Planos do Destino

Capítulo 31

Respiro

Mudo a música da playlist do meu celular enquanto reduso os passos de minha caminhada matinal, Bruno Mars ecoa pelos meus ouvidos enquanto volto a me focar novamente nos meus passos acerelados.

Respiro

Faz cinco dias desde que comecei a caminhar para tentar relaxar a cabeça, para ver se tento ter novamente minhas noites de sono. Porque desde o dia em que tive aquela conversa com Karina eu não consegui mais ser a mesma nessa casa. Agora tudo se tornou um fardo para mim, comer com os Miller, ficar no mesmo ambiente que eles, tudo isso está me fazendo parecer a pior pessoa do mindo. Eu sei que antes eu não me sentia assim mas isso mudou depois que soube que todos poderiam descobrir do contrato e pior ainda saber que depois de meus dias se encerrarem eu nunca mais irei vê los.

Respiro

E sinceramente essa é a pior parte. É muito ruim você começar a se acostumar com a presença de pessoas maravilhosas a sua volta e saber que depois de um dia você simplesmente pode perde las. Toda vez que Lídia ou alguém me coloca como se eu fosse parte da família eu tenho vontade de chorar ou sair correndo para ver se esse aperto no peito reduz.

Respiro

Mas o que está me torturando profundamente é Nicolae. Dentre esses cinco dias, ele raramente está tendo tempo para mim. Paulo não está dando um pingo de descanso para ele, que por sinal, parece bem empolgado com a nova confiança que conquistou do pai. Afinal esse é o motivo do contrato, conseguir a confiança do pai que julgava o filho solteiro ser irresponsável. E eu sou a  pequena moeda de troca da negociação. Apesar de me sentir mal por isso também, eu estou com saudades de ficar com meu amor.

Meu amor.

Se a um mês atrás eu estivesse usando essas palavas para me referir a Nicolae eu com certeza me chamaria de louca.

Mas estou com saudades, saudades de ouvir suas implicâncias e suas palavras desnecessárias, de seus sorrisos e seus beijos, estou me sentindo cada vez mais longe dele e isso está me quebrando. Porque eu sei que isso iria acontecer só não estava preparada. O único momento que podemos chamar de nosso é a noite quando posso matar a saudade e ficar olhando ele dormir depois do dia de trabalho e de nos amar.

Respiro

Esse é o motivo pelo qual estou aqui correndo e suando em plena sete da manhã em volta da propriedade Miller. Para fugir da realidade que eu sei que irei enfrentar de uma forma ou de outra.

Respiro pela última vez antes de retirar os fones de ouvido e apertar o rabo de cavalo que estava frouxo por conta da caminhada. Estou prestes a entrar na casa, quando vejo Alice brincar no seu novo balanço.  Nicolae fez para ela dois dias atrás na árvore da entrada e desde então ela não o larga. Vou em sua direção e ela para de se balançar para me receber com seu abraço. Beijo seu rosto enquanto me ajoelho para ficar à sua altura.

-Está se divertindo pequena? - ela ri quando faço cócegas em sua barriga e se encolhe me fazendo sorrir.

-Sim eu adorei esse balanço que o papai fez para mim. - ela volta a olhar empolgada para o balanço e algo me deixa intrigada.

-Papai? - pergunto me sentado no chão e puxando ela para se acomodar em meu colo.

- Sim...o tio Nicolae me deixou chamar ele assim, porque eu sempre quis ter um pai e a tia do orfanato falou que ele é meu pai de coração. Então eu agora chamo ele assim. - meu coração se aperta e meu sorriso se abre escancaradamente. Nessa hora meus pensamento vão para James e preciso repremir o suspiro de tristeza que apareceu de repente.