Vitani

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Quando segurei suas mãos quentes e firmes, os calos me assustaram. Ele não se parecia em nada com os outros filhos de Grão- Senhores. Tinha algo nele que me puxava em sua direção e quando seus olhos encontraram os meus a emoção que revelavam fez algo se apertar dento de mim. Kian só herdara do Pai os cabelos loiros que caiam sobre os ombros. Seus olhos tinham uma cor estranha de marrom que eu nunca tinha visto antes. Diferente de todos que conheci ele parecia um livro aberto. E isso o tornara muito convidativo.

- Estou livre – posso ter imaginado, mas posso jurar que seus lábios se moveram mesmo não tendo pronunciado em voz alta. E eu entendi quando sua postura se tornou o mais ereta possível e seus lábios se curvaram para cima. O peso que passara anos carregando foi retirado ele estava livre.

- Estou em Velaris, Velaris Cidade da Luz Estelar? Ele se virou para encarar a cidade admirado, para nós que vivíamos ali não havia nada de mais, mas para ele que quase nunca saia da Corte Primaveril, que desde a guerra esta em ruinas. Pode ter significado algo. A liberdade é uma benção.

- Sim, estamos em Velaris. Mas antes de conhecer a cidade precisamos ir ate a casa do vento. Meu pai te espera. – Apolo que não tinha desviados os olhos de Kian ate então, se virou e me encarou. Ele estava nervoso. Apolo era o único que Tamlin deixou entrar em suas terras e se aproximar de Kian, Afinal ele era filho de um de seus súditos. Mas até mesmo Lucien percebeu o rumo que a Corte Primaveril estava tomando e desde então está em Velaris.

- Kian, Vitani mostrara o caminho até minha casa. – Apolo sabia que Lucien estava furioso com ele. - Quando terminar a reunião com Rhysand pode conhecer a cidade. – Ele sorriu e seus olhos se iluminaram. Com um aceno de cabeça rápido Kian concordou. Se virando para me encarar perguntou:

- Como chegaremos à casa do vento?- A parte que mais aterrorizava as pessoas obviamente era a minha preferida. Abri minhas asas enquanto o vento batia em meu rosto e jogava meus cabelos para trás.

- Já teve a oportunidade de voar, Kian? – O medo em seus olhos, fez com que meus lábios se repuxassem ainda mais. Mas antes que ele pudesse responder uma figura se chocou ao chão, meus olhos acompanharam o acontecimento, quando Cassian me fitou com a expressão incrédula.

- Então os boatos são verdadeiros. O herdeiro da Corte Primaveril esta fugindo do próprio pai, sempre imaginei que Tamlin fosse um péssimo pai, mas não a esse ponto. Quem poderia imaginar, não é mesmo? – Se Cassian já sabia, nesse momento meu pai poderia estar cuspindo fogo, pensei em levar Kian direto a ele antes que a noticia se espalhasse, mas as fofocas corriam rápido demais. Maldito Azriel.

- Preciso levar Kian para falar com meu pai, antes de qualquer coisa. Não tenho tempos para jogos Cassian. – Ser rude com ele sempre fez seu interesse aumentar ainda mais. Nestha que o diga.

- Terei prazer em retirar o que sobrar de você do escritório de seu pai Vi. – Seu sorriso se alargou ainda mais. Mas ambos sabíamos que eu já tinha aprontado muito. Minha mãe ate se queixara de uns cabelos brancos. O que meu pai chamou de ossos do oficio. Os dois eram perfeitos juntos. Mesmo enquanto se matavam ainda eram perfeitos. Mamãe sempre o chamava de Bebê Illyriano.

- Não se iluda Cassian ainda vou chutar a sua bunda em nossa luta amanhã. – Iremos ao acampamento Illyriano, o qual Cassian vem tomando conta á um tempo. Como vou liderar as tropas um dia, estou sempre entre os guerreiros Illyrianos lutando. Todos eles me odeiam, exceto Cassian e Azriel.

Cassian me ensinou a lutar assim que comecei a dar os primeiros passos.

