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"Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim."

— Clarice Lispector

— Clarice Lispector

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FLASHBACK

Ele leu a carta, ainda meio aturdido, fazia dois meses que não recebia notícia alguma de casa, ou seja, de Núbia.

Mas agora que lia aquelas palavras de sua ex governanta que com a letra um pouco trêmula, se lastimava pela vida, se perguntou se já não era hora de voltar.

Agora a quase um ano ele tivera tomado o posto de general, estava estabilizado ali, ganhava dinheiro pra si e para a família, depois que se tornara o braço direito do ex-general o exército não era mais um monstro de sete cabeça, desde aquela época ele já era respeitado e temido por ali. Alguns anos depois da morte de sr. Marler, Andrew assumiu o poder supremo dali, comia as melhores comidas e mal ia para a guerra mais, fazia a estratégia da tropa junto com outros generais, liderava a organização dos soldados e só. A vida estava bem mais leve, não tinha notícias de casa, a guerra estava ao seu favor, tava tudo indo muito bem.

Mas aquela carta de Núbia lhe deu um choque, segundo ela, Bernardo gastava o dinheiro todo que Andrew mandava em bebidas e drogas, ela mal fazia duas refeições por dia, disse também que escrevia aquela carta escondida, porque Bernardo a proibira de entrar em contato com Parker e dizer o que estava acontecendo, ela implorou para que ele voltasse para casa e a ajudasse de alguma forma, liderasse a empresa e lhe tirasse de perto daquele mostro ou então ela morreria. 

Ele soprou.

— O que aconteceu, Andrew? — Roger indagou preocupado.

Me virei para ele ainda pensando no que fazer.

— Tenho uma decisão difícil a ser tomada, meu amigo.

Ele me olhou curioso, mas não tentou arrancar nada de mim, sabia que eu não funcionava assim. Soprei e disse:

— Núbia disse que o dinheiro que mando para casa, papai gasta com bebida, eu pensava que ele estava livre disso. Ela também disse que mal faz duas refeições por dia, me pediu para voltar para casa e tirá-la de perto dele.

Roger engoliu a bile que lhe subiu a garganta, meio confuso e preocupado se ele iria perder o amigo.

— O que você vai fazer?

— Ainda não sei, estou meio confuso. Não posso deixar o que construi até aqui, porque meu pai é irresponsável. Sr. Marler deixou esse império em minhas mãos, não posso o largar, como se ele não significasse nada.

— Você vai ter que escolher com qual dos dois impérios vai querer ficar. Este de morte que nós vivemos ou o império da sua família.

Que também é cheio de morte.

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