Capítulo 12

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Três anos a atrás...

Você me decepcionou Kate.

Estava sentada na única cadeira de seu escritório apertado e fedido, enquanto ele passeava ao meu redor me deixando ainda mais nervosa.

Não te treinei para falhar, gastei dinheiro e meu tempo com você e é assim que você me retribui?

Eu não conseguia falar. Parecia que minha língua pesava como se no lugar  tivesse uma pedra.

Ele procurou meu olhar, mas não conseguia sustentá-lo.

Me sentia estúpida.

Perdeu a língua? Agora você sente vergonha do que fez? - disse Edgar parando em minha frente.

Eu...

Não era tão difícil assim, era só chegar lá e matar o seu alvo.

Seus alvos você quis dizer.

Como se matar alguns a mais fizesse alguma diferença - Edgar começou a andar novamente e parou atrás de mim.

Era uma família inteira, duas crianças e um adolescente junto com seus pais - não consegui manter minha voz firme a deixando trêmula.

Eu matava pessoas? Matava, e normalmente não sentia tanto remorso. Mas ao ver aquela família... Não consegui.

Me pergunto o que aquela família teria feito de tão grave para alguém querer vê-los mortos.

Agora você ficou sensível? - Edgar mal conseguiu segurar o riso soltando assim uma gargalhada — Ah minha querida Kate - colocando as mãos em meus ombros ele me virou para trás para ficar de frente para ele — Você não ficou assim quando matou aquele senhor idoso, como se chamava? Sr. Halford.

Mas...

Ou aquela senhora que estava grávida, você não pensou duas vezes não é mesmo?

Ela era adúltera e uma pessoa má.

E qual desculpa você achou para o velho que matou?

Descobri que ele era pedófilo.

Soltando meus ombros bruscamente, Edgar foi para cima de mim e me bateu no rosto com tanta força que cai no chão.

Coloquei minha mão onde ele havia batido e agora ardia.

Você estava brincando de heroína o tempo todo? - ele soltou uma gargalhada — Brincando de Deus e matando somente quem merecesse?

De repente seu olhar mudou e ele se aproximou de mim tão rápido que me assustei.

De todos os trabalhos que você pegou, se você deu uma de heroína e deixou alguém vivo por misericórdia eu... - disse segurando meu rosto próximo do seu.

Não, eu buscava até achar alguma coisa que me dava motivos para fazer.

E por que não matou aquela família? - soltando meu rosto, Edgar foi até a mesa onde havia deixado seu uísque quando entrei.

Não consegui condenar uma família inteira - olhei para o carpete imundo onde eu estava.

Mal sabia Edgar que as vezes sonhava com as pessoas que matava, mas não com tanta frequência como antes.

Você poderia ter evitado tudo isso pequena Kate.

Co-como assim?

Antes mesmo que eu terminasse de falar, dois garotos entraram no escritório e me pegaram do chão.

Greenwood - Nem tudo é o que parece ser. [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora