Capítulo 9

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No serviço ficou esperando o Guilherme vir para conversarem, mas ele faltou sem dar nenhuma notícia ou fazer qualquer tipo de comentário.

No final do expediente ouviu Agatha no telefone falando brava:

– ... eu não quero saber se essa menina é cara ou não, você precisa levar ela para o final de semana ou os investidores vão retirar a oferta.

Ela ficou um tempo quieta e então falou:

– Não acredito que você está namorando de verdade, Guilherme. Mas se você diz fico muito feliz.

Bom, então ele não contou para a Agatha que eu fui a "garota de programa", e pelo menos está agindo como se eu fosse uma mulher descente. Menos mal – pensou.

No dia seguinte, Guilherme entrou na empresa e não falou nada. Trabalhou normalmente e durante alguns momentos ligava e pedia algo para Daniela.

Daniela, venha aqui por favor? – falou em um momento.

Ela foi apreensiva, ele fechou as cortinas como no outro dia e falou com ela.

– Está de pé o final de semana?

– Não sei Guilherme, acho que você está pensando errado de mim.

– Não Daniela, não estou pensando nada de errado. São só negócios, não estou apaixonado por você e sugiro que não fique.

Aquilo foi um balde de água gelada, ela nunca pensou que ele estava apaixonado, e nem tinha isso de esperança. Mas ouvir aquelas palavras por algum motivo machucaram seu coração.

– Não estou falando disso, não sou uma prostituta como essas que você se encontra, Guilherme. Dessas que você ficou transando enquanto eu estava na sua casa.

– Acho que aqui no serviço você deveria me chamar de senhor – falou ele friamente.

Aquilo pegou ela de surpresa, não tinha percebido que continuava chamando ele de Guilherme, parecia mais fácil, mais certo.

– De... desculpe, senhor.

– Ok. Como você disse, eu consigo transar com qualquer prostituta que eu quiser, e vou continuar fazendo o que eu gosto, e você não tem nada com isso. Porém, quero saber se você pode continuar fingindo ser minha namorada nesse final de semana. Porque se não pode então acabamos por aqui.

– Está dizendo que vai me demitir?

– Não seja idiota, – respondeu ele – só não teremos mais esse acordo irritante. Olha aqui, eu odeio isso tanto quanto você, mas preciso saber se você vai cumprir com o seu papel ou terei que resolver esse problema de outra forma.

Por que ele está falando assim comigo?

– Cla... claro – respondeu. Aquelas palavras magoavam demais.

– Ótimo, por favor faça as reservas. Vamos amanhã na hora do almoço. E em voos separados por favor, sugiro que reserve quartos separados, mas ambos com cama de casal. Você está proibida de levar qualquer outro homem para seu quarto, pois não quero que pensem que eu sou corno, ou que nosso relacionamento não é sério.

Que tipo de mulher ele acha que eu sou? Vou sair transando com qualquer um do hotel.

Ele se levantou e como quem não se preocupava ou ligava, fez sinal para ela sair da sala.

Ela sentiu um nó na garganta, queria gritar com ele, queria entender que tipo de jogo era aquele. Ontem ele fez como quem estivesse interessado, apaixonado. Mas, logo demonstrou que era um homem ruim, uma pessoa que não tinha sentimentos, que não a amava.

– Você precisa de mais alguma coisa? – perguntou ele sem dirigir o olhar para ela, já sentado em sua cadeira.

– Sim, – falou ela por um segundo de coragem, mas quando ele olhou friamente em seus olhos, pensou melhor – Não, não, desculpe, senhor.

Levantou da cadeira como em um salto, pensando:

Que homem odioso, queria xingar ele, queria bater nele, porque diabos ele está fazendo isso. E porque eu estou concordando com isso?

Mas a verdade, é que ela tinha raiva dele por estar confusa, não sabia ao certo o que estava sentindo, e essa ausência de informações e de conversa irritavam ela profundamente.

Sentou em sua mesa e organizou tudo para a viagem, precisava deixar os dois em quartos separados, mas próximos, caso tivesse qualquer problema com os investidores.

Depois que organizou tudo, parou um pouco, respirou fundo, segurou o choro e arrumou as coisas para ir embora. Faziam uns 30 minutos que ele tinha saído, sem sequer se despedir.

No dia seguinte, iria fazer a primeira viagem de negócios com a empresa, e não era da forma que esperava. Tinha esperanças que seria uma viagem para melhorar sua carreira profissional, para aparecer melhor no serviço, porém, essa era uma oportunidade para melhorar sua carreira de acompanhante e não de outra coisa.

O casamento sob contratoOnde histórias criam vida. Descubra agora