Resolvi falar de ti

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Hoje resolvi falar sobre ele, não que isso seja uma tarefa fácil, tá, ele não é uma tarefa fácil. Ele é um poço de defeitos. Confuso, fechado, do tipo que da um passo á frente e uns dez pra trás. Ele nunca vai falar o que ta sentindo, vai deixar pra falar uma hora que aquilo não tiver mais sentido algum. Ele é estranho(um estranho bom) e com ele não existe isso de "equilíbrio" pois ele é sempre o extremo, dramático demais, desconfiado demais, tudo demais. Você pode esperar tudo dele, mas ele acaba fazendo o que você nunca esperava, é imprevisível. Ele é lindo, tem uma risada que me desequilibra, perto dele eu me sinto tão... é tipo assim, ele é o oceano, enquanto eu sou gota d'agua. Me incomoda que ele fale pouco sobre ele, mas, é sempre assim; ele prefere que você se foda pra tentar descobrir o que ta passando na cabeça dele. Já disse como ele é idiota? Ele é, se bem que ele disfarça bem, mas no fundo, ele adora idiotices, é apaixonada por pessoas idiotas. No fundo, ele acredita nas pessoas, finge que não mas lá no fundo ele quer que tudo dê certo. Ah, ele é mestre em fugas repentinas, deveria ser professor disso. Ele é uma crise. Sabe a última combinação do cofre? Então, ele passa longe disso, eu suponho que nunca vá conseguir adivinhar ou entender as loucuras dele. Ele me assusta, ele me encanta, ele é complexo, incompleto demais, parece que o tempo todo ele anda perdendo peças dele por aí. Se ele fosse um quebra cabeça, ia ser mais fácil pra mim, um pouco de tempo, paciência e dedicação seriam o bastante, mas ele não ta nem perto de ser um quebra cabeça, tá mais pra projeto inacabado de laboratório, a Sinfonia que Mozart não conseguiu tocar, a ideia que Einstein não teve, a frase que Shakespeare esqueceu de escrever, aparentemente, essas coisas ninguém sente falta, mas cara, ele nasceu pra fazer falta. Ele é saudade. Não me resta muito tempo com ele, eu acho. Ele tem umas manias bem particulares, conheço poucas, bem que eu queria que ele fosse um pouco menos fechado, mas meu passatempo predileto é tentar descobri-lo. Ele faz o gênero missão impossível. Ele é um problema, um problemão. Ele tem um jeito meio "embriagado", outro responsável demais, do tipo que não foge de casa no meio da noite pra ir olhar o céu lá fora, acho que ele gosta disso, ficar no lugar dele, o espaço dele... Depois de tudo, ele é simples, tá... depois de muito, ele é bem simples, digo, a essência, ele é impossível, deve ser por isso que eu gosto tanto dele, é isso. A impossibilidade de finalmente entendê-lo, e saber o que falar pra ele na hora exata, o que não falar, é tudo muito improvável, muito acidental, ele é meio desastrado, cá entre nós, ele tem um queda por desastres, meu plano com ele é simples, se der errado, dane-se, tento outra vez. É estranho, ele deveria ter vindo com um manual, sei lá, umas dicas, mas ta tudo bem, pra uma pessoa apaixonada por idiotas, com uma habilidade peculiar de confundir as pessoa, e por ter um aptidão por desastres, ele ganhou pontos comigo. Foi desenhado assim, todo sei lá, só pra me fazer feliz. Se você passar um dia com ele, não vai entender 1% do que eu to falando, se passar uma vida com ele, vai continuar no 0x0. É que ele é um livro inacabado, ele é a parte "tcham" da história, ele acaba comigo, me sinto completamente desprotegida. Mas, ele foi feita pra mim, eu só não sei como dizer isso pra ele.

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