de se limpar, pois havia acabado de vomitar em cima do barman.
“Percebi”, Steve murmurou, honestamente não sentindo que Bruce era de todo confiável em relação a Tony. Elu fazia apostas em vez de dar mais atenção a seu amigo, afinal.
Um barulho alto de algo caindo no chão veio do banheiro e os dois trocaram um olhar. “Acho melhor entrarmos e ajudá-lo”, Bruce disse.
Bruce pediu a Steve que levasse Tony em casa, afirmando que “elu e Natasha precisariam ficar na festa até o final fazendo sala para alguns patrocinadores em potencial”. Steve sabia que era mentira e que eles só queriam que os dois ficassem sozinhos, de preferência no apartamento do mais baixo, mas no fundo pensava que no momento era melhor Tony estar na sua companhia do que na de seus “amigos”, de todo modo. Sendo assim, ele apenas assentiu e ajudou Tony a caminhar equilibradamente, passando um braço por sua cintura e deixando que o mais baixo se apoiasse em seus ombros.
O caminho até o lado de fora foi basicamente tranquilo. A noite fria fazia os dentes de Steve rangerem vez por outra, mas ele tentava ignorar a sansação térmica enquanto erguia a mão para pedir um táxi. Um dos veículos parou e destravou a porta para que Steve entrasse, mas assim que viu-o ir buscar Tony um pouco mais distante na calçada, deu partida abruptamente. Não sem antes gritar um “bando de viados!” erguendo o dedo do meio para fora da janela do carro enquanto ia, claro.
O segundo taxista os levou sem problemas, felizmente, apesar de ser um pouco intrometido e tagarela. Steve pagou a corrida e ajudou Tony a descer do veículo, segurando sua cintura firmemente. O cheiro de álcool emanava mesmo das roupas do menor, fazendo Steve ter de prender a respiração de vez em quando. Eles chegaram às escadas, enfim. Cada degrau era como uma tortura com Tony esfregando o nariz contra seu pescoço e deixando-o pequenas mordidas, mas Steve conseguira levá-los à porta do apartamento sãos e salvos.
“Quem será que ganhou a aposta?” Tony soluçou ainda com a boca enterrada no pescoço do mais alto, fazendo Steve sentir as pernas bambas e prender a respiração.
“Preciso da chave”, Steve murmurou, sua voz vergonhosamente trêmula. Ele agradecia em silêncio que Tony estivesse provavelmente ocupado demais entrando em outra dimensão para notar seu nervosismo.
“No meu bolso”, Tony disse, soluçando em seguida. Ele enfiou a mão em um de seus bolsos e passou mais tempo do que o necessário à procura da bendita chave, tanto tempo que Steve acabou sendo vencido pela impaciência e enfiou sua própria mão no bolso alheio. Aquilo não aconteceria em nenhuma outra ocasião com nenhuma outra pessoa, ele tinha certeza absoluta. Mas também, Tony Stark aparentemente seria sua única exceção (mais de uma vez) àquela noite.
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AUTOACEITAÇÃO | 𝘀𝘁𝗼𝗻𝘆
FanfictionTony é um jornalista. Steve é um evangélico. *incompleta e provavelmente nunca vou terminar; leia por sua própria conta e risco