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"E de surpresa em surpresa, o inesperado. E quando o inesperado lhe sorri, como não lhe sorrir de volta?"
~ Camila Custodio.

Toc

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Toc.

Toc.

O barulho da caneta contra a mesa de madeira era a única coisa que se escutava.

Uma vez eu sonhei com Isabela.

Não uma só vez, mas eu acreditava que sonhos repetidos não deveriam ser considerados.

Depois que me acordava deles não conseguia mais dormir e já sabia que meu dia ia ser um desastre, porque ela não sairia mais de meus pensamentos.

Eu poderia tacar minha cabeça na parede quantas vezes fosse preciso em uma vã tentativa de apagar minha memória, mesmo assim ela continuaria lá.

Me aterrorizando.

Me sufocando.

Às vezes eu sonhava com ela me chamando. Outras vezes que ela estava viva. Seu sorriso era tão belo.

Espontâneo.

Assim como a foto que anos atrás eu havia visto.

Eu lutava para acordar. Eu queria que ela se apagasse de minhas memórias. Que ela morresse de uma vez. Que me deixasse em paz.

Mas eu tinha ciência de que todas as vezes que eu fechasse meus olhos e entrasse no subconsciente da minha mente ela poderia vir me visitar na minha imaginação, na imagem que eu houvera criado dela.

Uma imagem nada idealizada, mas sim aterrorizante e perturbadora.

Intensamente perturbadora.

Olhei para um ponto fixo, minha visão turva, por não piscar há alguns segundos.

Toc.

Toc.

A caneta continuava a bater, me ajudando a esclarecer meus pensamentos.

Senti meus olhos marejarem, por causa da ardência repentina causada pelo pouco vento que corria por entre meu escritório e atingia meus olhos arregalados.

Noite passada eu tive um sonho estranho.

Não era Isabela correndo atrás de mim e chamando meu nome em uma súplica aterrorizante. Nem ao menos era ela viva sorrindo e olhando com compaixão para mim, como se me amasse. Como se eu fosse merecedor de seu amor ou de qualquer sentimento bom que pudesse vir dela.

Ela deveria me odiar.

Parecia ser ela naquele sonho, mas não pude ter certeza — eu sempre tinha convicção que era ela.

Dessa vez foi diferente.

Ela sorria como sempre, mas eu senti que algo estava errado. Não era o mesmo tormento, a mesma dor.

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