Vitani

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Os dias se tornaram meses e o solstício de inverno chegou.

Hoje comemoraremos o aniversário de minha mãe e minha união com Kian. Trabalhamos duro para reerguemos a Corte Primaveril, Kian era um Grão Senhor comprometido com seu povo. Ele ajudou a construir casas e recebeu em sua Corte qualquer estrangeiro que solicitasse um lar.

Pela primeira vez, reunimos os filhos dos Grãos Senhores na Corte Primaveril. Kian se permitiu ter um dia de paz, mesmo que segundos depois tenha rolado sob a lama lutando com Gylhian que segundo ele estava me encarando. Machos.

Mor estava cuidado do meu vestido e todos os detalhes para o jantar, mamãe concordou em passar parte de seu aniversário conosco para celebrarmos, Harvery está vindo com Aurora e chegariam em breve, tudo estava ocorrendo tão bem que duvidei da minha sorte.

Não gostava de festas, muito menos quando eu era o centro dela. Já oficializamos nossa parceria com uma sacerdotisa. Kian me tornou Grã Senhora da Corte Primaveril, ainda era uma novidade para todos que houvesse Grãs Senhoras, mamãe fora à primeira, e agora eu. Todos os membros da Corte Primaveril vieram-me saudar assim que a noticia se espalhou, sorriam para mim e para Kian.

Quando retornei ao acampamento Illyriano todos se chocaram, ninguém me esperava. Nem mesmo as Illyrianas, elas não acreditavam que eu voltaria para treinar com elas. Quando me viram se lançaram até mim, os cumprimentos demoraram a sessar. Os outros Illyrianos mantinham a cara fechada, mas dois deles sorriam.

O numero de Illyrianas nos ringues aumentaram consideravelmente, quatro delas poderiam ser incríveis se continuassem a treinar.

Meus pensamentos retornaram a mim, meu reflexo no espelho da penteadeira me dizia o quanto eu estou cansada. Os últimos meses exigiram bastante de mim. Tanta coisa para por no lugar.

Caminhei ate a cama e me estiquei sob os lençóis azuis, tão macios, tão convidativos. Minhas pálpebras pesaram e em segundos estava sonhando.

Meu corpo estava chacoalhando, mãos agarram meus pés e me puxaram com força ate que cai de bunda no chão, com certeza ficaria com uma marca. Preparei-me para xingar, mas meus olhos encontraram Harvery, e esqueci tudo. Lancei-me sobre seu imenso corpo, suas asas estavam maiores do que me lembrava. Ele era tão bonito, atrás dele com os cabelos balançando com o vento Aurora sorria.

- Acho que perdi a noção do tempo. – O sorriso de Harvery me desfez, sentia tanta saudade dele. O apertei a mim com toda a força que tinha e ele sorria.

- Você com certeza perdeu Vi, Mor vai chegar em minutos com o vestido e você nem esta com banho tomado. – Ele me cheirou e depois balançou a mão enfrente ao seu rosto. Desgraçado.

- Eu vou ajuda-la, agora sai daqui Harvery. –Aurora o arrastou pela porta, e se virou sorrindo para mim. O abraço foi rápido, logo ela estava me jogando na banheira que já estava pronta para me receber.

Aurora cantava uma música que eu não conhecia.

- Poderia a filha da noite se render aos encantos da primavera? E assim florescer, como o sol faz com as flores. – Florescer, então era isso.

Sorri para aurora que escovava meus cabelos.

- Como ele é? – Sua voz era tão doce e agradável. Eles ainda não conheciam Kian, mas sem duvida o amariam tanto quanto eu o amo.

- Ele é... - Pensei por alguns segundo em quais palavras poderiam definir Kian, mas nenhuma me veio à mente. - Eu não sei como explicar.

- Você esta tão boba Vi, nunca imaginei que esse dia chegaria, quando você nos contou sobre Connor. Queria poder socar sua cara, mas com certeza quebraria minha mão no processo e não seria nada legal.

- Foi necessário, mas as coisas com Kian foram completamente diferentes, nos pertencíamos um ao outro mesmo sem o laço. Não esperávamos por ele. Nós sabíamos que ele estava ali, o tempo todo.

Aurora me deixou a sós por alguns minutos, antes do jantar começar.

Quando entrei no quarto Mor já me esperava com o vestido preto em suas mãos, ela estava em um vestido vinho que brilhava em sua pele pálida, ela estava tão linda.

- Onde esta Rebeca? – Rebeca era a companheira de Mor, não sabia exatamente a qual Corte ela pertencia. Seus cabelos eram negros como a noite, seus olhos de um castanho profundo, sua pele era escura. Seu corpo parecia ser esculpido. Mas sua característica marcante era seu imenso sorriso, ela estava sempre sorrindo.

- Esta com os outros. Vim cuidar de você, como se sente? – Nervosa, e ao menos sei o motivo.

- Nervosa, mas não sei bem o motivo, nós já fomos à sacerdotisa, mas parece que essa comemoração torna tudo tão real.

- Ele é lindo, fiquei alguns minutos tentando conversar com ele, mas ele só andava de um lado para o outro. Acho que deve ser assim que os noivos se sentem quando pensam que as noivas vão os abandonar. Você faia isso Vi? – Seus cabelos loiros caíram sobre seu rosto quando seus olhos se fixaram nos meus. Quando olhei para ela incrédula, um sorriso apareceu em seus lábios.

- Não é nada disso, acho que só estamos nervosos pela quantidade de convidados, é isso.

- Se você diz Grã Senhora.

- Para com isso, é só um titulo entre tantos outros.

- O povo dele é seu povo agora.

- Assim como meu povo também é o dele, nós fugimos do convencional Mor. Ainda lidero as Illyrianas, ainda faço parte da Corte Noturna.

- Esse é o seu medo criança? Eu fui a primeira a te segurar, ajudei sua mãe no parto, fiquei o tempo todo com ela. E quando você estava em meus braços, sua mãe emanou uma luz tão clara e forte, àquela luz que parecia preencher tudo ao nosso redor, então eu soube Vi. Você travaria as guerras que não fomos capazes, olha só tudo que você já fez todos os Grãos Senhores e seus filhos estão sentados em sua mesa, sorrindo. Não estão ali por diplomacia, não estamos planejando uma guerra, estamos em paz.

As palavras não saiam dos meus lábios, abri e os fechei três vezes e nada.

- Não se preocupe, o que eles pensam é o de menos. Você é a Grã Senhora da Corte Primaveril, mas também é a filha da noite. - Suas mãos brincavam com meus cabelos. – A mãe lhe presenteou com duas Cortes, duas famílias, aproveite-as bem.

Com isso Mor deixou o quarto, olhei meu reflexo no espelho. O vestido preto se arrastava pelo chão, uma fenda enorme deixavam minhas pernas à mostra. Mor. Uma joia dourada em formato de rosa prendia meus cabelos deixando somente alguns fios escaparem caindo sobre meu rosto.

Um sorriso se formou em meus lábios, quanto caminhei para encontra-lo. 

Corte de Liberdade e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora