Capítulo 4

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Sentia-se um tanto idiota, Sasuke o tratava mal havia quase quatro anos e havia acabado de se referir à sua melhor amiga de maneira ofensiva, ainda assim, estava completamente disposto a trocar uma tarde com a garota por qualquer tempo que pudesse passar ao lado dele.

—Sei lá, pensei em só sentar em algum lugar e jogar conversa fora, faz tempo que a gente não faz isso – disse-lhe Sasuke.

Naruto murmurou concordando, embora estranhasse o garoto ter relembrado dos tempos em que andavam juntos de forma tão casual e ainda falar como se o afastamento dos dois tivesse ocorrido naturalmente. Era culpa de Sasuke que os dois não conversavam havia anos e, um tanto amargurado, Naruto engoliu a vontade que teve de jogar aquilo acusatoriamente na cara do outro.

—Por que você não tá com o Suigetsu?

Sasuke estalou a língua impaciente.

—Porque as vezes ele me estressa – disse com secura.

—Vocês brigaram?

—Não, só não to afim de escutar o blá-blá-blá dele agora.

Naruto seguiu Sasuke por um corredor que não lembrava que existia e saíram por uma porta de emergência que dava para um vão entre o prédio principal e o complexo esportivo. Não havia nada além de algumas caixas e um latão de lixo. Estava prestes a perguntar o porque de estarem em um lugar tão escondido quando Sasuke tirou do bolso um maço de cigarros e acendeu um nos lábios, respondendo sua dúvida.

—Você fuma?! - exclamou Naruto horrorizado.

—O que você acha? - zombou o outro soltando fumaça acinzentada pelo nariz ao rir-se do espanto do outro.

—Mas isso faz mal!

—Qualquer coisa faz mal, eu não me importo. Fumar me ajuda a desestressar.

Naruto torceu o nariz, mas Sasuke não pareceu se importar com sua preocupação, sentou-se junto à parede mais próxima. O loiro considerou sentar-se ao seu lado, mas a fumaça e o cheiro forte de nicotina certamente o incomodariam, então sentou-se na parede oposta, de frente para o outro.

—Falando sério, - começou Sasuke – não tá rolando nada mesmo entre você e o esquisitinho?

—Não – respondeu com firmeza, apesar de sentir o rosto corar – E o nome dele é Sai.

—Você pode me contar, sabe, não sou que nem aqueles ignorantes. Se você quiser conversar, eu não vou comentar com ninguém – ele ignorou completamente o comentário sobre o nome do rapaz. Naruto se esforçava em vão para encontrar algum traço em Sasuke que denunciasse suas verdadeiras intenções com aquilo tudo, mas ao passo que ele mesmo era um livro aberto, o outro era um diário fechado à sete chaves.

—Sai e eu somos apenas amigos – havia irritação em sua voz – E eu sou hétero – completou impostando uma certeza que ele não mais possuía.

Sasuke tombou a cabeça levemente para o lado e deu uma longa tragada em seu cigarro. Encarava-o com uma expressão terrivelmente impenetrável, a fumaça que escapava em espirais lentamente por seus lábios, encobrindo seu rosto, servia apenas para aumentar essa sensação incômoda de blindagem.

—Se você é hétero – falou franzindo o cenho – por que você tava de amassos com o esquisitinho ontem na biblioteca?

Automaticamente, Naruto sentiu os músculos de todo o seu corpo tensionarem. Desviou o olhar e passou a mexer no zíper de sua bolsa, pousada ao seu lado, como se não houvesse no mundo nada mais interessante.

—Não sei. Acho que... Eu nunca tinha beijado antes... Então eu não sabia muito bem o que eu tava fazendo, também acho que a minha curiosidade falou mais alto.

Caminhando Em Gelo FinoOnde histórias criam vida. Descubra agora