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Hannah

De volta ao hotel, tomei um banho bem gelado. Enquanto a água gelada escorria pelo corpo, dei um soco na parede, que estava à minha frente. “Você enlouqueceu, Hannah?” pensei comigo mesmo, me culpando pelo que aconteceu com Saulo. Eu realmente quis jogar com ele, provocá-lo, instigá-lo. Mas, beijá-lo daquela forma, sentir toda aquela excitação… não estava no plano. Talvez, eu tenha bebido demais. Até onde conheço Saulo, depois dessa noite, ele não vai se dar por vencido até me encontrar, nem que para isso precise revirar essa cidade inteira. Agora, o estrago já foi feito. Terminei meu banho, botei um pijama confortável e me joguei na cama, pronta para dormir. 

Já na manhã do dia seguinte, acordei cedo. Tomei meu café no quarto mesmo, em seguida me arrumei para sair. Aprontei até uma mala, com algumas coisas dentro. Antes de sair de casa fiz um telefonema, quis alugar um carro. Dessa vez não queria ninguém dirigindo para mim. Devidamente pronta, desci até a recepção e pedi para o rapaz ali que, caso viesse alguém procurando por mim, para não dar nenhuma informação sobre minha pessoa. O rapaz era jovem e ficou meio apreensivo ao ouvir o meu pedido. Então, envolvi a mão dele com uma nota de cem, o que o deixou mais confortável para assentir com a cabeça.

Saí do hotel e em seguida chegou o carro que aluguei. A pessoa que me trouxe o carro logo saiu dele, para que eu pudesse assumir o veículo. Agradeci com um sorriso e tive lugar ao volante. Liguei o rádio e procurei por música animada. Enfim, liguei o carro e pisei no acelerador.
Fazendinha, lá vou eu. 

Saulo

Eu me levantei junto ao sol, não consegui dormir direito essa noite. Aquela mulher de ontem dominou a minha cabeça. Passei a manhã inteira fazendo ligações. Felizmente, sou um homem que tem diversos contatos. Usei isso ao meu favor, obviamente. Utilizei tudo que esteve ao meu alcance, nem que em algumas ligações eu tivesse que usar truques de subornos ou ameaças. Dane-se! Não me importo, só quero que encontrem ela para mim. Informei aos meus contatos que o nome da moça é Aline. Porém, salientei a eles que ela pode ter usado um nome falso, então cobrei atenção dupla. Afinal, nunca se sabe.

Meu pai vive enchendo meu saco, para que eu me case logo. Sim, no momento, estou namorando outra garota. Giovana o nome dela. Mas, realmente? Pouco me importa essa doida. Ela é gostosa e tudo mais, porém, só isso mesmo. Jamais pensei em me casar com ela. Quero é essa mulher misteriosa de ontem. Eu senti algo vindo dela, algo… único. Sei que nosso encontro não foi por acaso. Nossos caminhos tinham que se cruzar.

E o pior de tudo isso é ter que lidar com esses meus pensamentos enquanto essa ressaca maldita permaneceu me destruindo. Eu realmente bebi muito ontem, mas não me arrependo. Até porque, depois que ela foi embora do nada, o que eu poderia fazer? Claro que depositar minha raiva e angústia no álcool. Pensar que uma… desconhecida poderia fazer tudo isso comigo. Em uma só noite. Preciso encontrá-la. Afinal, tenho uma fazenda para voltar e cuidar, além de todos os meus negócios ainda não terminados por lá.

Hannah

A viagem foi um pouco longa, mas foi ótimo dirigir até lá. Assim que cheguei, estacionei o carro e desci dele. Mas, reparei que a fazenda não é a mesma. Tudo nela mudou. O casarão que havia no centro da fazenda… agora parece estar abandonado. Olhei em volta e percebi algumas crianças brincando na rua, então me aproximei delas. As questionei sobre os meus tios, dei o nome deles. Elas concordaram com a cabeça e apontaram para outra casa mais ao longe. Agradeci a elas e me afastei. 
Felizmente, toda aquela vizinhança se conhecia. Bom de bairros pequenos e reservados é exatamente isso. Mas também é ruim, pois as fofocas correm mais rápido. E isso, é realmente bem chato. Os prós e contras.

Caminhei até a casa que supostamente era de meus tios. Bati na porta e esperei alguém me atender, o que não demorou.

— Bom dia — Falou a senhora gentil, quando abriu a porta — Posso ajudar em algo, querida?

AVENTUREIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora