ATENÇÃO: Não recomendado para menores de dezesseis anos. Aborda assuntos delicados como violência.
|LIVRO 1® - livros independentes|
Como a escuridão nasceu?
O transtorno de personalidade causado por uma infância conturbada e pela cu...
"Um olhar doce é uma arma poderosa para um coração amargo." ~ Tatiane Freitas.
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Senti o café quente descer pelo meu esôfago, como uma enxurrada, olhei para rua entediado e vi o destino movendo seus pauzinhos bem na minha frente, se fosse em outra ocasião eu sentiria raiva por estar sendo controlado, mas eu não poderia ficar com raiva do destino quando ele trazia aquilo que eu mais desejava.
Ayla.
Ela caminhava lentamente até a porta da cafeteria, sozinha. Sorri de canto para mim mesmo. Abaixei meus olhos para o café, fingido não saber que ela estava no recinto, o que era impossível, não sentir a presença daquela mulher era como dizer que eu não tinha vontade de matá-la.
Levantei meus olhos quando o cheiro de lírios me invadiu, Ayla estava a quase dois passos de distância de mim, encarando-me ela sorriu como se já me conhecesse há séculos. Olhei para seus olhos castanhos atentamente e meus lábios se arquearam em um sorriso animado até demais.
— Srtª Ayla, estou certo?
Eu nunca esqueceria aqueles olhos doces, seu rosto me trazia uma paz. Ela era a alvorada e eu a penumbra assustadora prestes a ser iluminada.
— Sim, sr. Parker...
— Pode me chamar de Andrew, senhorita — analisei ela mudar o olhar para meu café. — Está acompanhada? — ela meneou negando. — Se importaria de tomar um café comigo?
Ela sorriu baixinho e eu me remexi na cadeira feliz pela sua falta de senso.
Olhou para mim de soslaio e sentou-se na cadeira desocupada a minha frente aceitando meu pedido com prontidão.
Decidida e determinada, constatei.
Uma felicidade avassaladora e incontrolável me invadiu. Ayla estava bem ali na minha frente, me olhando sem medo algum. Tudo o que eu mais queria estava começando a acontecer e, pela primeira vez, senti o mundo conspirar a favor das minhas decisões.
Ela seria minha. Eu sentia isso.
— O que veio fazer aqui? — perguntei vendo-a chamar o garçom e pedir seu café.
— Estava voltando para casa depois de ajudar meu pai na delegacia, mas eu pensei em tomar um café antes — falou sorrindo para mim.
Somente para mim.
— Isso é incrível — proferi recebendo sua atenção depois que o garçom lhe entregou o seu pedido.
— O quê? — ela perguntou parecendo não entender minha admiração.
— Não vemos muitas mulheres em delegacias — ela se ajeitou melhor na cadeira e me olhou séria, eu não conseguia tirar meus olhos dos dela e nem ao menos queria — e, quando vão, pedras machistas são arremessadas contra elas. A maioria dos homens não aceitam muito bem à igualdade. E você passar por cima de todo esse machismo é magnífico — falei com sinceridade. — Nunca conversamos, mas já percebi sua determinação, isso é o que falta para às mulheres contemporâneas.
