Capítulo 18

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Tecnicamente essa seria minha última semana, minha última oportunidade para matar o rei.

Mas a cada dia mais e mais perguntas surgiam em minha mente.

Quem havia me mandado aqui? Quem se beneficiária com a morte do rei? Algum monarca? Ou será que seria apenas por vingança?

Também pensei muito sobre o que o rei falou, Edgar me mandaria aqui para matá-lo? Mas o que ele ganharia em troca?

Agora vejo o quão pouco eu o conhecia.

Com Edgar morto me pergunto onde Cristhian estaria. Eu falava dele ser muito previsível, mas dessa vez ele realmente me surpreendeu.

Não que eu estivesse com medo dele, mas não saber onde a pessoa que me quer morta está é um pouco apreensivo.

— Pauline!

— O quê?

Virei para onde tinha vindo o som e levei um momento para me lembrar de onde estava.

Olhei em volta e reconheci o quarto azul de Clara, fui olhando até meu olhar encontrar o franzido dela.

— Você está bem?

— Eu... Estou sim, alteza.

— Eu já falei que pode me chamar apenas de Clara quando estivermos sozinhas - ela desceu do banquinho em que estava em cima de frente para o espelho.

Agora me lembrei, estavamos ajustando seu vestido para o baile do rei amanhã.

Sra. Vivian já estava ficando brava pela princesa ficar se mexendo tanto e as vezes lhe dava picadas com a agulha de propósito. E quando Clara desceu a senhora em questão bufou.

— Clara o baile é amanhã, preciso terminar isso agora - Sra. Vivian bateu o pé para enfatizar sua urgência.

O vestido em questão era azul claro - um pouco óbvio né - que descia certo em seu corpo com um decote sugestivo, mas que a deixava com um ar majestoso.

O vestido já parecia ser um desafio suficiente para ainda ter que aturar uma pessoa que não parava de se mexer dentro dele.

— Oh claro - quando já estava em cima do banquinho outra vez encontrou meu olhar novamente no espelho — Eu sinto muito pela morte tão repentina de seu tio Pauline, sei como é perder alguém importante.

— Obrigada, Clara.

— Mas tem algo a mais ai - Clara colocou uma mão no queixo e me analisou de cima a baixo, logo depois soltou um gritinho — Você está apaixonada!

— Quê, quero dizer, perdão?

Apaixonada? De onde será que ela tirou isso? Não poderia estar apaixonada. Será que estou doente?

— Você está apaixonada, noto um brilho diferente em seu olhar - um sorriso começou a nascer nos lábios de Clara.

— Deve ser lágrimas, como sabe meu tio morreu e eu estou bem triste sabe - mas que mentira deslavada Kate.

— Não não, sei que está triste, mas esse brilho em você não é de tristeza. Quem é?

— Quem é o que? - disse começando a dobrar as roupas jogadas no chão para ter algo em que mexer.

— Quem é o homem por quem está apaixona... Ai - esfregou a cintura e olhou feio para Sra. Vivian — Bom se não vai me contar irei tentar adivinhar, será que é alguém que conheço? - coçou o queixo pensativa— Seria o ajudante do cozinheiro? Ele é bem bonitinho - neguei — Seria o Raphael? Sabe o capitão da guarda - que eu matei.

"— Tudo bem, ele é um pouco mais velho que você, mas amor não tem idade não é mesmo? - neguei novamente com pesar — E aquele guarda que foi seu par? Como é mesmo o nome dele? Aah sim, Sr. Henry - disse levantando as sobrancelhas nos fazendo rir, mas neguei novamente. Ficando séria continuou — Seria o guarda que chegou logo depois de você? Sr. Baldrick? - Cristhian? Quase explodi em gargalhadas, mas me segurei e apenas neguei — Assim fica difícil né Pauline."

— Clara...

— É o Joshua? - disse me olhando com curiosidade, quando lembrei de negar já era tarde demais — Interessante...

— Pronto Clara, agora por favor tire o vestido para não rasgá-lo e depressa - disse Sra. Vivian a interrompendo.

— Claro - descendo do banquinho Clara me deu uma olhada e depois se dirigiu ao seu quarto de vestir.

"Obrigada" disse com os lábios para Sra. Vivian que respondeu apenas com um gesto mostrando que não tinha sido nada.

***

— Boa noite, vossa majestade.

Rei Maxwell virou a cabeça em minha direção e abriu os olhos. Quando me viu, levantou assustado sentando na cama e colocou uma mão sobre o coração.

Acho que o assustei - pensei com um sorriso.

Estava sentada na ponta de sua cama de pernas cruzadas e virada para ele, já fazia alguns minutos, simplesmente o observando dormir.

Bizarro? Talvez.

— Santo Deus mulher, você quase me matou do coração - ainda com a mão no coração, rei Maxwell respirou fundo e tentou controlar a respiração. Ele sabia que não estava aqui para matá-lo, mas mesmo assim ficou assustado.

E quem não ficaria? De repente você acorda e vê uma garota de dezessete anos, simplesmente sentada na sua cama te observando.

— Se eu soubesse que seria assim tão fácil teria feito isso antes - disse dando um suspiro exageradamente cansado.

— Engraçadinha - com a respiração já acalmada, se encostou nos travesseiros e cruzou os braços em frente ao peito. Não tentou esconder seu peito nu e também não fiquei constrangida — Como conseguiu entrar aqui?

— Não irei revelar, mas darei uma dica, tem uma pequena falha na patrulha.

— Imaginei, mas como sabia que eu estava sozinho? Blair poderia... Aah esqueça, você já deve saber a rotina desse castelo inteiro.

— Sim.

— Imagino que esteja aqui para finalmente aceitar minha proposta - continuou me olhando e vendo se me intimidava, coitado.

— Sim.

— E o que a fez mudar de idéia?

— O senhor já deve saber que Edgar está morto. Foi envenedado.

— Sim, e eu sinto muito por sua perda...

— Não sinta, ele não era uma boa pessoa.

— Sim, eu sei - nos encaramos por um breve momento e quando eu iria perguntar como ele o conheceu, o rei mudou de assunto — Como agora você está trabalhando para mim terá um salário, mas minha confiança terá que ganhá-la aos poucos, até porque, a vida da minha filha está em suas mãos.

— Sim vossa majestade.

— E Kate, por favor, nunca mais entre no meu quarto assim sorrateiramente.

Com um sorriso lento nos lábios, respondi: — Como quiser, vossa majestade.

Greenwood - Nem tudo é o que parece ser. [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora