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"Perder a mãe na infância é perder o solo onde caminhar. É o último estágio da dor de uma criança."
~Augusto Cury.

FLASHBACK

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FLASHBACK

Andrew brincava com uma das coleções de carrinhos do seu irmão na cozinha, ao lado de Núbia que fazia a comida e comandava os empregados.

Andrew estava ansioso para ver seu pai depois que ele viajara por uma semana com seu irmão, ele não o levara e ele se perguntava o que tivera feito para não merecer ir com o pai, mas estava disposto a se redimir. Tinha um sorriso no rosto quando perguntou, pela milésima vez, a Núbia:

— Papai estar perto de chegar? 

Núbia olhou a pequena criança e um arrepio passou pelo seu corpo.

Ela tinha pena do menino, sabia que Bernardo não ia dar atenção para a pequena criança e que, muito menos, fazia questão de levá-lo a viajem de negócio.

Afinal, como Bernardo mesmo dizia, ele não era seu pai, não tinha essa obrigação. 

— Não sei. Contudo, acho melhor você não preocupar seu pai quando ele chegar, sabe que o sr. Parker vai estar muito cansado e rabugento — Núbia explicou tentando driblar mais uma humilhação para Andrew, porém ela sabia que ele não lhe daria ouvidos, o menino só queria ser um filho normal. 

Sem dúvida, a criança pensava que o pai iria lhe trazer um presente ou algo assim, como um menino da sua idade pensaria, mas Andrew não era tratado como uma criança deveria ser.

Ele era o fruto do pecado, não era digno de viver ali, estava de baixo daquele teto por piedade.

Que piedade mais estranha, a criança mal era vista por Bernardo como merecedora de amor e ensinamento.

Ele via Andrew como a única forma de se vingar da falecida esposa, ele nunca perdia a oportunidade de maltratar o menino, de mostrar sua inferioridade.

Um barulho fez-se ouvir na sala de estar. Andrew se levantou do chão rapidamente, com um sorriso no rosto, e correu para fora da cozinha a procura do seu falso pai. 

— Papai! Papai — gritou correndo de braços abertos até Bernardo com intuito de ganhar um abraço aconchegante. — Eu estava com tanta saudade, papai!

Andrew buscou os braços do pai e recebeu em troca um empurrão brusco, o pequeno menino cambaleou e caiu, sentiu o carrinho do seu irmão escorregar de sua mão, olhou de relance e viu o brinquedo se partir ao meio no chão, assim como seu coração. 

O menino abaixou o rosto e olhou para o ladrilho da sala, as lágrimas marejavam seus olhos e relutante elas caiam lentamente sobre o piso brilhoso da sala de estar.

Mas o que Andrew houvera feito para merecer aquilo?

— Papai olhe o que esse filho do pecado fez com meu carrinho — Lucas acusou pegando os pedaços do objeto no chão e mostrando para o pai. 

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