Se alguém um dia me falasse que eu iria trabalhar no palácio real, eu com certeza iria rir na cara da pessoa. Mas parece que alguém lá em cima tinha um grande senso de humor.
Daqui de cima da colina podia ver o palácio perfeitamente, e não podia deixar de admirar sua beleza. O pôr do sol dava ainda mais beleza com a luz refletindo nas vidraças, e as luzes de dentro aparencendo.
Olhei pra minha roupa para conferir se estava tudo de acordo.
• Meu vestido rasgado em algumas partes para dar a impressão de que em algum momento devo ter caído e me machucado, confere.
• Meu cabelo desgrenhado com algumas folhas e gravetos grudados, confere.
• Um sapato perdido, confere.
• E finalmente alguns machucados e arranhões nos braços, confere.Sim, eu tive que me arranhar de verdade.
— Bom, lá vamos nós - disse e sai em disparada.
Corri como se minha vida dependesse disso e conforme ia descendo a colina, ia ganhando velocidade e por um momento me senti livre, como se nada mais pudesse me segurar.
Logo senti as coxas queimando e meu pulmão ardendo, mas me obriguei a continuar. Até por que, tinha que passar a impressão de que estava sendo perseguida e chegar caminhando não enganaria ninguém.
Quando já estava mais próxima do muro do palácio começei a gritar por socorro, ouvi uma resposta de cima da torre de vigilância.
— Quem é você e o que quer? - a voz era grave e desconfiada, o que eu não podia tirar a razão, seria um idiota para não desconfiar de mim.
— Socorro, estou sendo perseguida - disse ofegante.
— Aqui não é um abrigo senhorita, muito menos uma delegacia.
— Se eu for à outro lugar eles me matam, por favor, me deixem entrar - tentei fazer a minha voz parecer o mais aflita possível, apesar de o fato de eu estar ofegante ajudar um pouco — Eu só peço abrigo apenas por uma noite, por favor!
Fiquei olhando pra trás afim de encontrar alguém vindo, mesmo sabendo que se estivesse mesmo sendo perseguida, ladrão algum se arriscaria a se aproximar do palácio.
— Qual o seu nome? - disse uma voz diferente, com certeza o guarda de antes chamou alguém para decidir se deveria abrir para uma desconhecida ou não.
— Pauline - dei uma pausa e disse mais firme — Pauline Baker.
Eles fizeram silêncio por um momento e então ouvi o portão ranger e começar a se abrir, devem ter pensado que uma mulher não seria uma ameaça para ninguém.
Tolos.
Assim que o portão abriu uma brecha suficiente para eu passar sou surpreendida por dois guardas apontando suas espadas para mim.
Não que eu já não esperasse por isso, mas tentei aparentar surpresa. Seria fácil derrubá-los, mas não queria causar confusão, ainda não.
— Como disse que se chamava senhorita? - disse o guarda da esquerda, este parecia um porco espinho. Gordinho e com o cabelo arrepiado.
— Pauline Baker, senhor - disse tentando permanecer o mais imóvel possível.
— A senhorita disse que estava sendo perseguida - disse o guarda da direita, já ele parecia um graveto. Tão magro que eu suspeitava se ele precisava fazer força para segurar a espada.
— Isso mesmo senhor, estava voltando da casa de minha senhora e fui abordada por ladrões de estrada.
— Mas eles não perseguiriam a senhorita depois de roubá-la - disse o porco espinho desconfiado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Greenwood - Nem tudo é o que parece ser. [CONCLUÍDO]
RomanceKate Haylock recebe uma missão e ela tem um prazo de três semanas para cumpri-la. Até então ela nunca deixou de cumprir suas missões, mas será que isso poderá mudar? Mal sabe Kate que essa missão poderá mudar sua vida para sempre, pois tudo que ela...