Capítulo 4

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No quarto dia, estava afundada na cadeira ligando para uma central de atendimento, tentando resolver um problema de fatura errada que tinha chegado para o Sr. Gonzalves, quando Marco entrou apressado no andar e se dirigiu para a sala do seu chefe, só dando uma piscada de olho para a garota.

– Joana! – gritou o chefe assim que o outro entrou na sala.

Daniela levantou rapidamente e correu até a sala.

– O que ele faz aqui que não foi avisado? – disse o homem espumando.

– Eu eu eu... – gaguejou a menina

– Ah Guilherme, pega leve com a garota...

– Onde está a Joana? – falou o homem nervoso vindo em sua direção.

Que diabos de pergunta, ele tem que começar a se acostumar comigo.

– Ela já foi embora – disse para o chefe como em um miado. – Senhor, por favor, me acompanhe – falou se voltando para o Marco que tinha pegado um uísque e estava quase deitado no sofá.

– Quem disse que eu quero que ele vá embora? – falou Sr. Gonzalves ainda bravo.

Agora é oficial, esse homem é um maluco! Mais que diabos! Pensou.

– O que o senhor deseja? – perguntou calmamente.

– Que você vá embora daqui – respondeu ele nervoso se sentando.

Ela saiu irritada da sala, quase aos prantos. Segurou firmemente o choro e se voltou a ligação.

Preciso resolver isso da fatura dele, não vou dar o braço a torcer. Pensou.

Passaram quase 30 minutos, e os dois saíram da sala rindo, como se nada tivesse acontecido.

– Ainda está aí? – perguntou Marco sorrindo para ela. – Quer vir beber conosco, quem sabe o seu chefe cria vergonha na cara e se desculpa com você? – convidou o homem.

Ela arregalou os olhos, arrumou o cabelo atrás da orelha e olhou a expressão de séria que se formou no rosto do Sr. Gonzalves.

– Vamos, Marcos. Deixa ela em paz – disse andando sem olhar para trás.

– Ah qual é irmãozinho, você tem que ser mais legal com seus funcionários. Principalmente uma que fica até tarde para... – parou de falar para olhar o que estava em cima da mesa e viu a fatura do chefe –, ainda mais para ficar brigando com seu cartão de crédito porque você é um bêbado deslavado que nem lembra o que consumiu.

Aquilo foi realmente engraçado, porque Guilherme saiu do elevador e pegou o amigo pelo braço, puxando para junto de si. Como se estivesse muito envergonhado por aquilo tudo. Daniela teve que inutilmente segurar o riso.

Antes da porta do elevador se fechar pode ver a piscada de olho que o Marco deu para ela.

Bom, isso deve significar que eu ainda tenho emprego. Pensou ela.

Dia seguinte chegou cedo, queria preparar tudo e surpreender o chefe. Deixou o escritório impecável, garantiu que nada estivesse errado. Quando ele chegou ele aproveitou, entrou na sala:

– Com licença, senhor Gonzales, o senhor Marco ligou e pediu para que retornasse assim que possível. Gostaria de alguma coisa?

Ele parou, encarando ela. Por um segundo ela viu um sorriso se formando em seu rosto, mas logo sumiu mais rápido do que apareceu.

– Não, e se precisar eu chamo. Não gosto de pessoas intrometidas.

– Sinto muito – respondeu ela sem graça, saindo da sala.

Não consigo agradar esse cara de jeito nenhum.

Quando Joana chegou, foi a primeira pergunta que Daniela fez:

– Como você aguenta a tanto tempo o mal humor dele?

A amiga logo entendeu do que a outra estava falando, sorriu se sentando em uma cadeira e respirou fundo, olhando para um ponto qualquer, como quando nos lembramos de algo.

– Ele nem sempre foi assim, ele costumava ser uma criança doce e um homem bom. Hoje ele está frio, mas eu tenho fé que ele volta a ser como antes.

– Não consigo imaginar ele sendo bom – respondeu a menina segurando o choro.

– Não deixe ele te assustar, ele é assim no começo por que não confia em você. Não deixe que ele te monte e com o tempo você vai conquistar o seu pedaço. Acredito que quando eu for embora será mais fácil para os dois.

– Não sei Joana, – desabafou – acho que a gente nunca vai se dar bem. Ele claramente me detesta.

– Claro que não! Ele gosta de você, só está te testando sempre. Lembre-se da primeira coisa que eu te falei, eles dependem da gente, e temos que ter uma posição, são como crianças que precisam de supervisão.

– Não sei se eu tenho idade para ser mãe de um homem tão grande.

– Pode não ter idade, – respondeu a Joana em modo objetivo que só ela tinha – mas com certeza precisa do dinheiro.

Daniela sorriu pensando que a amiga tinha razão, nada era tão difícil como passar fome ou precisar de dinheiro. Se ele quisesse amaciar ele como quem bate em um pão quando cozinha, que assim fosse. Ela seria o pão mais gostoso e perfeito que todos admirassem.

O casamento sob contratoOnde histórias criam vida. Descubra agora