Vitani

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Malditos insetos com asas.

Poucas coisas me causavam ódio e, para minha sorte insetos com asas, me perseguindo era uma delas. Fui comtemplada com uma festa de insetos ao meu redor.

Meus pés doíam pela caminhada, encontrei água em uma bica, mesmo um pouco suja, ainda assim era agua. E não poderia ser desperdiçada. Parei perto de uma caverna que não tinha saída, o que era uma má ideia dependendo de quem me encontrasse.

Sei que fui longe o suficiente para me manter segura, pelo menos por um tempo. Claro que eles tentariam me encurralar. Sempre pensaram em mim como uma ameaça, que bom.

Eu sou uma ameaça.

Juntei algumas folhas secas e espalhei sobre o chão da caverna, não me preocupei em fazer uma fogueira, a luz chamaria muita atenção. Não só dos Illyrianos como dos animais que habitam as montanhas. Não poderia dormir muito, somente descansar um pouco meus pés.

Pensei em minha família, como queria que Harvery ainda nos visitasse com frequência. Harvery era apenas três anos mais velho, mas ele sempre muito mais maduro do que eu. Sempre quis desvendar o mundo, e foi assim que conheceu Aurora, sua parceira.

Aurora era linda, cabelos loiros quase platinados e grandes olhos azuis em uma pele queimada pelo sol. Assim como Harvery, ela gostava de conhecer todos os lugares, assim que se casaram decidiram visitar todas as cortes, ate encontrarem uma casinha pequena, mas aconchegante no reino humano.

Aurora era humana, e isso me causava medo todos os dias, sei que um dia ela vai partir e me recuso apensar em como Harvery ficara depois de perdê-la.

É tão injusto, e eu odeio injustiças.

Sem que pudesse controlar, meus pensamentos dispararam ate Kian. Ele deveria seguir os passos de Harvery e conhecer tudo, ele esteve preso por tanto tempo. Sei que não deseja ocupar o lugar de seu pai.

Minhas pálpebras ficaram cada vez mais pesadas, quando a escuridão da inconsciência me convocou adormeci com um som de uma risada. Sem sonhos, mas mesmo sem poder vê-lo,ainda o senti.

Um barulho me despertou, abri meus olhos e ainda não tinha amanhecido. A minha frente os arbustos se mexeram de uma forma irregular. Levantei-me rapidamente e levei minhas mãos em minha cintura procurando a bainha da espada, quando não a encontrei foi como um clarão em minha mente. Eu estava completamente desarmada, e não pensei em procurar nada para me proteger.

Um sorriso se formou em meus lábios, fui treinada pelo maior bastardo Illyriano que já pisou naquele acampamento. Tentem me deter, idiotas.

Como se o desgraçado lesse meus pensamentos, sai dos arbustos sorrindo para mim.

Connor. Quem diria que um macho se tornaria tão ressentido por levar um belo pé na bunda?

- O que temos aqui? Um coelho encurralado. – Sorri ainda mais.

- O caçador vira caça quando menospreza sua presa, Connor, você deveria saber. – Sem esperar que ele pensasse um pouco mais, corri até ele e acertei um chute no meio de seu tórax. Cambaleando para trás, não deu tempo de se defender do soco que deferi em seu rosto, sangue escorria por sua boca. Seu olhar era de puro ódio, e poderia me penetrar se fosse possível.

- Sua Vadia. – Sorri para ele que se lançou contra mim, desviei do soco com rapidez.

- Já me chamaram de coisas piores. – Connor não era um lutador, ele só esta participando do Rito para me "impressionar", para que eu o achasse capaz. Esse foi esse o principal motivo do nosso termino.

Ele continuava a me atacar, mas eu só me defendi.

Mas aquela luta estava acabando minhas energias, e sem água nem comida. Não era um luxo que eu poderia me dar.

Foi então que percebi.

Connor não estava sozinho, ele estava me usando. Drenando minhas energias.

Aqueles malditos sabiam que eu não o mataria, pelo nosso passado juntos. E o usaram como isca. Adentro da floresta passos e mais passos caminhavam até nós.

Olhei para Connor incrédula, como ele pode usar minha lealdade a ele contra mim. Em seu olhar havia um brilho de arrependimento. Mas ele não disse nada, e para mim foi o suficiente.

Não uma, nem duas figuras tomaram forma em nossa frente. Mas sim quinze e mesmo que eu pudesse acreditar que conseguiria me livrar deles, as chances não estavam ao meu favor.

Cada um dos Illyrianos sorria para mim.

Se fosse para morrer que fosse lutando. O campo de batalha sempre foi meu lugar.

Estou honrada por morrer como uma lutadora. Se não me considerassem um alvo importante não se juntariam contra mim.

Nos poucos minutos que me restavam, mandei uma imagem dos Illyrianos que me cercavam a minha mãe. Ela entenderia o motivo de não avisar meu pai, talvez ele chegasse a tempo, talvez não. Isso não importa, mesmo que ele fosse meu pai não poderia me livrar de tudo, e não foi assim que ele me criou.

Rhysand, o terrível Grão Senhor da Corte Noturna, foi à pessoa mais incrível que conheci me sinto honrada por chamá-lo de Pai.

Flashs de rostos conhecidos passavam através de meus olhos. Minha mãe e meu pai dançando, Harvery e Aurora. Cada um dos integrantes de nosso circulo intimo, A Corte dos Sonhos. Os sonhadores que me criaram com tanto amor, a despedida era difícil.

Por fim, olhos agora já conhecidos, brilhantes como o sol, tomaram conta de minha mente.

Liberdade Kian. Aproveite-a bem.

Um sonhador criado em uma gaiola dourada, e assim como os pássaros presos entoando uma canção triste, em desejo de sua liberdade negada.

Um grito de guerra se formou em meu peito, um rugido ameaçador ameaçou me rasgar de dentro para fora.

Então eu me lancei sobre meu fim. 

Corte de Liberdade e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora