Capítulo 16

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Tabom, nem tudo é o que parece ser.

Estava pensando que durante a viagem inteira Joshua iria ficar em cima de mim me pertubando e tentando se aproximar novamente.

Parece que me enganei.

Assim que acordamos Joshua agiu como se nada tivesse acontecido. Simplesmente levantou, pisou nos galhos da fogueira para garantir que estivesse apagada, comeu e deu água e frutas para seu cavalo.

Se ele estava bravo por eu não ter me atirado em seus braços e agora fazia o jogo do silêncio, era melhor ele saber que eu sou campeã nesse jogo.

***

Estavamos quase chegando em nosso destino quando parei o cavalo e sinalizei para Joshua seguir meu exemplo e desmontar.

— Precisamos conversar - disse amarrando as rédeas do cavalo em uma árvore e me virando para ele — Estamos quase chegando e creio que não lhe contei nada sobre meu tio.

Joshua simplemente cruzou os braços e continuou me olhando. Ótimo, ele não iria colaborar.

— Meu tio é um homem... Difícil, ele não é lá muito amigável. Sua casa é grande e nela moram algumas pessoas que trabalham com ele, não me pergunte com o que, pois eu também não sei - a mentira deixava um gosto azedo em minha boca — Vou apresentá-lo como um criado pessoal que o rei me abrigou a trazer junto, por favor, mantenha seu olhar baixo e só fale se alguém falar com você. Você entendeu?

— Você fala como se ele fosse um monstro, Pauline ele te criou não foi? - Joshua franziu as sobrancelhas.

Com um olhar sombrio respondi: — Sim, mas eu nunca disse que era grata por isso.

***

— Jony, como é bom revê-lo - disse com um sorriso sincero estampado em meu rosto.

Jonathan tinha seis anos quando chegou aqui depois que sua familia o havia desertado por ser gago - como se isso fosse a maior imperfeição que poderia existir.

Sua família era muito supersticiosa e acreditava que a gagueira de Jonathan - que não era mais considerado como parte da família - era uma praga que deveria ser eliminada rapidamente. Encontrei ele em uma de minhas missões e algo dentro de mim não permitiu deixá-lo para trás.

Claro, Edgar pirou quando entrei pelos portões de sua casa com Jonathan à tiracolo. Mas deixei claro que se Jonathan fosse embora, eu também iria.

Conclusão, ele teve que nos engolir.

Isso foi há um ano.

Abracei Jonathan forte e não pude deixar de lembrar de tudo o que havíamos passado. Ele era um garotinho magrinho de cabelos loiros e olhos claros de cor tão azul que eram quase cinza, bem raro de se encontrar. Poderia dizer que de todos que moravam aqui, ele era o único com quem eu me importava.

— K-kate - disse Jonathan quase pulando de alegria. Sua gagueira havia melhorado de certa forma, ele gaguejava mais quando estava nervoso, com medo ou qualquer outra emoção forte — V-você volt-tou, terminou a mi-miss...

— Senti tanto sua falta - interrompi-o antes que dissesse algo comprometedor perto de Joshua — Você sabe se Cristhian está aqui? - comecei a passar a mão por seus cabelos loiros rebeldes.

— Ele c-chegou a-aqui ontem e f-foi embora à uma hora, você tro-trouxe algum doce pra mim? - Jonathan começou a pular e me puxar para dentro.

Não consegui segurar e acabei soltando uma gargalhada.

— Calma pulguinha, conversaremos mais tarde tabom? Poderia chamar Edgar para mim? Diga que estamos na ala leste.

Greenwood - Nem tudo é o que parece ser. [CONCLUÍDO] Onde histórias criam vida. Descubra agora