5

108 24 203
                                    

A viagem foi bastante longa, mas acabei chegando à minha cidade natal no final da tarde. Fiquei um pouco surpreendida de início, pois percebi que muita coisa mudou. Reservei um hotel sem me preocupar se alguém me reconheceria. As chances de isso acontecer eram baixíssimas. Afinal, faz muito tempo desde que fui embora dali. Sem contar que antes, eu era uma menina caseira e um tanto boboca. Hoje, estou diferente, mais madura, adquiri algumas malícias da vida adulta. Claro, além de minha aparência que mudou bastante também. Me tornei mais vaidosa. Realizei uma harmonização facial e apliquei alguns botox, além de incontáveis horas que já passei em uma academia. Meus cabelos também estavam bem mais cuidados, de outra cor hoje em dia.

De fato, aluguei um hotel bom. Não foi barato, mas hoje tenho condições de arcar com os custos. Meu quarto era uma suíte, então, após arrumar as malas, tomei um banho lindo. Em seguida, botei uma roupa casual, de ficar em casa, e me joguei na cama. Naquele instante, senti a cabeça doer, de tantos pensamentos que voltaram a me atormentar. Só consegui sentir raiva, de mim mesma. De ter sido tão estúpida com Pietro e Sara, sem contar que ainda fico triste ao pensar que não tenho mais a dona Helena comigo. Mas, agora, as coisas precisariam ser diferentes. Chacoalhei a cabeça e expulsei todos aqueles sentimentos ruins de minha mente. Cheguei aquela cidade com objetivos a concretizá-los. Não poderia perder o foco. Levantei-me da cama e iniciei as arrumações para sair.

A primeira ação a ser tomada é a de buscar informações sobre a minha família ou que restou dela. Ok, Hannah, tenha isso em mente.

Antes de sair de casa, me olhei no espelho e abri um largo sorriso. Fiquei admirada com a minha beleza e o visual que escolhi para esta noite. Escolhi um vestido longo até o joelho de cor vermelha, com um tecido fino e leve. Mas, botei um casaco preto felpudo por cima, não queria parecer também tão vulgar assim. No rosto, escolhi uma maquiagem leve. Deixei os meus cabelos castanhos soltos, porém bem arrumados. Em seguida, peguei a minha bolsa preta de alça e a segurei no ombro para sair do quarto.

Fui até a recepção do hotel e perguntei sobre restaurantes bons pela proximidade. Já era noite, logo mais era hora do jantar.

Dentre as opções que me foram dadas, escolhi por um em específico. Agradeci à recepcionista e, por meio do celular, solicitei um táxi para me conduzir até o local.

— Chegamos, senhora — Disse o motorista assim que estacionou na frente do restaurante — Qual a forma de pagamento?

— Obrigada, querido — Retirei uma nota de cinquenta e entreguei a ele — Pode ficar com o troco.

Abri a porta do táxi e sai dele. À primeira vista, o lugar era realmente belíssimo. Além disso, não se limitava à beleza do restaurante, mas também à quantidade e a qualidade dos clientes que ele recebia. Pesquisei sobre aquele lugar e vi que apenas pessoas com uma boa renda iam a ele. Desde fazendeiros, donos de propriedades rurais até políticos com posições elevadas. Qual seria a melhor maneira de obter informações, do que se juntando à burguesia?

Entrei no estabelecimento, que estava lotado, mas logo notei uma mesa vazia e fui até ela. Assim que me sento, um garçom apareceu para anotar meu pedido. Pedi uma garrafa de vinho e, para comer, a recomendação do chefe da casa.

Analisei as pessoas ao meu redor, em particular as que se sentavam próximas a mim. Logo comecei a ouvir as conversas que vinham das mesas. Percebi que me sentei ao lado de fazendeiros de prestígio.

Porém, nada de interessante saiu daquelas conversas.

Antes que eu começasse a achar aquilo uma perda de tempo, vi outro homem passando pela porta do restaurante. Logo de cara, foi bem recebido pelas recepcionistas. Vi que era alguém de prestígio, também. Para a minha felicidade, ou infelicidade, restou uma mesa vaga perto de mim. Ele então se sentou nela, acompanhado de uns amigos. Mas… À medida que eu ficava olhando para ele, mais um sentimento estranho foi surgindo no meu corpo, um misto de ódio, dor e saudade. Sei quem ele é! Eu o conheço! É claro! Como não percebi assim que ele entrou? O tempo realmente passou, para todos nós. Mas, para o azar dele, passou melhor para mim. Mas não posso negar que ele ainda é um homem, agora mais velho, bonito. Ele… Seu nome é Saulo. Ele foi o meu primeiro amor, o meu primeiro namorado. Além disso, ele também é o coronel da cidade, como é notado pelo seu distintivo na camisa.

AVENTUREIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora