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"Aquela caverna
triste, fria e sombria
é seu espelho."
~Marcelo Santos Silvério.

Marcelo era idiota o suficiente para pensar que eu deixaria provas se achasse que me incriminasse?

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Marcelo era idiota o suficiente para pensar que eu deixaria provas se achasse que me incriminasse?

Estava lendo o e-mail que ele me enviara. Além dos arquivos de várias fotos, um grande texto explicativo sobre a morte do sr. Preto estava disposto por toda a tela do computador.

Abri o arquivo que fora dado o nome de "Provas do Crime" — nada muito criativo — o mouse fez barulho assim que cliquei para que as fotos baixassem, em menos de segundos a primeira imagem apareceu em minha tela, não me surpreendi.

Era uma foto de uma pegada no terreno arenoso da plantação, o solado do tênis que eu usara naquele dia fora marcado ali. Mas nenhuma diferença fazia, já que era um dos sapatos que eu menos usava, era desconfortável e pegava meu dedo, pois era um número a menos do meu pé.

Passei a imagem, e lá estava a única coisa que gritava meu crime, os rastros do pneu do meu carro. Eu sabia que eram poucas as pessoas que passavam por ali, mas também tinha ciência que era o caminho da minha casa, os rastros deixados pelo meu carro eram mais que esperados.

Respirei fundo.

Estava na hora de colocar a mão na massa, de mostrar quem estava dominando aquele jogo.

Levantei-me, sem me preocupar em desligar o aparelho, e saí de meu escritório.

Escutei o piso de madeira soar a cada passo lento que eu dava, puxei a gola alta da minha camisa mais para cima e sorri ao sentir o celular antigo no bolso de minha calça.

— Sr. Scott, quem brinca com fogo não só se queima, mas morre, principalmente quando o fogo sou eu — sussurrei sorrindo.

Passei minha mão pelo corrimão frio de madeira da minha escada, já sem paciência, corri descendo os degraus, abri a porta da frente e o tempo frio da noite de inverno em Santoline me deu um forte abraço acolhedor.

Lembrei-me de minha infância, no quarto onde eu dormia na minha antiga casa, lembro-me de chorar e sentir as lágrimas se esfriarem sobre minha face instintivamente, os lençóis, que eu houvera jogado no chão, aqueciam os ladrilhos antigos e o meu corpo desnudo me fazia sentir, nos meus próprios ossos, o quanto o frio poderia ser doloroso e cruel.

Escutei o silêncio da floresta pouco distante, o vento quase falando em meu ouvido, mandando eu ligar de uma vez por todas, mandando eu fazer o que devia ser feito.

Respirei fundo e corri para a ponte de madeira desgastada de onde Lucas houvera dado seu último pulo.

O lago já estava congelado, as árvores pesadas por causa da neve branquinha, me faziam ver o contraste do céu azul escuro estrelado juntamente com as coníferas brancas ao longe, um ar aconchegante tomou-me, não era como uma casa, mas como um lar.

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