- Estou ansioso, pirralha. – E essa foi sua deixa. Ainda observando com o canto dos olhos, Kian permaneceu em seu lugar, com uma expressão neutra. Observando a cidade. Cassian abriu suas asas e se lançou em direção ao céu estrelado. O garoto ganhou alguns pontos comigo, por não ter se borrado de medo.

- Vamos Kian. – Ele caminhou até mim, parando três centímetros a minha frente. Seus cílios enormes emolduravam seus olhos gentis. Sua boca era pequena em seu rosto anguloso. Ele era bonito de um jeito selvagem. Apreciei isso mais do que gostaria de admitir.

Passando os braços por suas costas, o segurei firme junto a mim. Lançamo-nos para o céu noturno, enquanto o vento batia em nossos cabelos.

Ao alcançar a porta o soltei, e ele ainda olhava para mim sorrindo.

- Incrível, queria poder ter asas. Esta entre uma das sensações que nunca esquecerei. Obrigado. – Fiquei tão surpresa por ele ser tão aberto, quem em sã consciência deixaria as pessoas enxergarem tanto? Sem nem ao menos conhecê-las. Não éramos somente filhos de Cortes diferentes. Ele era como o sol, fácil de amar, sempre iluminando tudo ao seu redor. E eu sou filha da noite, amante das estrelas.

Sem ao menos tocar na porta para entrarmos ela se escancarou e do outro lado minha mãe me observava, como se fosse me matar. Talvez ela me matasse.

- Vitani, estou esperando uma boa explicação, para não chutar a sua linda bunda daqui até a lua. – Sim, ela estava furiosa. Estou ferrada.

- Mãe eu posso explicar. – Quando meu pai apareceu ao seu lado, corri para ficar atrás dele. Sinto muito Kian, mas a minha prioridade aqui é me manter viva. Lancei um olhar esperando que transmitisse meu pedido de desculpas. Ele só balançou a cabeça e sorriu. Mas eu sabia o que ele queria dizer. Como a próxima general de guerra da Corte Noturna pode ter medo de sua mãe?

Isso é por que não conhecem minha mãe.

- Podemos soltar  Bryaxis, seria um ótimo castigo para Vitani para procurá-la por um mês, como aconteceu da última vez, o que você acha Feyre? – Meu pai sempre me livrava e hoje estou torcendo para não ser diferente.

- Não antes de sabermos o que aconteceu na Corte Primaveril, é claro. – Pelo olhar que ela lançou ao meu pai, tudo se resolveria. Ambos se viraram para encarar Kian, que pigarreou enquanto estendia a mão para cumprimenta-los.

- É um prazer conhecê-lo, Grão-Senhor da Corte Noturna, ouvi muitas historias sobre você. – Meu pai apertando sua mão assentiu, mas em seu rosto havia uma expressão de analise. Mesmo que Kian parecesse inofensivo, nos tínhamos muito a perder. Estávamos sempre observando, calculando. E nesse jogo Kian não ganharia. Virando- se para minha mãe, olhando diretamente em seus olhos ele estendeu sua mão para cumprimentá-la - É um prazer conhecê-la Grã-Senhora. - Kian se endireitou quando minha mãe soltou sua mão.

Ambos o analisavam.

- Vamos conversar em particular Kian. – Meu pai apontou para o corredor a sua frente sinalizando para que Kian, o seguisse. Quando dei o primeiro passo para acompanha-los, meu pai balançou a cabeça. Essa conversa era só entre os três.

Enquanto seguiam para o escritório, Kian olhou por cima do seu ombro. Seus olhos encontrando os meus.

– Obrigado. – Seus lábios se mexeram sem emitir som.

Joguei-me sobre o sofá, e pensei o que viria a seguir, e se não o deixasse ficar, para onde ele iria? Minha mente trabalha a milhão construindo respostas. Eu não poderia deixá-lo voltar a Corte Primaveril, mesmo que ele não tenha percebido eu vi as marcas de corda em seus pulsos. Fúria me consumiu.

Ele não voltará para a Corte Primaveril. Sorri enquanto todo um plano se formava, não poderia dar errado. Não existe margem pra erros.

Corte de Liberdade e RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora