A outra metade do raio

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Franco Bryce tinha dificuldades para dormir, a perna rígida pelos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial doía muito aquela noite, o que o forçara a se levantar para preparar uma bolsa de água quente e um pouco de chá. O senhor Bryce era o jardineiro de uma casa que há muito estava vazia, depois que toda a família tinha sido assassinada, e ele fora considerado suspeito e até mesmo preso pelo assassinato dos Riddle, mas fora solto por falta de provas ou testemunhas, voltando a sua pequena casa ao lado da grande mansão, hoje castigada pelo tempo, para cuidar do jardim e vez ou outra expulsar crianças que invadiam a casa para se aventurar.

Após vencer as escadas com dificuldade ele caminhou para a modesta cozinha, onde colocara duas chaleiras no fogo. Antes da água ferver, o velho jardineiro percebera uma movimentação atípica na casa que fora um dia o lar dos seus patrões, imediatamente desligara o fogão, passara a mão em sua bengala e lamparina e saiu pela noite em direção a mansão abandonada, resmungando em seu caminho:

- Aquelas malditas crianças! Hoje elas vão se ver comigo! - Rosnou o senhor Bryce.

Ele ainda mantinha a cópia da casa principal, entrou e agradeceu pela densa camada de poeira que amaciava e silenciava seus passos. Subiu as escadas cuidadosamente, prestando atenção nas vozes que ressoavam, percebendo para sua surpresa que não se tratavam de vozes juvenis, mas sim de três homens adultos. Chegou ao último andar percebendo que a luz emanava de um quarto, que pertencera ao filho do casal, Tom Riddle. A porta não estava completamente fechada, por uma fresta ele observara que a lareira estava acesa e que havia três homens: um deles corpulento, baixo e atarracado com grandes dentes para frente, o outro magrelo comprido e com as feições finas e a barba por fazer, já o terceiro encontrava-se de costas e protegido por um manto, a voz causava arrepios.

Os três falavam sobre um assassinato e pronunciavam palavras estranhas como trouxas, Hogwarts e Gringotes, além de um possível alvo que parecia ser de importância máxima eliminar. Antes que pudesse pensar em ligar para a polícia, o jardineiro avistou uma cobra imensa adentrar o quarto.

- Ora vejam! - Disse o homem encapuzado - Nagini disse que o velho jardineiro trouxa esta parado fora do quarto escutando a conversa! Saia da frente Rabicho para que eu possa recepcioná-lo de maneira adequada...

Um grande clarão verde iluminou o ambiente, fazendo com que Lola acordasse assustada, suada e com o coração acelerado.

- Outro maldito pesadelo! Como posso sonhar com pessoas que não conheço?

A garota se levantou, fez sua higiene matinal e saiu para encontrar sua tia que estava na cozinha.

- Bom dia querida, quantas panquecas quer para... - Elizabeth diminuíra o entusiasmo em sua voz - Por que está pálida e com as mãos tremendo?

- Outro pesadelo, tia. - murmurou.

Lola rapidamente contou o que havia sonhado, tentando lembrar o máximo de detalhes possíveis. A expressão da tia se tornara preocupada e hesitante e até mesmo ela parecia empalidecer um pouco.

- Você sabe o que isso significa tia! Algo está acontecendo ou para acontecer! Não pode me esconder para sempre! Se eu tivesse ido para Hogwarts, estaria preparada para isso! Eu...

- Lola, já conversamos sobre isso, não há nada acontecendo e nada vai te acontecer, está segura aqui querida...

- Eu não acredito em nada disso!

- Querida, acalme-se, tome o seu café e me ajude nas tarefas, está bem?

A menina ficou calada, mas sabia muito bem quando mentiam para ela. Algo se aproximava, ela podia sentir. Na maior parte de seu tempo Lola ficava dentro da propriedade, não possuía amigos e também não frequentava a escola trouxa. A tia até tentou, mas a menina havia sido expulsa por "acidentalmente" colocar fogo nas cortinas da escola e atiçar um corvo contra um garoto que zombara de sua cicatriz. Sim a cicatriz em forma de raio em sua testa, geralmente escondida por uma densa franja. Lola era um pouco mais alta que as meninas da sua idade e possuía uma estrutura corpórea um pouco mais forte que a de seu irmão. Mas compartilhavam os mesmos olhos verdes de sua mãe e dos cabelos castanhos dos pais, que na garota eram compridos até a cintura.

Harry Potter e a Outra Metade do RaioOnde histórias criam vida. Descubra agora