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Essa seria a última reunião com a minha equipe, para conversarmos sobre os balanços do ano, além das nossas férias e confraternizações. Mais um ano estava se encerrando e eu não poderia estar mais contente e realizada. Afinal, sou acionista majoritária da empresa Bracho e herdeira de tudo aquilo, sem contar a minha relação com Pietro, que estava indo muito bem. Não tinha do que reclamar.

Sabendo que não poderia fugir para sempre, minha equipe me colocou contra a parede e eu não tive a opção de não aceitar um jantar com eles. Eles queriam uma explicação sobre o meu sumiço, de uns tempos para cá. 

Em meio à correria do dia a dia, estar e conversar com Pietro foi a minha válvula de escape. Não, não estou usando-o, mas somos adultos e, como tais, temos encontros casuais. Certo?

Ok, a quem quero enganar. Isso já foi longe demais. 

Tentei, internamente, seguir a política de “não se apegar a ninguém”, mas isso não era uma tarefa simples. Amanda dizia que isso era apenas porque eu não superei o meu primeiro namorado. Ora, essa, isso não é verdade. Eu só quero vingança porque… passei por muita coisa. 

No jantar, dei uma desculpa esfarrapada para a minha equipe, mas, logicamente, não os convenceu muito. As meninas insistiram em dormir na minha residência, chamando-a de “a noite das garotas”. Mas, cá entre nós, era apenas uma tentativa delas de me deixar bêbada e aquele ditado surgir: a bebida entra, a verdade sai. Que escapatória eu poderia ter, diante daquela situação? Eu concordei, mas percebi que Sara, secretária do RH, soltou umas risadas baixas. Acredito que aquela querida não goste de mim, uma vez que sei que ela espalha rumores sobre mim e debocha de minha pessoa pelas costas. Mas, Amanda, minha amiga, se envolveu com o irmão dela e as duas viraram mais que friends, best friends. 

Eu não queria ter a noite das garotas, mas agora é tarde. Concordei com a ideia poucos minutos atrás, tive que manter a minha pose.

Bom, logo mais anoiteceu e iniciamos, enfim, nossa noite juntas. Pedimos, pelo delivery do celular, cerveja e frango frito. O álcool começou a fazer efeito em nós, especialmente em mim, que não sou muito forte para beber. Obviamente, quanto mais eu bebia, mais incomodada fiquei com a presença de Sara em minha casa. Mulher insuportável, ficou olhando minha casa de cima a baixo, procurando algo para menosprezá-la até mínimos os detalhes. Ela é o quê? Inspetora de imóveis e eu não sabia? E mesmo que seja, não lembro de ter pedido por uma de suas consultas. 

Apesar das outras meninas serem legais, eu queria acabar logo com aquela noite. Então, acabei contando a respeito de Pietro. Afinal, se era isso que elas queriam, poderiam ir embora já. Porém, não foi bem assim, elas insistiram por ficar mais algumas horas. “Oba”, pensei comigo. Só que não. Mas não podia expulsá-las, também.

Já mais no tardar da noite, me despedi da última moça em minha casa e fechei a porta em seguida. Suspirei aliviada, finalmente elas foram embora. Precisei beber mais que o normal para aguentar aquilo por horas. Tomei um banho, mas não um banho comum, um que pudesse revigorar todas as minhas energias. Afinal, eu estava bêbada, irritada e cansada. 

Com as energias revigoradas, botei meu pijama e me joguei na cama, soltando um suspiro de cansaço. Sem perceber, fui fechando os olhos devagar, mas antes que eu pegasse no sono:

— Hm? — Um barulho chamou minha atenção, então abri meus olhos e olhei para o meu celular do meu lado na cama — Quem será?

Indaguei-me a mim mesma, mas quando olhei para a tela do celular vi que era Pietro. Sorri e prontamente atendi. Ele queria me ver, naquela hora da noite, que eu fosse até a casa dele. Talvez, em outra ocasião, eu até negasse, devido ao meu cansaço. Mas, o efeito do álcool permaneceu em mim, e, quando estou bêbada, fico com mais desejo. Então não resisti, respondi, sim, a ele. Desligamos a ligação e eu fui me arrumar logo.

AVENTUREIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora