mútua compreensão

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Colunista: Tony Stark

Mútua compreensão

É difícil demais distinguir o seu estado normal do seu mau estado, ou mesmo do melhor estado que já experienciou. É difícil saber dizer se daqui a quarenta minutos, depois dessa onda nostálgica/melancólica ter passado, estarei no meu “estado normal” — ou no meu “bom estado”. É difícil também saber apontar qual meu estado agora, comparado a assim que acordei, ou mesmo depois de ter tomado minha primeira dose diária de cafeína.

Assistir a pessoas mais velhas e experienciadas no “estilo de vida” ao qual me alinho foi uma importante decisão até que eu chegasse às minhas conclusões de hoje: é tudo sobre a sua abordagem. Ninguém (ou a maioria não) te ouve quando você fala na forma mais didática possível, mas partir para a agressão verbal/violação ao direito de resposta e oposição das outras pessoas, ou mesmo fazer menção de invadir o espaço/tirar a liberdade de expressão de alguém, tentando fazer seu argumento, não é eficaz. Não é ético. Não é certo, em todos os sentidos, e é por isso que-não que eu esteja me retirando das muitas falhas que cometi e cometerei ainda nessa instância-agora procuro ser mais... cuidadoso no meu tom, e no meu discurso.

Eu ainda erro brutalmente. Exemplo disso é minha falta de comunicação com alguns colegas conservadores enquanto discutimos sobre algo, ainda que parte da minha dificuldade receio que seja devido à minha natural descoordenação em articular palavras oralmente, de forma simpática e compreensível. (tá aí duas coisas que nem de longe eu sou.) Mas isso não vem ao caso. O fato é que o mundo é uma droga, pessoas morrem de fome todos os dias enquanto outras jogam quilos e quilos de comida fora porque têm fartura, condições, condições. Capital. E é uma droga, é injusto, é desumano, uma sociedade assim não é de longe funcional. Só que apesar de muitos terem consciência disso, eles preferem fechar os olhos e viver em uma bolha onde tudo é perfeito e não há pessoas dormindo na calçada por não terem um teto. E em razão de tudo isso é que torno a dizer que ainda erro brutalmente, não só na questão de me fazer entender, mas também entender meu interlocutor pois (surprise, surprise), é assim que se dá uma conversa funcional. Mútua compreensão.

E entendo o ódio e a frustração de meus companheiros de luta, pois, realmente, estamos cansados. O fato é que como os mais atingidos e, quase sempre principais alvos, possuímos uma obrigação relevante demais para que ajamos de maneira inconsequente sem querer lidar com os efeitos colaterais; lê-se, a falta de compreensão e respeito dirigida a nós de maneira mais explícita que antes, no final das contas.

Digo por experiência própria. A “problematização” não poderia ser uma palavra mais equivalente a seu real e tridimensional significado; afinal, o “problema respinga no locutor, na mensagem, e no interlocutor. E é desgastante, tanto para o conteúdo em si quanto para quem o recebe e tem de entender e se fazer entendido. Por isso repito que os erros, por vezes, são brutais: novamente, de maneira tridimensional. A falta de comunicação vai arruinar o mundo, tal qual o autoritarismo e opressão-disfarçada-de-“direitos iguais”, uma vez que a única arma não-violenta que temos a nosso favor, simplesmente não sabemos operar.

E diante disso volto ao ponto de partida, uma vez que nosso estado em determinadas situações influencia no discurso e no tom que usamos para defender o argumento, principalmente. É importante saber lidar com nossos próprios humores e não, ao contrário de alguns conservadores, não acredito que possamos “controlar emoções”, mas podemos controlar nossa mente, por incrível que pareça. O que pensamos ou não é meramente um reflexo do ambiente onde atuamos e/ou apenas existimos, afinal. Embora muitas pessoas afirmem que “o cérebro é um músculo involuntário” etc., etc., na prática sabemos que não é realmente assim — prova disso seria a ativação do seu libido (em pessoas não-ace) em momentos inadequados e o seu poder de conduzir o sangue da sua genitália de volta a seus respectivos lugares no corpo pensando apenas em pôneis, gatinhos e afins. (e abro um parêntese aqui para pessoas com alguma variação cerebral, tal como depressão etc. minha lógica não se aplica nessas situações e por favor, não distorça minhas palavras, stephen strange já faz isso muito bem.)

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