(Os eventos desta história ocorrem antes do livro OBSESSIVOS - A Revelação Final)
Aquele nome, mesmo sendo da personagem principal do filme "Bonequinha de Luxo", não conseguiu compreender exatamente do que ele queria tratar: uma Agatha que todas as manhãs lancha admirando a vitrine da Tiffany & Co. ou a Agatha que de aparência o fez lembrar da prostituta protagonista.
- Pois não? – Procurou formalizar o contato para reiniciar a conversa com mais coerência.
- Você tem um minuto para conversarmos?
- Eu? – Agatha tentava disfarçar o efeito que aquele sorriso espontâneo a fazia.
Apesar de ser uma loja específica para o público feminino, não era incomum entrar homens para comprar algumas de suas peças para suas companheiras ou pretendentes. Mas o que a desconcertou mesmo foi o fato daquele belo homem querer uma conversa em particular.
Manteve-se estática demonstrando normalidade, até porque, poderia ser algum marido ou namorado de alguma cliente que veio tratar de algum produto ou compra que tenha feito em sua loja. Ficou ali dando os sinais de positivo e os olhares de que poderia iniciar a sua conversa.
- Será que podemos conversar lá dentro?
- Sim, claro! – Convidou-o a entrar.
Já no interior Agatha sentiu aquela energia muito mais presente se concentrando e tonificando.
- Então? Como posso ajudá-lo?
Aquele mesmo sorriso abriu-se novamente.
- Holly Golightly – repetiu o mesmo nome.
- Não estou entendendo.
- Holly Golightly é...
- Eu sei quem é! – Interrompeu-o. – A personagem de Audrey Hepburn em "Bonequinha de Luxo".
- Ótimo! – Estendeu o seu sorriso ao seu olhar numa expressão de surpresa e contentamento.
- O que eu não entendi foi o porquê de repetir este nome para mim.
- Sim, claro! Bem, deixe eu me apresentar melhor. Sou Eduardo Caetano, sócio proprietário da Tiffany & Co. no Brasil.
Suas palavras soaram forte ao entrar pelos seus ouvidos mexendo com todo o interior de seu corpo. Levou alguns segundos para associar a condição hierárquica citada com o peso da empresa.
- Me desculpe chegar daquela forma, mas... qual o seu nome mesmo?
- Eu sou Agatha Kubric, gerente da unidade da loja Flor da Pele no Shopping Iguatemi.
Mesmo tendo estendido o seu cargo para lhe proporcionar mais autoridade, ao final, vendo o comparativo, achou preferível se tivesse dito apenas o seu nome.
- Pois então, Agatha, venho reparando você nas manhãs em frente da vitrine da minha loja.
Agatha ficou sem jeito, mas com certeza ele não estava se referindo a algum medo que sua loja fosse roubada por ela.
- Venho acompanhando a administração com o lançamento da nova coleção e me deparei, na verdade, duas vezes você admirando nossos produtos e não pude evitar a comparação com o filme.
"Ah! Que bom!" – Pensou aliviada.
- Sim, são muito lindas! Qual mulher não para lá para admirar aqueles brilhantes?
Seu olhar cerrou junto com um sorriso levemente malicioso inclinado à direita da sua boca.
- Sim, muitas, mas nenhuma com a sua energia.
Novamente as ondas sonoras a desconcertou. Pensou em agradecer, mas seria o certo a dizer? Não conseguiu discernir se aquilo era um elogio, uma provocação ou uma cantada.
- Precisei vir aqui descobrir quem é você, mas só pude agora. E fiquei muito feliz com o que encontrei aqui.
Agatha continuou sem saber o que dizer.
- Você tem algo muito raro e isso te faz muito especial.
- Olha, Eduardo, eu não sei o que te responder. Sou uma comerciante de roupas íntimas e o que você me diz foge um pouco do meu trabalho.
- Sim, você tem razão. Eu preciso que me dê uma oportunidade de explicar tudo isso melhor.
- Mas explicar o que exatamente?
- É difícil de contar, mas você tem um dom natural para algumas coisas e aqui não tenho tempo e nem é o lugar certo para te contar, caso esteja interessada de saber.
- Talvez se você me desse uma dica do tipo de dom que...
- Espere! – Interrompeu-a. – Sinta isso!
Eduardo calmamente estendeu seu braço direito e pousou sua mão no ombro esquerdo de Agatha.
Automaticamente um choque elétrico tomou o seu corpo que a fez paralisar. Agatha estremeceu tomada por uma energia que percorria por toda a sua pele. Seu olhar tornou-se cego por alguns segundos, mas a fisionomia do homem à sua frente foi substituída por uma luz cintilante que normalmente a cegaria, mas naquele momento só lhe trouxe uma paz. A medida que a energia se dissipava seus músculos começaram a se retrair concentrando em seu ventre.
"O que está acontecendo comigo?" – Perguntava-se ainda paralisada, mas com a face aliviada vindo de um prazer ainda desconhecido que a fez fechar os olhos.
Vendo que aos poucos Agatha tomava o controle do seu corpo, retirou a mão do seu ombro.
- Este é o seu dom.
- O que foi isso? – Perguntou abrindo seus olhos com dificuldade.
A medida que retomava a normalidade de sua visão ficou surpreendida por ver que seu visitante possuía uma claridade estranha ao seu redor.
- Como eu disse, não tenho como te explicar agora. Tome! – Retirou do seu bolso um cartão. – Amanhã estaremos na Delphos. Conhece? – Ficou aguardando um atrasado sinal de confirmação. – Faremos uma festa fechada para o lançamento da nova coleção. Quero que você esteja lá para conversarmos. Tenho que ir.
Quando Eduardo virou-se, Agatha pode avistar Nessa e Mari, lado a lado, de olhos arregalados e a boca semiaberta.
- Vocês estavam aqui? – Perguntou após elas terminarem de acompanhar com o olhar a sua saída. – Qual parte vocês viram?
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OBSESSIVOS - A Iniciação de Agatha
ParanormalComo você seria se o sexo fosse a sua religião?- Foi a inesperada pergunta que Agatha ouviu quando estava prestes a dar os primeiros passos na misteriosa Irmandade. Em sua normal vida de gerente de loja de lingerie em um grande Shopping Center da ci...